O
primeiro-ministro eleito de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva, disse hoje que
a situação da companhia de aviação cabo-verdiana é muito pior do que se
vislumbrava e prometeu rapidez na ação para salvar a empresa.
O
Movimento para a Democracia (MpD) indicou hoje formalmente ao Presidente da
República, Jorge Carlos Fonseca, o nome do seu presidente, Ulisses Correia e
Silva, para o cargo de primeiro-ministro de Cabo Verde, depois de domingo o
partido ter ganho as eleições legislativas com maioria absoluta.
À
saída da audiência com o chefe de Estado, Ulisses Correia e Silva disse aos
jornalistas que ainda não começou as reuniões para a transferência de pastas
com o atual Governo, mas adiantou já ter algumas ideias sobre os assuntos mais
complicados que o esperam.
"A
situação da companhia [Transportes Aéreos de Cabo Verde] é muito pior do que
vislumbramos sem colocar a lupa. Agora vamos ter que colocar a lupa e ter toda
a informação para podermos agir com rapidez e salvar a empresa", disse
Ulisses Correia e Silva.
O
líder do MpD disse ainda que, depois de tomar posse, irá pedir auditorias
externas às áreas da governação onde estas se revelarem necessárias.
A
TACV atravessa uma situação financeira complicada, com o acumular de dívidas,
que levou ao arresto na Holanda, em fevereiro, de um dos aviões da companhia.
Ulisses
Correia e Silva disse ainda que já está a trabalhar na constituição da equipa
governamental, mas que ainda não fez qualquer convite para pastas ministeriais,
e reafirmou a sua intenção de ter um governo com no máximo 12 ministros.
"Queremos
um governo que seja eficiente, bem coordenado politicamente, quanto menor o
número melhor para a coordenação política e depois há poupanças que se
conseguem, porque se reduz toda a administração ligada ao cargo político",
disse.
"Estamos
a procurar soluções que permitam que a governação seja politicamente forte, que
possa liderar para a execução do programa e seja extremamente eficiente a dar
respostas", acrescentou.
Ulisses
Correia e Silva não estabeleceu prazos para a entrega do elenco governamental
ao Presidente da República, adiantando que os prazos legais preveem que os
deputados tomem posse ao 20.º dia após a publicação dos resultados eleitorais e
que depois haverá 15 dias para apresentação da moção de confiança ao novo
governo.
"Dentro
desse intervalo haverá a apresentação do elenco governamental e a tomada de
posse", disse.
O
Movimento para a Democracia (MpD) foi o último partido a ser recebido pelo
Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, que durante a manhã manteve
também audiências com o Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV)
e com a União Cabo-Verdiana Independente e Democrática (UCID).
A
líder do PAICV, Janira Hopffer Almada, transmitiu a Jorge Carlos Fonseca que o
"partido respeita escrupulosamente a vontade do povo cabo-verdiano" e
que "naturalmente o partido maioritário deve indicar a proposta para
primeiro-ministro".
Sobre
o seu futuro, a líder do PAICV reafirmou a sua intenção de fazer uma
"oposição construtiva" e prometeu uma ação fiscalizadora do
cumprimento do programa apresentado pelo MpD ao eleitorado.
Questionada
sobre se equaciona colocar o lugar à disposição após a derrota eleitoral de
domingo, Janira Hopffer Almada considerou que é essa é "uma questão que
não se coloca".
"Continuarei
a exercer as minhas funções como presidente do PAICV enquanto o partido
entender que sou útil", disse.
No
mesmo sentido, o líder da UCID disse ao Presidente da República não ter
qualquer objeção à indigitação de Ulisses Correia e Silva para
primeiro-ministro.
"O
povo decidiu de forma muito clara e a UCID só pode esperar que se cumpra aquilo
que a Constituição da República diz. Não temos nenhuma objeção a que o
presidente do MpD e líder do partido que venceu as eleições, com uma diferença
enorme em relação aos outros, possa ser indigitado como
primeiro-ministro", disse.
CFF
// EL - Lusa
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