O
Jornal de Angola retomou hoje as críticas às relações com Portugal, acusando
Lisboa de ser a "base" das "campanhas de mentira e
desinformação" contra o país, responsabilizando igualmente a comunicação
social pública portuguesa.
A
posição vem expressa em editorial publicado hoje pelo diário estatal angolano,
intitulado "A imagem distorcida" e no qual é citada a posição de um
empresário britânico que constatou, de visita a Angola, a falta de informação
no exterior sobre a realidade angolana.
"Felizmente,
a vinda ao país de personalidades do mundo da política e economia, agora em
tempos de paz e estabilidade, tem servido para transmitir a verdadeira perceção
que devem ter da realidade do país. Mas algumas capitais europeias constituem-se
ainda como verdadeiras centrais de intoxicação. Os seus órgãos de comunicação
atuam com uma agenda anti-angolana, pretendendo que nada mudou e que a situação
geral do país só conhece retrocessos", lê-se no mesmo editorial.
A
isto, o Jornal de Angola acrescenta a intenção de alguns "Estados"
que "optam pela desestabilização política e social", apontando como
exemplo "o que se viu com o processo dos indivíduos implicados em atos
preparatórios de rebelião", referindo-se à condenação em março de 17
ativistas a penas de que chegam a oito anos e meio de prisão.
Contudo,
diz o editorial, "um caso judicial normal em qualquer sistema de Justiça
mas que serviu como arma de arremesso contra os poderes públicos".
"Portugal
é o país que serve de base para essas campanhas de mentira e desinformação
contra Angola. Apesar de partilharmos a mesma língua e muitos aspetos da
cultura de cada um, sente-se que os portugueses de uma forma geral não tratam
os angolanos com o respeito com que nós os recebemos", acusa o Jornal de
Angola.
"A
responsabilidade disso deve ser atribuída aos meios de comunicação públicos de
Portugal e à meia dúzia de dirigentes políticos interessados na relação de
conflitualidade entre os dois países", lê-se ainda no editorial do jornal
detido pelo Estado angolano.
Acrescenta
que é necessário "levar para os quatro cantos do mundo a mensagem de que o
Estado angolano vive em paz e estabilidade, com ajuda daqueles que pretendem o
bem de Angola e dos angolanos".
"Urge
dar a conhecer ao mundo a realidade exata do nosso país, porque, como referiu
David Wyne-Morgan [empresário britânico que visitou Luanda], a imagem que
certos países ainda querem fazer prevalecer é a mesma que prevalecia no tempo
do conflito armado. Para eles, o esforço de democratização e recuperação da
economia feito pelo povo angolano de nada valeu, porque não serviu os
interesses e os apetites dos grandes grupos económicos mundiais que querem
mandar no nosso país", conclui o jornal.
Em
agosto de 2015 e março de 2016, os tribunais de Cabinda e de Luanda condenaram
ativistas envolvidos em protestos contra o Governo angolano a penas de prisão
efetiva, decisões que têm sido criticadas por organizações internacionais de
defesa dos direitos humanos.
PVJ
// NS - Lusa
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