Macau,
China, 22 mar (Lusa) -- A Associação de Jornalistas de Hong Kong (HKJA, na
sigla em inglês) revelou hoje dados que mostram uma "preocupante
tendência" de declínio da confiança na liberdade de imprensa na região,
que atingiu "mínimos" em 2015.
O
índice de liberdade de imprensa, que a HKJA publica anualmente, encontra-se ao
"mais baixo nível de sempre", um cenário "preocupante" que
mostra que "a liberdade de imprensa, um dos pilares do sucesso de Hong
Kong, tem vindo a ser erodida na raiz -- e pior -- que a essência dos direitos
de que o público goza também se encontra em risco", refere a presidente da
HKJA, Sham Yee-lan, em comunicado.
"Tanto
o público como os jornalistas acham que a liberdade de imprensa se deteriorou
em 2015", refere o comunicado com as conclusões de um inquérito realizado
pela HKJA, que fez cerca de 1.500 entrevistas, quase um terço a jornalistas.
O
índice de liberdade de imprensa caiu 1,4 pontos, para 47,7, para o público em
geral e 0,7 pontos, para 38,2, para os jornalistas, refletindo um declínio pelo
terceiro ano consecutivo.
A
queda mais significativa na classificação pelo público em geral prende-se com
os danos causados à liberdade de imprensa, que são "tão óbvios que até
mesmo o grande público está consciente do problema", refere o mesmo
comunicado.
O
índice da liberdade de imprensa em Hong Kong, elaborado pela primeira vez em
2013, tem dois grupos de entrevistados: o público em geral e os jornalistas.
Ambos concordaram que a liberdade de imprensa na antiga colónia britânica se
deteriorou.
Mais
de metade do público (54%) entende que piorou, enquanto mais de um terço (34%)
acredita não ter havido mudanças. Contudo, como salienta a HKJA, as respostas
por parte dos jornalistas são "mais preocupantes": 85%considera que
piorou e apenas 1% acredita que melhorou.
Ambos
também têm a perceção de que autocensura se tem tornado mais comum em Hong Kong
-- com os jornalistas a considerarem o problema mais sério.
Os
dois grupos também coincidem na ideia de que os meios de comunicação social têm
preocupações maiores relativamente a criticar Pequim. E também que as leis
existentes são "insuficientes" para permitir aos jornalistas obterem
a informação de que precisam, o que resulta em "indesejáveis efeitos na
liberdade de imprensa".
Para
conter a tendência de erosão, a presidente da HKJA apela o Governo de Hong Kong
para avançar com regulamentação sobre a liberdade de informação o mais
brevemente possível.
Apesar
de o inquérito revelar um declínio na confiança na liberdade de imprensa, tanto
o público em geral como os jornalistas acreditam que a eficácia do papel de
fiscalizador desempenhado pelos meios de comunicação social da Região
Administrativa Especial chinesa não piorou.
Sham
Yee-lan concluiu que "mesmo que esse papel de fiscalizador ainda seja
eficaz, sem proteção legal suficiente, os jornalistas travam uma difícil
batalha", instando o Governo a tomar a iniciativa de garantir a liberdade
de imprensa, um dos direitos consagrados pela Lei Básica (miniconstituição) de
Hong Kong.
DM
// MP
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