sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

ALGO DE NOVO ESTÁ A ACONTECER



Baptista-Bastos – Jornal de Negócios, opinião

A luta de classes parece entusiasmar uma nova geração que tem pegado na flâmula de seus pais e continuado uma batalha sem fim.

O Reino Unido permanece, até ver, na União Europeia, com um "estatuto especial". Não se sabe muito bem em que consiste esse "estatuto especial", mas entende-se que o Reino Unido levou a melhor aos "donos" da Europa, após demoradas, delicadas e complexas negociações. Cameron disse que "defendera os interesses dos ingleses" e que pátria é pátria. Impôs-se o poder e um pouco de chantagem política de um grande país, ao contrário do que aconteceu com a Grécia e o Syriza, esmagados pelo espírito de vingança da Alemanha e pela subserviência besunta do que resta do orgulho europeu.

A União Europeia é uma falácia que se desmorona com celeridade porque as bases em que assenta nada têm que ver com a generosa e solidária ideia com que foi sonhada. A Alemanha e a alta finança tomaram conta do assunto quando verificaram no grande negócio que representava um mercado de 600 milhões. Seguiu-se a servidão de uma França que se julgava detentora de alguma coisa, quando nada tinha para oferecer, e a sofreguidão de um capitalismo sem freio e arfante de gula.

Nenhum dos outros países é mais feliz com esta "União" rebocada. Os partidos habituais no mando surgem como serventuários do império, e os seus dirigentes aparentam lacaios de uma imperatriz testuda e dominadora. Recordo, há anos, Merkel quando visitou um dos seus estimados, Pedro Passos Coelho. Tomou uma bica com ele, não chegou a estar duas horas em Lisboa e regressou a Berlim. Parecia uma mandante, em visita ao recanto do império, e Passos, um sicário sem grandeza nem personalidade.

Os partidos tradicionais, em estado de servidão, não contestam, nem recalcitram este poder discricionário. Ainda agora se viu, aqui ao lado, o PSOE mancomunar-se com o Ciudadanos, organização emanada do Partido Popular, para dar continuidade ao estado das coisas que estão. O Podemos, como o Syriza, tentam fender a muralha de interesses e de hegemonias registadas logo após a queda do Muro. O que seria um sinal de liberdade e de democracia transformou-se numa mascarada com as repercussões avassaladoras.

Começar de novo é empolgante, mas tudo se torna fatigante e moroso. Em Portugal, as coisas complicam-se. Porém, a luta de classes parece entusiasmar uma nova geração que tem pegado na flâmula de seus pais e continuado uma batalha sem fim. Há dias, um pobre homem, que trepou a deputado europeu pelo PSD, bolçou umas injúrias contra o Governo português. O tal é produto típico de uma amorfia que encontrou encosto nesta política de facilitismo e subserviência, sem a qual seria difícil aos sicários singrar na vida.


A verdade é que movimentos de intransigência moral e de combate político estão a surgir pela Europa e até nos Estados Unidos. Não se trata de epifenómenos, mas de organizações fundadas num grande entusiasmo e numa percepção nova da ideologia. A comunicação social portuguesa raramente noticia e poucas vezes analisa a natureza profunda destas inquietações. No entanto, algo de novo está a acontecer. 

1 comentário:

Unknown disse...

O mundo gira as coisas mudam tudo se transforma a liberdade sempre vence isso que move o mundo ótima matéria
GRATIS

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