terça-feira, 29 de março de 2016

ATIVISTAS ANGOLANOS DISTRIBUÍDOS POR QUATRO CADEIAS DE LUANDA



Os 17 ativistas angolanos condenados na segunda-feira em tribunal a penas de prisão entre dois e oito anos foram distribuídos por quatro estabelecimentos prisionais nos arredores de Luanda, informou hoje à Lusa fonte da defesa.

De acordo com o advogado Walter Tondela, as condições em que os ativistas começaram a cumprir pena - apesar dos recursos interpostos - vão ser avaliadas pela defesa na quarta-feira, numa visita já programada.

"Nesta altura só sabemos como foram distribuídos, não sabemos em que condições se encontram", admitiu.

De acordo com o advogado, o professor universitário Domingos da Cruz, condenado à pena máxima de oito anos e seis meses de prisão efetiva, juntamente com Albano Bingo Bingo, Hitler Tshikonde e José Gomes Hata, foi levado ainda na segunda-feira para a cadeia de Caquila, na comuna de Calumbu, em Viana, arredores de Luanda.

Para Calomboloca, entre Luanda e a província do Bengo, outra das cadeias onde estes ativitas já tinham cumprido seis meses de prisão preventiva antes da sentença (entre 20 de junho e 18 de dezembro), foram transferidos Inocêncio de Brito, Osvaldo Caholo, Afonso "M'banza Hanza e o 'rapper' luso-angolano Luaty Beirão, este último condenado pelo tribunal de Luanda a cinco anos e seis meses de prisão.

Os restantes jovens foram levados para a Cadeia Central de Luanda, enquanto as duas ativistas do sexo feminino também condenadas seguiram para a Cadeia da Comarca de Viana, indicou o advogado.

O investigador e professor universitário Nuno Dala, que se encontra em greve de fome desde 10 de março, em protesto, permanecia em acompanhamento no hospital-prisão de São Paulo, em Luanda.

Globalmente, os ativistas foram condenados pela prática de crimes de atos preparatórios para uma rebelião e associação de malfeitores.

As três equipas de defesa anunciaram ainda durante a audiência de segunda-feira recursos das condenações para o Tribunal Supremo e para o Tribunal Constitucional, mas tendo em conta que todos foram condenados a prisão maior (mais de dois anos) começaram obrigatoriamente a cumprir pena.

Na última sessão do julgamento, o Ministério Público deixou cair a acusação de atos preparatórios para um atentado ao Presidente e outros governantes, apresentando uma nova de associação de malfeitores, sobre a qual os ativistas não chegaram a apresentar defesa, um dos argumentos dos recursos.

"Ainda esta semana, até sexta-feira, vamos apresentar as alegações finais no Tribunal Supremo, estamos a trabalhar nisso. Depois também vamos para o Constitucional, que geralmente responde mais rapidamente aos recursos", adiantou Walter Tondela.

O tribunal deu como provado que os acusados formaram uma associação de malfeitores, pelas reuniões que realizaram em Luanda entre maio e junho de 2015 (quando foram detidos). Num "plano" desenvolvido em coautoria, pretendiam - concluiu o tribunal - destituir os órgãos de soberania legitimamente eleitos, através de ações de "Raiva, Revolta e Revolução", colocando no poder elementos da sua "conveniência" e que integravam a lista para um "governo de salvação nacional".

Os ativistas garantiram em tribunal que defendiam ações pacíficas e que nestes encontros discutiam política, fazendo uso dos direitos constitucionais de reunião e de associação.
PVJ // VM - Lusa

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