Acabei
de ouvir numa televisão portuguesa um ministro português dizer algo como “(…)
têm de “setocar” (…)”. Como reconheço, sempre que isso o exija, a minha
ignorância e o meu desconhecimento de muitas palavras e expressões portuguesas
tentei procurar nuns dicionários (por acaso dois e bem reconhecidos) o que
quereria dizer aquela palavra sublinhada. Nada! Népia! Nothing (como está na
moda…)!
Bom,
se os dicionários não me ajudam, bota lá uma ida ao “sabe tudo”: o Google.
Surpresa, também não conhecia esta palavra.
Bolas
se um ministro, um membro responsável governativo e representante nacional (de
qualquer que seja o país) perante os jornalistas e em representação do seu país
(ou de outro qualquer, neste caso, era português) envia para o éter esta
palavra é porque existe; não será?
Mas
como o Google quando não reconhece alguma palavra dá-nos sempre uma pista, fiquei
a aguardar; poderia ser um brasileirismo. Como se sabe os brasileiros, nós
agora também usamos muito deste exagero, usam muitos estrangeirismos,
principalmente anglicismos, para mostrar, penso eu – talvez esteja errado –,
alguma sabedoria intelectual utilizando-as como expressões de português, de uso
corrente. Isto quando não usam mesmo palavras estrangeiras nos seus vocábulos.
Ora
o Google também me esclareceu… NADA! Ainda avançou se eu não quereria dizer…
«Stock»? Coitados dos ianques, tipo “português”, ficaram bué malucos!
Pois,
é que uma coisa será adoptar como nossas, palavras que não existiriam no léxico
português; outra é havê-las e usar com denodo um estrangeirismo. Nos primeiros
casos, estava a recordar de “abat-jour” “anorak”, “atelier”, “ayatollah”
“badminton”, “ballet”, “barman”, “blog”, “cartoon”, “donut”, “doping”,
“dossier”, “dumping”, “eau-de-toilette”, “fair-play”, “gulag”, “self-service”,
“sexy”, “soutien” e muitas e muitas dezenas de palavras nas mesmas condições. A
maioria manteve a palavra de origem, outras foram aportuguesadas.
Para
o segundo caso, estava a recordar de uma, actualmente muito em voga nas cidades
e na comunicação social brasileiras, o “impeachment”! Palavra que, por acaso,
tem dupla tradução em português. Uma de raiz brasileira (cassação) e duas de
raiz continental (destituição ou impugnação). Mas é mais intelectual dizer um
estrangeirismo!
Os
portugueses têm uma dupla expressão para estes pseudo-intelectuais: parolice!
E
nós gostando muito de mostrarmos essa vertente pseudo-intectual brasileira –
adoptada em muitas telenovelas que se veem no burgo – estamos a copiar
desenfreadamente os estrangeirismos. É bué curtido!
Ora
aqui (ou será aki? – com sms ou restrições métricas por causa do Twitter, por
vezes já nem sei como se escreve português) está uma palavra nossa adoptada
pelos brasileiros exportada para Portugal, v ia telenovelas brasileiras e
considerada como brasileira, e recuperada por nós pela mesma via! Bué!!!
Temos
um riquíssimo léxico nas nossas línguas nacionais para usarmos sem parcimónia
em frases de vocabulário português. Se de facto o temos, e nas nossas mais
variadas línguas nacionais, porquê usarmos anglicismos, galicismos ou, mesmo,
castelhismos (ou espanholismos – falam castelhano e não, como erradamente se
costuma dizer, espanhol)?
Está
tudo “Malaique” ou como dizem os nossos Kotas sobre estes pseudo-intelectuais:
Ãhi! Anjalumba! (do umbundo: Irra! Vaidade!)
E
porque estamos na época tenham todos Bué Festas Felizes e um Nice Merry Xtmas.
Upps. Desculpem estava a escrever e ver um site (upsss… portal) brasileiro e
fui numa wave bué flat (uppsss… desculpem, numa calma onda)!
Na
realidade o que queria dizer e escrever era que desejo a todos os funcionários,
colaboradores e leitores do Novo Jornal, um Feliz Natal e um Ano Novo 2016, se
não melhor – o que se espera e deseja sempre –, pelo menos que não seja pior.
A
todos, Bué Festas Felizes!
*Investigador
e Pós-doutorando
Publicado no semanário Novo Jornal, edição 412, de 23 de Dezembro de 2015, página 19 (1º caderno)
**Eugénio
Costa Almeida – Pululu -
Página de um lusofónico angolano-português, licenciado e mestre em
Relações Internacionais e Doutorado em Ciências Sociais - ramo
Relações Internacionais -; nele poderão aceder a ensaios académicos e artigos
de opinião, relacionados com a actividade académica, social e associativa.
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