segunda-feira, 18 de abril de 2016

Angola. OS REVÚS E A MILITÂNCIA POLÍTICA DE ROSA CONDE E LAURINDA GOUVEIA



Fernando Vumby*, opinião

Duas miúdas revolucionárias e tão lindas pela forma como pensam e que mesmo sofrendo os piores momentos das suas vidas ainda tão jovens, nunca deixaram de marchar pacificamente lado a lado com os seus companheiros de luta por uma Angola mais justa para todos nós.

Elas devem ser o grande exemplo para outras tantas miúdas angolanas porque não mostram a sua beleza pelos lábios atraentes e pintados de baton, mas sim pelas mensagens doces que nos transmitem. E vontade de luta pelos nossos legítimos direitos como cidadãos angolanos.

Eu juro que vou ajudá-las porque elas lutam para o bem de todos nós angolanos e quem alguma vez já foi preso político deste regime que é a continuação do outro o de Agostinho Neto tem a certeza que elas estão a passar realmente os piores momentos das suas vidas nas masmorras da ditadura angolana.

Oxalá que elas não passem pelas torturas mais selváticas uma das características dos serviços secretos angolanos que dominam e controlam as cadeias todas muito embora disfarçados de militares ou simples policias para vender ilusões segundo os mandamentos da presidência da república.

Neste momento estou a recordar-me de duas mulheres que conheci pessoalmente e com quem vivenciei que depois de tanta tortura inclusive nos órgãos genitais na cadeia de S.Paulo nos acontecimentos do 27 de Maio de 1977 acabaram mortas (Maria Bartolomeu & Luiza Fontes).

A mais velha (IA) ex-ativista da comissão popular do bairro Sambizanga, quando foi levada, o sangue corria-lhe pelas pernas abaixo por lhe terem introduzido a pistola na vagina, naquela que foi uma entre as tantas praticas mais bizarras e desumanas utilizadas pelos torturadores da tenebrosa DISA nas horas dos interrogatórios.

A Luiza Fontes de quem se diz ter sido prima do atual deputado deste MPLA (Fontes Pereira) minha amiga e companheira de farda (FAPLA) desde as matas do maiombe (CIR Belize) ao bairro Nelito Soares ali mesmo nas (Bs) onde ela morava quase junto à cadeia onde resistiu à tentativa de violação sexual e acabou por pagar com a sua vida.

“A Luiza ainda tentou lutar com os militares que quiseram fazer uma geral, mas depois levaram-a e nunca mais foi vista”, confidenciou-me uma antiga ex colega dos serviços secretos alguns anos depois dela própria ter feito também uma longa travessia pelo deserto, “e se está vida sabe Deus”, concluiu.

Como mais velhos que somos temos a obrigação de nos darmos conta de que temos duas mãos sendo uma para nos ajudarmos a nós mesmos e a outra para ajudar os outros. Estas miúdas precisam da ajuda de todos nós e este também é um apelo, até mesmo ao Aragão de Campos hoje presidente do Tribunal Supremo angolano, meu ex co-sofredor de cela (F) na cadeia de S. Paulo, e meu ex-companheiro da equipa de futebol na hora trumuno, quando a tortura já tinha abrandado.

E aos demais membros deste regime - que foram também presos políticos deste mesmo regime que servem hoje - em especial o comandante da policia Ambrósio Lemos Brandão e outros tantos que me pedem para não serem mencionados, o que ainda não percebi porque razão.

Rosa Conde e Laurinda Gouveia já conquistaram a simpatia, admiração e respeito de todos os angolanos e angolanas de bem por exibirem a sua riqueza em bravura e inabalável resistência, impressionando o mundo com as sua calma e consciência clara dos objetivos por que se propuseram lutar apesar da dor e sofrimento que já carregam pelos ombros tão jovens.

Respeito Laurinda Gouveia.

Mesmo depois de toda machucada, cicatrizada, cuspida no rosto, e de ter ouvido dos vampiros fardados, ao serviço exclusivo de JES, todos os maus nomes possíveis,  ainda assim não desististe da luta?

Minhas filhas, irmãs e compatriotas, é bom que saibam que não estão sós nesta luta e que a vossa atitude já tem inspirado outras miúdas por essa Angola fora e no exterior, vossos nomes serão honrados tarde ou cedo - essa é uma certeza que tenho.

Coragem.

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