Em
entrevista à TSF, Manuel Caldeira Cabral garante que "não são os níveis de
fiscalidade que dissuadem os grupos internacionais" de investir em
Portugal.
Questionado
pela TSF sobre se o aumento da fiscalidade previsto no Orçamento do Estado para
este ano iria afastar o investimento estrangeiro em Portugal, o ministro da
Economia sublinha que "não vemos estas empresas estarem preocupadas com
mais 0,1 em taxas de imposto, isso é o que não as preocupa. O que as preocupa é
ter condições de trabalho em Portugal".
À
margem do investimento assumido esta quarta-feira em Évora entre a Mecachrome
Aeronáutica e o Estado português, o ministro lembra contudo que "também
não é a fiscalidade que os atrai. O que os atrai é o acesso a boas condições de
trabalho e de competitividade que Portugal pode oferecer". Assim,
"estabilidade, boas infraestruturas e um bom funcionamento da
Economia" é o que procuram as empresas estrangeiras em Portugal.
"Para
estas empresas os custos de contexto tem a ver com a falta de burocracia e
haver uma confiança de que o sistema político e público funciona de uma forma
que não lhes cria maiores entraves, tem a ver com acesso a estruturas tecnológicas
e fornecedores personalizados", conclui Manuel Caldeira Cabral.
O
ministro adianta que "os investidores estão a confiar no país" e na
"capacidade deste Governo alterar o que é o processo de consolidação,
mudando o rumo da austeridade e fazer uma politica que mantém contas públicas
saudáveis mas permite espaço para o investimento privado".
Mecachrome
em Évora
A
Mecachrome Aeronáutica (empresa portuguesa da multinacional francesa
Mecachrome) e o Estado, representado pela Agência para o Investimento e
Comércio Externo de Portugal (AICEP) assinam, esta quarta-feira o contrato de
investimento relativo à fábrica de componentes metálicos para a indústria
aeronáutica que está a ser construída em Évora.
Esta
fábrica tem "incentivos do Estado negociados através da AICEP e outros
baseados no fundos comunitários", revela Manuel Caldeira Cabral.
"Vai
criar em Évora 300 postos de trabalho com um investimento de mais de 30 milhões
nesta primeira fase, que depois pode dar também espaço a um volume
significativo de emprego indireto, através da integração de fornecedores
nacionais", sublinha o ministro da Economia.
Para
o governante, "é um investimento importante numa área onde Portugal está a
tentar ganhar um 'cluster', como é a aeronáutica, porque demonstra a confiança
dos investidores estrangeiros, neste caso de uma empresa francesa no mercado
português e nos trabalhadores portugueses".
Este
"não é o primeiro investimento na área da aeronáutica e não queremos que
seja o último", conclui o ministro.
A
fábrica da Mecachrome está a "nascer" no Parque de Indústria
Aeronáutica de Évora, num investimento de cerca de 30 milhões de euros, e vai
ter uma área de quase 22 mil metros quadrados, dividindo-se a construção em
duas fases, a primeira com 13.500 metros quadrados e a segunda com os restantes
9.300.
O
grupo francês Mecachrome, liderado pelo português Júlio de Sousa, é
especializado na produção de peças de alta precisão para as indústrias
aeronáutica, espacial e automóvel e possui 14 fábricas em cinco países, tendo
como principais clientes a Airbus, Boeing, Embraer, Safran, Porsche, entre
outros.
José
Milheiro – TSF – Foto: José Coelho/Lusa
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