Mais
inclusão de grupos sociais afastados do poder e maior descentralização de
Maputo para as regiões: esta é a receita do politólogo moçambicano João Pereira
para resolver a persistente conflitualidade social.
O sistema político precisa
de uma “revisão” e este é “o momento ideal” para o fazer. Porque é durante as
crises que surgem as grandes mudanças.
“O
processo da reconciliação falhou em Moçambique e faltaram plataformas práticas
de ambas as partes. Este é o momento ideal para uma revisão”, afirmou o
professor universitário moçambicano, citado pelo jornal Correio da Manhã.
Pereira defende um modelo que atribua autonomias às regiões, nas decisões
políticas, sociais e económicas.
Moçambique
volta a estar mergulhado numa crise política, com registo de confrontos
militares entre o exército e o braço armado da Renamo. Paralel amente, a
situação económica e financeira tem vindo a degradar-se.
De
acordo com o Africa Monitor Intelligence, as dificuldades económicas resultam
de uma diminuição drástica do investimento privado, pequeno e médio em
particular; a causa é sobretudo um ambiente de negócios adverso, devido à
ausência de reformas nos últimos anos. Em segundo plano estão as tensões
político-militares com a Renamo.
Em
declarações ao Correio da Manhã, João Pereira defende que o sistema político
moçambicano “está esgotado”, 25 anos após a aprovação da primeira Constituição multipartidária.
A centralização do poder é o principal problema da democracia no país, a par da
exclusão de algumas elites políticas. É a receita para o descontentamento
popular.
“A
nossa grande falha durante este período foi o facto de que não houve um
projecto político realmente colectivo”, disse Pereira. A exclusão e a
disparidade nos níveis de vida dos moçambicanos são elementos cada vez mais
visíveis, defende. O país não pode continuar “com este sistema em que tudo é
decidido em Maputo, Moçambique não é só Maputo”.
As
dificuldades económicas ameaçam fazer-se sentir cada vez mais no dia-a-dia dos
moçambicanos. A desvalorização acentuada do metical nos últimos meses pode vir
a traduzir-se no encarecimento de bens essenciais.
África
Monitor
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