O
consumo de drogas em Moçambique é a terceira causa de perturbações mentais, que
afetam 3,4 % da população, disse à Lusa fonte do Ministério da Saúde, que
admite a falta de centros de reabilitação de toxicodependentes.
"As
drogas continuam a ser a terceira causa das doenças mentais no nosso
país", disse, em entrevista à Lusa, a chefe do Departamento de Saúde
Mental do Ministério da Saúde, Lídia Gouveia, lamentando o facto de os níveis
de consumo de drogas entre as camadas mais jovens estar a aumentar no país.
Quando
mais de 3,4 % da população sofre de psicoses em todo o país, Lídia Gouveia
considerou que o país precisa de centros de reabilitação para
toxicodependentes, assentes em infraestruturas que disponham de recursos
técnicos e financeiros para assistir doentes mentais, em particular.
"Na
maioria dos casos, os familiares têm receio de levar os dependentes aos centros
psiquiátricos, alegando que eles não são doentes mentais", afirmou a
médica, justificando, por isso, a necessidade de se instalar "pelo menos
um centro de reabilitação de toxicodependentes" em Moçambique.
Atualmente,
o país conta com seis centros para assistência de doentes mentais, integrados
num Serviço Nacional de Saúde (SNS) composto apenas por 373 profissionais da
área mental, entre psicólogos, terapeutas ocupacionais e psiquiatras, num país
com mais de 24 milhões habitantes, dos quais 1,6% da população sofre de atraso
mental.
Lídia
Gouveia apontou a epilepsia e a esquizofrenia como os principais diagnósticos
nos últimos tempos em Moçambique, destacando, a título de exemplo, que a maior
parte das mais de 70 mil consultas psiquiátricas de 2014 apresentaram sintomas
relacionados a estas duas doenças.
"A
epilepsia, por exemplo, é uma outra doença que nos preocupa bastante",
admitiu a médica, acrescentando que, tal como a toxicodependência, na maioria
dos casos, os familiares do doente têm vergonha de apresentá-lo nos centros
psiquiátricos.
A
epilepsia afeta cerca de 3,11 % da população moçambicana e, embora em muitos
países seja separada das doenças mentais, em Moçambique é tratada pelo
Departamento de Saúde Mental do Ministério da Saúde.
Além
de tratar epilépticos, esquizofrénicos e toxicodependentes, o Departamento de
Saúde Mental assiste também pessoas com doenças afetivas, casos de depressões,
causa da maioria dos suicídios no país.
"Por
exemplo, estamos agora a assistir pessoas com SIDA, que enfrentam estigma, e
também fazemos assistência a mulheres que sofreram traumas devido à violência
domestica", salientou Lídia Gouveia, acrescentando que um dos principais
desafios do seu elenco é a falta de recursos humanos e financeiros para fazer
face à situação.
EYAC
// PJA - Lusa
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