A
suspensão do recenseamento transformou-se no primeiro "caso" da época
eleitoral. Sexta-feira várias mesas estiveram a funcionar na Praia, depois da
Comissão Nacional de Eleições (CNE) ter anunciado o fim da operação um dia
antes, quinta-feira.
A
interpretação do calendário eleitoral está, de resto, no centro da polémica. De
acordo com a CNE, a suspensão da operação de recenseamento deveria acontecer às
24 horas do dia 14 de Janeiro. Acontece que o presidente da Comissão
Regional Eleitoral da Praia, José Barbosa, decidiu contrariar a instrução da
Comissão e manter as mesas de recenseamento abertas o dia 15.
Ouvido
pelos jornalistas, José Barbosa confirma que recebeu indicações da CNE para
suspender o recenseamento no dia 14, mas optou por manter as mesas abertas na
sexta-feira, argumentando que 15 de Janeiro era a data inicialmente divulgada
para o fim da inscrição nos cadernos eleitorais.
"No
momento em que recebi o e-mail, depois das seis da tarde, já tínhamos
distribuídos mais de uma centena de números às pessoas que estavam nas
filas", disse.
"De
uma hora para outra a data mudou e hoje quando chegámos aqui encontrámos um
batalhão de pessoas, a ameaçar levar a comissão a tribunal", acrescentou o
responsável da CRE.
A
decisão foi, então, recensear quem estava à espera, deixando à CNE a última
palavra sobre se aceita ou não as inscrições.
Perante
isto, e após insistência, a presidente da Comissão Nacional de Eleições (CNE)
reagiu, negando que tenha havido qualquer contradição nas informações
divulgadas.
Citada
pela Lusa, Maria do Rosário Pereira sublinhou que o calendário eleitoral
publicado no Boletim Oficial indicava claramente que a suspensão do
recenseamento devia ser efectivada no dia 15 de Janeiro, até 20 de Março.
"Isto
quer dizer que a partir das primeiras horas do 15 de Janeiro seria
suspenso", esclareceu. Quinta-feira, a CNE emitiu uma deliberação
confirmando a suspensão - a mesma que o presidente da CRE Praia garante só ter
visto na sexta-feira de manhã.
"Em
nenhum momento foi dito que o recenseamento seria realizado até 15 de Janeiro,
inclusive", reforçou.
Partidos
reagem
Os
partidos políticos já reagiram à polémica. O Partido Africano para a
Independência de Cabo Verde (PAICV) acusou ontem, em conferência de imprensa, o
presidente da CRE da capital de recensear eleitores à revelia da lei.
Em
sentido contrário, o Movimento para a Democracia (MpD) considerou que os
cabo-verdianos "estavam cientes que o encerramento do processo de
recenseamento terminaria dia 15 e não dia 14".
No
mesmo sentido do MpD, a UCID, por intermédio do deputado João Luís, mostrou o
seu desagrado com a suspensão do recenseamento no final do dia 14.
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