Uma
visita de um presidente dos Estados Unidos ao coração do poder cubano seria
impensável antes da reaproximação operada por Obama e Raúl 15 meses atrás
Correio
do Brasil, com Reuters – de Havana/Moscou
O
presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, trocará os passeios turísticos
pelos assuntos de Estado nesta segunda-feira, segundo dia de sua visita
histórica a Cuba, e irá pressionar o presidente cubano, Raúl Castro, a realizar
reformas econômicas e democráticas, mas também irá ouvir queixas sobre a
manutenção das sanções econômicas norte-americanas.
Obama
e Raúl farão sua quarta reunião, provavelmente a mais substancial, no Palácio
da Revolução, onde Raúl e seu irmão mais velho e antecessor, Fidel Castro,
mantiveram viva a resistência de Havana à pressão dos EUA durante décadas.
Uma
visita de um presidente dos Estados Unidos ao coração do poder cubano seria
impensável antes da reaproximação operada por Obama e Raúl 15 meses atrás,
quando concordaram em encerrar uma disputa nascida na Guerra Fria que durou
cinco décadas e continuou mesmo após o fim da União Soviética.
Os
dois líderes têm diferenças profundas para debater enquanto tentam reconstruir
a relação bilateral.
Em
casa, críticos de Obama querem que ele pressione o governo comunista de Raúl a
permitir a dissidência política e abrir mais sua economia estatal de perfil
soviético.
Seus
assessores disseram que Obama irá incentivar a adoção de mais reformas
econômicas e de mais acesso à Internet para os cubanos.
– Uma
das coisas que estaremos anunciando aqui é que o Google tem um acordo para
começar a disponibilizar mais acesso a Wi-Fi e Internet de banda larga na ilha
– disse Obama à rede de televisão ABC News em uma entrevista exibida
nesta segunda-feira. Ele não deu maiores detalhes, e não foi possível falar com
representantes do Google de imediato.
O
governo Obama espera ver mudanças também no congresso do Partido Comunista no
mês que vem, mas duvida de qualquer abertura política.
Mesmo
assim, Obama prometeu conversar sobre liberdade de expressão e de reunião em
Cuba. “Irei abordar estes temas diretamente com o presidente Raúl”, afirmou o
mandatário ao grupo dissidente Damas de Branco em uma carta de 10 de março.
Raúl
já afirmou que Cuba não irá romper com sua revolução de 57 anos, e autoridades
governamentais disseram que os EUA precisam encerrar seu embargo econômico e
devolver a base naval da Baía de Guantánamo a Cuba para que as duas nações
possam usufruir de relações normais.
Rússia
O
Kremlin comentou nesta segunda-feira sobre a histórica visita do presidente dos
Estados Unidos, Barack Obama, a Cuba, dizendo que é do interesse da Rússia que
Havana, sua aliada há muitos anos, tenha boas relações com os EUA.
– Décadas
de relações amigáveis ligam Rússia e Cuba – disse o porta-voz do Kremlin,
Dmitry Peskov, durante teleconferência com repórteres. “Temos interesse que
Cuba, amigável a nós, mantenha boas relações com seus vizinhos e acima de tudo
com os Estados Unidos”.
Obama
foi recebido por uma pequena, mas animada, multidão no domingo,
durante o início de uma visita história a Cuba que abriu um novo capítulo de
engajamento norte-americano com a ilha, após décadas de hostilidade entre
ex-rivais da Guerra Fria.
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