Mário Motta, Lisboa
Os
17 presos políticos condenados há dias a penas de prisão entre os 2 e os 8 anos
foram tema na Assembleia da República, no parlamento português, sob proposta do
PS e do Bloco. Via Lusa, o Notícias ao Minuto deu conta do resultado da votação
de “uma moção que condena a aplicação de penas de prisão a 17 jovens ativistas
políticos angolanos, entre os quais Luaty Beirão, apelando para que essa
decisão seja corrigida.”
E
o resultado? Perguntarão os que ainda não se atualizaram. O resultado foi
Regime angolano 100 ou 500 X Democracia de Portugal 0. Democracia, que é como
quem diz: se não preza os Direitos Humanos que raio de democracia é essa? Não é.
Adiante-se
que todo o esclarecimento pode ser lido no PG no título “PSD,
CDS, PCP "CHUMBAM" VOTOS DE CONDENAÇÃO A PRISÃO DE ATIVISTAS”. É
natural que os partidos da direita portuguesa esteja unha com carne com o
regime angolano, igualmente de direita mas com capa da esquerda a que pertenceu
e noutros tempos praticou enviezadamente. A Declaração de Princípios do MPLA
por certo já teve outra utilidade menos digna quando da falta de papel em
Angola. O que foi elaborado pelos fundadores perdeu-se pelo cano a baixo. Só
pode ter sido.
Choque
e espanto é a votação do PCP ao votar contra a condenação da aplicação de penas
de prisão aos 17 jovens. Alegando objetar à “tentativa de retirar do foro
judicial uma questão que a ele compete esclarecer e levar até ao fim no quadro
do respeito pelos direitos, garantias processuais - incluindo instrumentos
legais de recurso -, normas jurídicas e princípios constitucionais da República
de Angola"
É
posição e pontos de vista do PCP, está no seu direito, em Portugal. Mas a questão
é de ordem política e ideológica, sem cabimento nem conexão com crime, pois não
foi provado que crime algum tivesse sido praticado pelos acusados. Reuniam-se,
discutiam baseados num livro que continha teorias sobre como derrubar uma
ditadura… e não mais que isso. Presos porquê? Tribunal porquê? Atualmente condenados e
presos, sim. Presos políticos.
Também em Portugal colonial e salazarista éramos presos pela PIDE por estudarmos e discutirmos Marx, Lenine, ou outros autores não aprovados pelo regime. Quem não se lembra? Há uns quantos que parece terem perdido de facto a memória.
Dizem
que a memória das pessoas e das instituições é curta. Talvez. Não será
certamente o que acontece no PCP, que decerto se lembra dos antifascistas que
pereceram e foram torturados, presos em masmorras terríveis da PIDE do
salazarismo colonial-fascista que ocupou Portugal por mais de quatro décadas.
Agora
pelas quatro décadas: Eduardo dos Santos está quase a bater o recorde de
Salazar, que também “vencia” as eleições, quando as realizava. Atualmente Angola é uma
democracia… Pois. Não nos intrometamos… Pois.
Quem
defende os Direitos Humanos e a Democracia, quem procura ser justo, quem é do
povo explorado e oprimido, não pode (não deve) aceitar o que está a acontecer
em Angola sem que se revolte e desaprove. Sem que condene o ditatorial mas
riquíssimo (alguns) e moderno regime das democracias da treta que abundam nos
países da CPLP, incluindo Portugal (como está à vista). Em Angola, upa, upa.
Sem comentários:
Enviar um comentário