Fernando Vumby*, opinião
Duas
miúdas revolucionárias e tão lindas pela forma como pensam e que mesmo sofrendo
os piores momentos das suas vidas ainda tão jovens, nunca deixaram de marchar
pacificamente lado a lado com os seus companheiros de luta por uma Angola mais
justa para todos nós.
Elas
devem ser o grande exemplo para outras tantas miúdas angolanas porque não
mostram a sua beleza pelos lábios atraentes e pintados de baton, mas sim pelas
mensagens doces que nos transmitem. E vontade de luta pelos nossos legítimos
direitos como cidadãos angolanos.
Eu
juro que vou ajudá-las porque elas lutam para o bem de todos nós angolanos e
quem alguma vez já foi preso político deste regime que é a continuação do outro
o de Agostinho Neto tem a certeza que elas estão a passar realmente os piores
momentos das suas vidas nas masmorras da ditadura angolana.
Oxalá
que elas não passem pelas torturas mais selváticas uma das características dos
serviços secretos angolanos que dominam e controlam as cadeias todas muito
embora disfarçados de militares ou simples policias para vender ilusões segundo
os mandamentos da presidência da república.
Neste
momento estou a recordar-me de duas mulheres que conheci pessoalmente e com
quem vivenciei que depois de tanta tortura inclusive nos órgãos genitais na
cadeia de S.Paulo nos acontecimentos do 27 de Maio de 1977 acabaram mortas
(Maria Bartolomeu & Luiza Fontes).
A
mais velha (IA) ex-ativista da comissão popular do bairro Sambizanga, quando
foi levada, o sangue corria-lhe pelas pernas abaixo por lhe terem introduzido a
pistola na vagina, naquela que foi uma entre as tantas praticas mais bizarras e
desumanas utilizadas pelos torturadores da tenebrosa DISA nas horas dos interrogatórios.
A
Luiza Fontes de quem se diz ter sido prima do atual deputado deste MPLA (Fontes
Pereira) minha amiga e companheira de farda (FAPLA) desde as matas do maiombe
(CIR Belize) ao bairro Nelito Soares ali mesmo nas (Bs) onde ela morava quase
junto à cadeia onde resistiu à tentativa de violação sexual e acabou por pagar
com a sua vida.
“A
Luiza ainda tentou lutar com os militares que quiseram fazer uma geral, mas
depois levaram-a e nunca mais foi vista”, confidenciou-me uma antiga ex colega
dos serviços secretos alguns anos depois dela própria ter feito também uma
longa travessia pelo deserto, “e se está vida sabe Deus”, concluiu.
Como
mais velhos que somos temos a obrigação de nos darmos conta de que temos duas
mãos sendo uma para nos ajudarmos a nós mesmos e a outra para ajudar os outros.
Estas miúdas precisam da ajuda de todos nós e este também é um apelo, até mesmo
ao Aragão de Campos hoje presidente do Tribunal Supremo angolano, meu ex co-sofredor
de cela (F) na cadeia de S. Paulo, e meu ex-companheiro da equipa de futebol na
hora trumuno, quando a tortura já tinha abrandado.
E
aos demais membros deste regime - que foram também presos políticos deste mesmo
regime que servem hoje - em especial o comandante da policia Ambrósio Lemos
Brandão e outros tantos que me pedem para não serem mencionados, o que ainda
não percebi porque razão.
Rosa
Conde e Laurinda Gouveia já conquistaram a simpatia, admiração e respeito de
todos os angolanos e angolanas de bem por exibirem a sua riqueza em bravura e
inabalável resistência, impressionando o mundo com as sua calma e consciência
clara dos objetivos por que se propuseram lutar apesar da dor e sofrimento que já
carregam pelos ombros tão jovens.
Respeito
Laurinda Gouveia.
Mesmo
depois de toda machucada, cicatrizada, cuspida no rosto, e de ter ouvido dos
vampiros fardados, ao serviço exclusivo de JES, todos os maus nomes possíveis, ainda assim não desististe da luta?
Minhas
filhas, irmãs e compatriotas, é bom que saibam que não estão sós nesta luta e
que a vossa atitude já tem inspirado outras miúdas por essa Angola fora e no
exterior, vossos nomes serão honrados tarde ou cedo - essa é uma certeza que
tenho.
Coragem.
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