segunda-feira, 21 de março de 2016

Brasil. POLÍTICA SE RADICALIZA E HÁ PEDIDO PARA LULA SE ABRIGAR EM EMBAIXADA



O acirramento dos ânimos, nas ruas, aponta para momentos ainda mais radicais na vida política brasileira, à medida que as classes trabalhadoras passam a se contrapor ao avanço das forças da extrema-direita na tentativa de prender o ex-presidente Lula

Correio do Brasil, de Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo

Parte dos setores progressistas, que luta contra o pedido de impedimento da presidenta Dilma Rousseff e tenta evitar a prisão do ministro-chefe da Casa Civil, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, chegou a publicar, nas redes sociais durante o fim de semana, que o líder petista deveria buscar abrigo em uma embaixada, na capital federal. A medida serviria para ele não ser alcançado por alguma medida extrema originada na 13ª Vara Federal, conduzida por Sergio Moro, o juiz que determinou a divulgação de escutas após a quebra de sigilos telefônicos nas três esferas de poder da República, sem autorização do Supremo Tribunal Federal (STF). A presidenta Dilma foi a principal atingida.

Segundo roteiro dos acontecimentos que circulava nas principais redações dos meios de comunicação conservadores, no eixo Rio-São Paulo, nas últimas horas, “Lula será preso nesta semana. Aécio também. Sua carreira política será destruída para dar a ideia de ‘isenção”. Ainda segundo a análise que circula, nas redes sociais:

• O processo de impeachment será rápido se consumindo em menos de 20 dias;

• Armínio Fraga seguirá para o Fazenda e Gilmar ocuparia o Ministério da Justiça. (O juiz) Moro seria indicado para o STF.

• Serra é o grande avalista. E já vem acertando o novo “governo” há pelo menos um mês;

• A lei anti-terrorismo será usada para impedir maiores contestações. Possivelmente os vetos aos aspectos mais autoritários da lei sejam derrubados por esses dias;

• Cunha somente será retirado após o impeachment. ‘Rifado’, em seguida, para passar a imagem de ‘limpeza’.

“Que os deuses tenham piedade do que acontecerá com esse país”, acrescenta o jornalista que divulgou a linha editorial em que trabalham os meios de comunicação ligados à tentativa de golpe, em curso, no Brasil.

O acirramento dos ânimos, nas ruas, aponta para momentos ainda mais radicais na vida política brasileira, à medida que as classes trabalhadoras passam a se contrapor ao avanço das forças da extrema-direita, patrocinadas por interesses internacionais e seus satélites na vida econômica do país, a exemplo da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), entre outras. Professores, alunos secundaristas e trabalhadores ligados à Educação divulgaram nota, na noite passada, em que apontam para a necessidade de se promover uma greve geral no setor para que possam, em grupo, comparecer às manifestações pela democracia e em favor do mandato presidencial.

Lula é o alvo

Mesmo os organismos internacionais ligados às diretrizes mais conservadoras, no continente, expressam preocupação quanto aos destinos políticos do Brasil. Ciente do extremismo que tenta dominar a sociedade brasileira, o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, defendeu a continuação da Operação Lava Jato, mas alerta que nenhum magistrado está acima da lei que deve aplicar e da Constituição, que dá garantias ao seu trabalho. Ele não cita um juiz, especificamente, mas afirma ser “imperativo” o avanço das investigações, dentro dos princípios legais. A OEA é uma das instâncias diplomáticas que reúne representantes de todos os países da região, à exceção de Cuba, e mantém-se alinhado, historicamente, aos interesses de Washington.

Segundo Almagro, o Estado de Direito requer que todos sejam “responsáveis e iguais perante a lei”.

— A democracia não pode ser vítima do oportunismo, mas deve ser sustentada pelo poder das ideias e da ética — afirmou.

O representante da OEA também saiu em defesa da presidenta Dilma Rousseff e criticou as tentativas de tirá-la do cargo sem fundamento jurídico, como o processo de impedimento iniciado na Câmara dos Deputados. Almagro afirma que o mandato deve ser garantido, de acordo com a Constituição e as leis, por todos os poderes do governo e todas as instituições do país.

— Qualquer deterioração da sua autoridade deve ser evitada, de onde quer que venha — disse, em outra alusão ao grampo no telefone da Presidência da República e do ex-presidente Lula.

Almagro reiterou, durante a conversa com jornalistas, que mantém “grande respeito” pela presidenta Dilma e assegura que ela demonstra um claro compromisso com a transparência institucional e a defesa dos ganhos sociais alcançados pelo país.

— Neste momento, a sua coragem e honestidade são ferramentas essenciais para a preservação e o fortalecimento do Estado de Direito — concluiu.

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