segunda-feira, 18 de abril de 2016

Angola. RECOLHA COERCIVA DE QUASE 200 MIL ARMAS É UM ALERTA



A comissão técnica nacional que coordena o processo de desarmamento da população civil recolheu em todo o país durante oito anos 199.392 armas de fogo de vários calibres, anunciou sábado, no Sumbe, o coordenador, Paulo de Almeida.

A campanha de recolha de armas de fogo em posse ilegal da população fez sábado oito anos desde o seu início e o acto central de balanço aconteceu na capital do Cuanza Sul. O segundo comandante-geral da Polícia Nacional, Paulo de Almeida, que presidiu ao acto no Largo da Liberdade, considerou que, ao fim de oito anos, o balanço é positivo. Paulo de Almeida lembrou que o processo ainda não está concluído, pelo facto de ainda existirem armas nas mãos de cidadãos civis.

O comissário-chefe disse que a comissão regista em média a recolha coerciva de cinco a dez armas/dia das mãos de indivíduos envolvidos em actividades criminosas. Esta média preocupa a comissão, segundo Paulo de Almeida.

O oficial superior da Polícia Nacional lembrou que a campanha serve para sensibilizar e mobilizar as populações a entregar armas de fogo em sua posse ao longo dos anos.

O coordenador da comissão técnica indicou que durante o processo de desarmamento da população civil foi possível fazer a revisão e aprovação da lei sobre o uso de armas de fogo pelas empresas de segurança privada, promover a iniciativa de revisão da Lei sobre o uso e porte de armas, incentivar a adesão ao Protocolo da SADC sobre o combate ao tráfico e comércio ilícito de armas ligeiras e de pequeno porte. O vice-governador para o sector económico, Franklin Fortunato e Silva, que testemunhou ao acto central das comemorações do oitavo aniversário da campanha de desarmamento da população civil, em representação do governador provincial, Eusébio de Brito Teixeira, sublinhou que é preciso chamar a atenção de todos para uma reflexão sobre a necessidade do desarmamento da população civil. O governante apelou aos cidadãos que ainda insistem em possuir, de forma ilegal, armas de fogo para aderirem à campanha. Disse que a insistência em ter arma de fogo ilegal configura uma clara desobediência às normas de convivência social.

Colaboração de todos


Fortunato e Silva pediu a colaboração dos órgãos de difusão massiva e da sociedade para contribuírem na luta contra este fenómeno porque põe em causa a tranquilidade e a ordem públicas. As comemorações, que decorreram sob o lema “Se és consciente desarma a tua mente”, ficaram marcadas por manifestações culturais que retrataram as consequências que o cidadão podem ter ao possuir uma arma de fogo ilegal em casa. Foram ainda destruídas publicamente armas de fogo em estado obsoleto. No acto estiveram presentes membros do Governo Provincial, representantes do Ministério do Interior, das Forças Armadas Angolanas, dos partidos políticos, autoridades tradicionais, religiosas e da sociedade civil.

O Plano Nacional de Desarmamento da População Civil iniciou em 2008, com objectivo de recolher, armazenar e ter sob custódia de todas as armas ligeiras e de pequeno porte, possuídas de forma ilícita. De 1999 a 2007 foram recolhidas aproximadamente 200 mil armas de diversos calibres e restando ainda uma cifra indeterminada em posse da população.

O processo envolve a remoção dos instrumentos de violência da sociedade e, também, a capacidade do indivíduo pensar que é capaz de empreender actos violentos, tendo como principais grupos alvos, os delinquentes, ex-militares, polícias, trabalhadores de empresas de segurança e sistemas de auto-protecção e outros civis armados.

Victor Pedro, Sumbe – Jornal de Abgola - Foto: Victor Pedro

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