Esther
Pineda G - Afropress
Ainda
que a sociedade se caracterize por ser dinâmica, pela constante modificação de
estruturas, instituições e modos interativos, há elementos constantes e
persistentes em uma pluralidade de realidades sociais distintas. Por isso, uma
das principais dificuldades com que nos defrontamos em relação a
desarticulação, erradicação e superação do racismo em nossas sociedades
modernas é seu intricado enraizamento no tecido sóciocultural.
É
frequente questionar sua vigência aduzindo as mudanças manifestas ao largo das
décadas enquanto em outros âmbitos de desenvolvimento social, continuamos
impávidos frente a persistência do racismo e, mais ainda, suas periódicas e
radicalizadas manifestações. A que se deve a continuidade do racismo em nossas
sociedades pluriétnicas e multiculturais?
Em
primeiro lugar encontramos dificuldades para sua superação pelo desconhecimento
do racismo, suas características e manifestações; em algumas oportunidades, podemos
estar discriminando alguém do nosso entorno sem nos darnos conta e sem a
intenção de fazê-lo, pelo fato de que está introjetado em nosso imaginário.
Em
segundo lugar, a superação do racismo tem encontrado obstáculos como
consequência da negação da existênca do racismo e outras formas de
discriminação; enquanto o negarmos não seremos capazes de questioná-lo e,
portanto, desarticulá-lo.
Finalmente,
um dos aspectos que na sociedade contemporânea tem limitado de forma
significativa a erradicação do racismo tem sido o endorracismo, o qual se
estabeleceu como um dos mecanismos mais efetivos de sua manutenção.
O
endorracismo pode ser definido como o racismo desde dentro, quer dizer, uma
autodiscriminação, uma autorrejeição. Quem já foi discriminado por seu pertencimento
étnicorracial, por sua pele e fenótipo aceita ver-se a si mesmo e a seu grupo
social desde o olhar do colonizador, considerando o outro como superior e
assumindo a chamada inferioridade de seu grupo ao qual vai considerar atrasado,
selvagem, incapaz, incivilizado, desprovido de beleza e de capacidades
intelectuais deficientes.
O
sujeito racializado internaliza como própria a discriminação que foi imposta e
se reproduz sobre si, como também sobre aqueles pertencentes a seu grupo étnico
e racial. Esta discriminação, desde o sujeito racializado também conhecido como
endorracismo, vai expressar-se através dos diferentes agentes socializadores,
mas também é fundamentalmente, protagonizada pelos sujeitos nos espaços
cotidianos da vida em comum.
Mas,
como se manifesta o enderrocismo? Se bem que sejam múltiplos e diversos os
cenários e manifestações deste fenômeno, podemos considerar como os mais
recorrentes:
-
o desconhecimento histórico e a negação da herança étnica indígena ou africana;
-
a vergonha estética, a consideração de que o belo é europeu, o que explica a
rejeição da cor da pele, dos traços, evidenciados em casos de pessoas que se
submetem a tratamentos para branqueamento da pele como Michael Jackon, Lil Kim,
Beyonce, mas também no cotidiano mediante o uso de cremes clareadores da pele,
o alisamento do cabelo e procedimentos cirúrgicos de caráter estético com o
objetivo de apagar a herança indígena ou africana;
-
a rejeição a que a descendencia seja de pele escura e traços africanos, pelo
qual se busca melhorar a raça.
Tradução
para o Português: Dojival Vieira
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Depois de Machado de Assis, Proença Filho se torna 1º negro na Academia Brasileira de Letras - http://www.afropress.com/post.asp?id=18658
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