José
Ribeiro, opinião
A
decisão do Presidente José Eduardo dos Santos de abandonar a vida política
activa em 2018 é daqueles acontecimentos da dimensão dos grandes líderes
mundiais. São importantes porque têm um grande significado e um efeito
transformador. O maior significado deste acontecimento é que Angola consolidou
o caminho da estabilidade. Melhor do que ninguém, o Presidente sabe disso e
essa foi a razão por que decidiu que é altura de entregar o lugar a outro.
A
abertura e as reformas do sistema político e económico que o país desenvolveu a
partir da segunda metade dos anos 80 foram uma necessidade absoluta e condição
determinante para o alcance da paz e da reconciliação nacional. Sem essa
mudança, conduzida com grande coragem e perspicácia pelo MPLA, que dela saiu
mais forte e invejado pelos adversários, a estabilidade de hoje continuaria a
ser um sonho atravessado por muitos pesadelos.
De nada serve lamentar os efeitos óbvios dessa opção histórica, aplaudida pela grande maioria do povo angolano e pela comunidade internacional. As críticas feitas hoje a esse passo indispensável para a unidade e o futuro de Angola como Nação resultam de raciocínios políticos, ideológicos ou de crença religiosa “a posteriori” que soam a parcialidade, desonestidade, vingança ou hipocrisia.
Para se conseguir a paz e a reconciliação nacional, independentemente da negociação que se desenrolou entre o Governo e a rebelião armada de Jonas Savimbi, foi fundamental libertar o país das amarras que refreavam o aproveitamento total das capacidades de crescimento nacional.
O fim do sistema centralizado de gestão e a abertura da economia à iniciativa individual, familiar e privada, criaram uma sociedade mais inclusiva, aprofundaram o processo de reconciliação e democratização e fizeram o país respirar melhor. Da educação à saúde, dos transportes às telecomunicações, da cultura e os audiovisuais à imprensa, o empresariado nacional passou a ter uma presença crescente. A responsabilidade na condução dos destinos do país passou a ser partilhada entre o Estado, as famílias e as empresas, estas entendidas como o universo das organizações sociais.
Angola faz hoje parte dos países de economia livre e de sistema democrático, em que prevalece a lei da concorrência dos mercados e a eleição dos dirigentes por voto popular. Agora a tarefa política essencial consiste em assegurar a presença no poder de políticos maduros que percebam que, uma vez resolvido o problema da guerra e reabilitada a infra-estrutura económica do país, é preciso enfrentar as questões da fome, da pobreza, da doença, do analfabetismo e das desigualdades sociais originadas pelo tipo de sociedade concorrencial.
Mais útil do que chorar sobre o leite derramado ou adoptar a posição quixotesca de luta contra moinhos de vento, parece ser a necessidade de reorientar, em cada momento, o rumo do país em função dos novos problemas emergentes e dos grandes ideais da democracia, da economia de mercado e do humanismo consensualmente aceite por todos os quadrantes ideológicos caracterizados pela sensatez, à frente dos quais surge o MPLA.
Essa tem sido a lição dos anos de governação do Presidente José Eduardo dos Santos. Sem ceder à demagogia e ao populismo e às modas do momento, o Presidente José Eduardo dos Santos tem reflectido o sentir nacional. Essa é uma das explicações para a sua grande popularidade. Uma leitura atenta da acção e do discurso do Presidente mostra essa característica própria e natural que lhe vem do seu percurso de vida desde que entregou a sua juventude à libertação dos povos do jugo colonial, a sua modéstia e notável atitude de realismo, ponderação e moderação nos cargos de direcção partidária e governativa que ocupou, e a sua elevada experiência política como estadista.
As habituais centrais da mentira e da desinformação e alguns meios que falharam nas suas responsabilidades históricas já estão a recorrer à crítica injusta, ao insulto baixo e à difamação torpe para desvalorizarem o significado da decisão do Presidente como marco na fase importante de conquista definitiva da estabilidade para Angola. Como sempre, começaram a explorar os mais baixos efeitos perversos do caminho consensualmente escolhido para a construção nacional – como se esta terra, que é de todos, fosse apenas de alguns quando se trata de assumir os erros do passado. Com isso, desacreditam o exemplo de toda a Nação. Para esses, cito uma das mais duras repreensões do Papa Francisco: “não há necessidade de consultar um psicólogo para saber que quando alguém denigre o outro é porque não consegue crescer e precisa que o outro seja humilhado para se sentir alguém”.
Em Angola, o povo sabe quem diz a verdade e quem mente descaradamente. Mas em
Angola o pecado da mentira e do insulto apenas ajudam a reforçar aqueles “melhores
soldados de Deus” a quem “Ele dá as batalhas mais difíceis”, porque esses
soldados não se importam de oferecer a sua face cristã em nome dos nobres
ideais por que lutam. O Presidente José Eduardo dos Santos prometeu que daria
estabilidade ao país, e fê-lo. Foi difícil conseguir realizar uma tarefa na
qual já muito poucos acreditavam, os sacrifícios foram enormes, mas o objectivo
está concretizado. Não é propaganda. O Presidente acabou com a guerra e
tornou-se para sempre no “pai” da paz, da reconciliação nacional e da
estabilidade em Angola. Quando o povo precisou dele, foi o primeiro a dizer
presente e estar pronto a lutar. Um homem assim sabe que a Nação continua a
contar com ele.
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