Reginaldo
Silva – Rede Angola, opinião
Temos
para nós que a ideia que se pretende passar quando se fala na necessidade
de regularização das redes sociais é que elas são uma espécie de “território
selvagem” onde vale tudo e mais alguma coisa, incluindo arrancar os olhos do
parceiro numa eventual peleja, sem qualquer tipo de consequências no plano da
responsabilização para o agressor.
Leia-se
da forma mais extensiva possível o conceito subjacente a ideia do que é
arrancar olhos.
Na
verdade, poucos foram os utilizadores destes geniais aplicativos que já
perderam algum do seu tempo a ler com a melhor das suas atenções os padrões que
regulam o funcionamento destas redes, que será o correspondente à linha
editorial dos médias tradicionais.
Até
há alguns dias, e mesmo tendo tido sempre conhecimento da sua existência e
pertinência, o escriba que assina esta crónica também fazia parte dessa imensa
legião de “distraídos” utilizadores.
Tal
como todos os outros, também nós nunca tínhamos tirado alguns minutos do nosso
tempo para olhar com olhos de ver para os padrões da rede que entrou para o
nosso quotidiano há mais de 7 anos.
Uma
entrada triunfal como uma das mais preciosas ferramentas para fazermos o que
mais gostamos na vida que é comunicar, que é partilhar informação, que é
debater ideias, que é dialogar sem as anteriores restrições e barreiras, de que
muitos ainda têm saudades embora agora as mascarem com o medo do novo papão que
é o “www.big brother”.
Não
sabemos se este é que já é o “admirável mundo novo” da comunicação social, mas
que se está a aproximar dele, disso não temos muitas dúvidas.
Os
riscos são grandes e inevitáveis, mas já não haverá mais regresso ao passado.
Esta
rede é o Facebook, tendo desta primeira leitura dos seus manuais internos
resultado uma visão da nossa parte que contraria abertamente todos quantos nos
querem vender a ideia de estarmos diante de um “território selvagem”, quando
estamos a usar uma rede social, pelo que é urgente pôr-se alguma ordem neste
circo.
Um
“território selvagem” concebido e posto “online” pelas empresas que as detêm,
com o objectivo de espalhar a confusão e a discórdia entre as pessoas de uma
forma geral, mas sobretudo para elas utilizarem no âmbito de estratégias
mais subversivas contra os poderes estabelecidos, sejam eles mais ou menos
democráticos.
Passada
e consolidada esta ideia como correspondendo à realidade dos factos e das
intenções das empresas que desenvolveram e exploram actualmente o universo das
redes sociais, onde já há “produtos” para todos os gostos e feitios, o mínimo
que se poderia pedir é a sua regularização, sem nunca pôr em causa a sua grande
e extraordinária utilidade pública.
Nota-se
nesta valorização algum sentido de equilíbrio, mas sobretudo um cuidado com a
sua imagem, por parte das sensibilidades políticas que mais receios alimentam
com o fenómeno, para depois não serem acusadas de estarem a condicionar
direitos.
Pretende-se
assim evitar o primeiro choque com todos aqueles que encaram esta pretensão
regulatória como sendo apenas mais um ataque disfarçado contra o espaço da
liberdade de expressão na Internet e pouco mais.
Aliás,
pelo andar da carruagem é fácil de perceber que também em Angola já é na
Internet/Redes Sociais que agora se está a travar a principal batalha da
informação.
Basicamente,
os protagonistas deste confronto que já tem um vencedor antecipado, são todos
aqueles que ainda não desistiram do projecto centralizador e controlista do
passado e grande parte da nossa sociedade que deixou de acreditar nos médias
estatais e no jornalismo que eles nos oferecem.
E
isto, por mais que os seus principais rostos ainda nos tentem convencer que é
lá que se está a fazer o melhor jornalismo do país.
Qual
país?
O
real ou o virtual?
É
que temos de facto vários países num só, mas nem sempre os vemos na mesma
igualdade de circunstância, que agora as redes sociais vieram permitir, num
verdadeiro passe de mágica que tanto está a assustar e a preocupar.
Como
é evidente, o tortuoso histórico destas sensibilidades no seu relacionamento
com a liberdade de expressão em Angola, acaba por ser um dos maiores trunfos
dos seus críticos na hora do debate contraditório sobre a bondade deste tipo de
preocupações que agora foram colocadas na agenda nacional com toda a prioridade
que se conhece e por força de uma orientação baixada pelo Presidente Eduardo
dos Santos.
Depois
desta primeira leitura, ainda em diagonal, dos padrões da nossa rede,
gostaríamos de deixar aqui bem vincado que não há qualquer falta de regulação
das redes sociais por parte dos seus proprietários.
Antes
pelo contrário.
Do
lado do Facebook há, inclusivamente, toda a disponibilidade do seu “board” em
cooperar para manter a rede segura e eticamente saudável, sem naturalmente pôr
em causa esse bem maior que é a liberdade de expressão que acaba por ser a mãe
de todas as outras liberdades associadas, pois já vimos que de bico calado é
que ninguém vai a lado nenhum.
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