segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Frelimo diz que nunca recebeu convite da Renamo para discutir revisão da Constituição moçambicana



A líder da maioria parlamentar da Frelimo disse nunca ter recebido um convite da Renamo para discutir a revisão pontual da Constituição moçambicana, cuja proposta, por iniciativa do maior partido de oposição, foi hoje rejeitada na Assembleia da República.

"Esperávamos receber um convite da bancada parlamentar da Renamo para nos debruçarmos sobre esta matéria", afirmou hoje no parlamento a chefe da bancada da Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique), Margarida Talapa, sugerindo que na próxima sessão plenária seja criada uma comissão "ad hoc" para a revisão geral da Constituição.

A maioria da Frelimo chumbou hoje na Assembleia da República o projeto de revisão pontual da Constituição da República, submetida pela Renamo (Resistência Nacional Moçambicana), que pretendia transformar seis províncias do país em autarquias.

Através desse projeto, o principal partido de oposição pretendia governar nas seis províncias moçambicanas onde reivindica vitória nas eleições gerais de 15 de outubro do ano passado, cujos resultados oficiais não reconhece.

Segundo Margarida Talapa, "a bancada parlamentar da Frelimo não está contra a revisão e, na próxima sessão ordinária, que seja criada uma comissão 'ad hoc' para a revisão global da Constituição da República", sugeriu, destacando a importância do diálogo e da paz.

"O que assistimos até agora é que alguns continuam a pensar que com armas na mão conseguirão alcançar os seus objetivos", acusou a líder parlamentar da maioria.

Por seu turno, a chefe da bancada da Renamo, Ivone Soares, considerou que a rejeição do projeto é uma estratégia da Frelimo para empurrar o principal partido de oposição para a guerra e negar ao povo o direito de ser governado por quem supostamente ganhou as eleições.

"Chumbaram tudo e agora qual é a vossa saída?" - questionou Ivone Soares, acusando a Frelimo de se comportar como "dona do país".

Antes da votação, Eduardo Namburete, deputado da Renamo, disse na sessão plenária da AR que a rejeição da revisão pontual da Constituição da República podia empurrar o país para a confrontação e que o documento era um caminho para estabilidade política e militar.

Por seu turno, o Movimento Democrático de Moçambique (MDM), através de Geraldo Carvalho, deputado do segundo maior partido de oposição, defendeu o voto favorável com o argumento de que o projeto da Renamo era um meio-termo entre o legalismo absoluto da Frelimo e a pressão militar que tem sido exercida pelo principal partido de oposição.

"O MDM sempre defendeu e continua a defender a eleição dos governadores provinciais", realçou Carvalho.

Com a votação de hoje, é a segunda vez que a proposta de criação de autarquias provinciais da Renamo é rejeitada pela Assembleia da República, dado que o órgão chumbou em abril uma lei prevendo a criação dessas novas figuras administrativas.

O principal partido de oposição defende que a introdução de autarquias provinciais é a única forma de se acabar com a crise provocada pela rejeição da Renamo dos resultados eleitorais de 15 de outubro do ano passado, ganhas oficialmente pela Frelimo.

Moçambique tem vindo a registar episódios de confrontação militar entre Governo e Renamo, cujo presidente, Afonso Dhlakama, não é visto em público desde 09 de outubro, após um cerco à sua residência na Beira, numa operação policial de recolha de armamento em posse da guarda do líder da oposição.

Na última legislatura, encerrada no final do ano passado, a Assembleia da República criou uma comissão "ad hoc" para a revisão geral da Constituição, mas o grupo de trabalho acabou por não apresentar nenhuma proposta, remetendo a questão para o atual parlamento.

HB (PMA) // PJA – Lusa

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