Mariana
Mortágua* - Jornal de Notícias, opinião
Banco
Efisa, diz-lhe alguma coisa? Era o antigo banco de investimentos do BPN e que
está parado desde 2009. Está longe de ser um banco relevante no sistema, mas
tem uma mais-valia: uma licença bancária para operar em Portugal, Moçambique,
Angola e na América Latina, que foi mantida à custa da injeção de dinheiros
públicos, cerca de 52 milhões desde 2014.
Em
julho de 2015, já depois de ter vendido o BPN, o Estado decide vender também o
Banco Efisa, que até aí se encontrava dentro da Parvalorem, o veículo criado
para gerir os restos do BPN. O Efisa é assim entregue à Pivot por 38 milhões de
euros.
Na
altura pouco se sabia da Pivot, a não ser que congregava investidores
angolanos, norte-americanos e portugueses. Ficámos, no entanto, na semana
passada, a conhecer um pouco mais desta história.
Miguel
Relvas, diz-lhe alguma coisa? Foi secretário de Estado da Administração Local
em 2004, altura em que ajudou a Tecnoforma - em que esteve Passos Coelho como
administrador - a montar a fraude dos aeródromos. Mais tarde tornou-se número
dois do primeiro-ministro Passos, e ministro dos Assuntos Parlamentares até
abril de 2013.
Miguel
Relvas já tinha sido consultor do banco de investimento do BPN antes da
nacionalização. Na altura, o deputado e administrador da Kapaconsult (que tinha
como único cliente o Efisa) era crucial para abrir as portas da política e dos
negócios no Brasil.
Em
2012, foi o seu Governo a nomear Francisco Nogueira Leite, ex-administrador da
Tecnoforma com Passos Coelho, para presidente da Parvalorem. Para além de
chamar outros quadros próximos da Tecnoforma, Nogueira Leite manteve homens da
confiança de Oliveira e Costa em lugares críticos da empresa. E foi ele,
enquanto responsável máximo da Parvalorem, a conduzir a venda do Efisa à Pivot
em 2015.
Já
fora do Governo, é Miguel Relvas quem aparece, mais uma vez, a prestar serviços
de consultoria à Pivot. Mas na semana passada o consultor Relvas foi promovido
a acionista, e pede agora ao Banco de Portugal que ateste a sua idoneidade para
ser dono de um banco, o Efisa.
Miguel
Relvas e idoneidade, uma contradição nos termos capaz de arrancar uma boa
gargalhada a qualquer um se não corresse o risco de vir mesmo a ser declarada.
*Deputada
do BE
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