Todos
recordamos que nos meses que precederam as eleições de 4 de outubro, o Governo,
o PSD e o CDS gritavam aos quatro ventos que a crise estava ultrapassada,
apresentando diversos indicadores que "demonstravam" esse
"facto".
O
desemprego estava em queda. O défice iria ser de 2,7%. O aumento da receita
fiscal ia permitir a devolução de grande parte da sobretaxa sobre o IRS. O
Serviço Nacional de Saúde estava cada vez mais eficiente. O Banif não ia ser um
problema.
Nem
três meses passados das eleições (dois dos quais com governos PSD/CDS), a
verdade aí está, nua e crua. O desemprego aumentou, sendo evidente que muitos
despedimentos coletivos de grandes dimensões foram adiados pelas entidades
patronais para depois das eleições - contributo do patronato para a grande
farsa da "recuperação económica".
A
meta dos 2,7% do défice não será cumprida, sendo que a sua diminuição se deve
ao "colossal" aumento de impostos e menos à despesa. E, como pudemos
ver pelo caso da trágica morte de um jovem no Hospital de S. José porque não
havia neurocirurgiões ao fim de semana, os cortes na despesa (e não apenas no
SNS) foram mais na farinha do que no farelo (como referi numa avaliação que no
JN fazia aos governantes, Nuno Crato, na destruição da escola pública,
comportava-se como um elefante em loja de porcelanas, enquanto Paulo Macedo, na
destruição do SNS, trabalhava com pezinhos de lã - mas os resultados eram os
mesmos e estão à vista!...).
A
prometida grande devolução da sobretaxa do IRS passou para 0% com a mesma
rapidez com que o dia 4 de outubro ia ficando para trás.
O
Banif passou a representar um custo para os contribuintes de 3 mil milhões de
euros. Numa solução em que, mais uma vez, os lucros ficam com os acionistas e
os prejuízos com o Estado! (Perante este descalabro do setor bancário, não é,
no mínimo, razoável que se discuta o controlo público da Banca?). Ou seja,
aqueles que ainda se referem como "legítimos" herdeiros do direito de
governar e que se sentem usurpados nesse direito não conseguem enxergar quão
ilegítimas foram as mentiras com que tentaram enganar as pessoas.
Mas
a farsa continua e, agora, é Marcelo Rebelo de Sousa, que tão bem defendeu o
Governo da coligação PSD/CDS durante os últimos quatro anos, que, com ar
compungido (mas espírito de abutre), vai ao Hospital de S. José dizer que não é
"bom princípio" fazer cortes no SNS...
Por
isso desejo que, em 2016, se continue a castigar os mentirosos.
*Engenheiro
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