sábado, 16 de abril de 2016

Acolhimento a refugiados e auto-censura colocam Macau na mira do Departamento de Estado



As autoridades norte-americanas divulgaram ontem o Relatório Anual de Direitos Humanos e não poupam criticas nem a Macau, nem a Hong Kong, nem à República Popular da China. No território, diz Washington, o tráfico de pessoas continua a ser um problema, assim como o acolhimento a refugiados e a auto-censura nos meios de comunicação social.

O desaparecimento dos cinco livreiros de Hong Kong e o arrastar dos pedidos do estatuto de refugiado em Macau são alguns dos atropelos aos direitos humanos identificados pelo Departamento de Estado norte-americano nas duas Regiões Administrativas Especiais. Os problemas são identificados num relatório ontem divulgado pelas autoridades norte-americanas.

No caso de Macau, “o tráfico de pessoas continuou a ser um problema, embora as autoridades estivessem a construir capacidade para perseguir estes casos”, refere o documento. O relatório invoca também “a incapacidade de fazer cumprir totalmente as leis relativas aos direitos dos trabalhadores” no território.

Além disso, o Departamento de Estado observa que em 2015 as autoridades da região mantinham pendentes quatro processos que envolvem o pedido do estatuto de refugiado para seis pessoas.

O relatório indica que “o presidente da Comissão para os Refugiados deixou claro que a escassez de recursos e outras prioridades significava que a resolução destes casos iria provavelmente demorar anos”. Já em Hong Kong, “os candidatos a refugiados e activistas continuaram a queixar-se do lento processamento dos pedidos e subsídios governamentais limitados disponíveis para os candidatos”.

O relatório refere que “a imprensa independente e os ‘media’ internacionais operaram livremente em Macau em 2015”. Não obstante, refere o caso de dois fotojornalistas do jornal de Hong Kong Apple Daily que foram impedidos de entrar no território para fazer a cobertura da manifestação do 1.º de Maio.

Também aponta “as preocupações levantadas por activistas quanto à autocensura na imprensa, sobretudo porque os órgãos de comunicação social e jornalistas receiam que algum tipo de cobertura crítica do Governo local e da China possa limitar o financiamento aos respectivos órgãos”.

“Activistas relataram que os Governos de Macau e da República Popular da China haviam incorporado gestores seniores da imprensa local para servir em vários comités consultivos ou eleitorais, o que também resultou em autocensura”, acrescenta o relatório.

Por outro lado, aponta que “relatos de autocensura na imprensa em Hong Kong continuaram em 2015” e que “a maioria dos meios de comunicação é detida por empresas com interesses no continente, o que levou a alegações de que eram vulneráveis à autocensura”.

Neste âmbito, o relatório do Departamento de Estado refere o anúncio, em Dezembro do ano passado da aquisição do jornal South China Morning Post, publicado em língua inglesa em Hong Kong, pelo gigante chinês do comércio electrónico Alibaba.

A limitada capacidade dos cidadãos de Hong Kong e Macau para mudarem os respectivos governos através de eleições livres continuou em 2015 a ser considerada pelos EUA como um dos maiores problemas de direitos humanos na região.

Na secção dedicada a Hong Kong, o Relatório Anual de Direitos Humanos do Departamento de Estado norte-americano aponta “as novas preocupações com a liberdade académica e com os aparentes desaparecimentos extrajudiciais de cinco livreiros de uma editora de livros críticos da liderança do Partido Comunista Chinês, e casos de violência contra os ‘media’”.

Sobre os livreiros, o Departamento de Estado norte-americano afirma que “relatos credíveis deram lugar a suspeitas generalizadas de que as autoridades de segurança do interior da China estavam envolvidas nos seus desaparecimentos”.

Relativamente à liberdade académica, refere a decisão da Universidade de Hong Kong de não apontar o académico pró-democracia, Johannes Chan, para vice-reitor. Segundo o documento, a rejeição da candidatura que tinha sido apoiada por um comité da universidade levantou preocupações quanto a cedências a eventuais pressões do chefe do Executivo de Hong Kong e do Governo de Pequim.

Outros problemas de direitos humanos na antiga colónia britânica incluem “a negação de vistos por razões políticas, prisão ou detenção arbitrária e outras tácticas agressivas pela polícia que dificultam a liberdade de reunião”: “O tráfico de pessoas e o preconceito social contra certas minorias étnicas” em Hong Kong é também apontado.

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