Rui Peralta,
Luanda
Em
1871, entre 18 de Março e 28 de Maio, ocorreu a Comuna de Paris, uma obra
inédita dos trabalhadores na luta pelos seus interesses e aspirações. Pela
primeira vez as massas proletárias lançaram-se á conquista do Poder,
exercendo-o por um curto espaço de tempo.
A
comuna de Paris insere-se numa fase de crescimento e de amadurecimento do
movimento operário francês, em particular, e europeu, em geral. Surge no contexto
da guerra franco-prussiana desencadeada por Napoleão III. Após derrotas
sucessivas do exército francês, as forças militares de Bismarck cercam Paris.
Indignadas com a completa incompetência dos seus generais o proletariado
parisiense assume os destinos da cidade enquanto o governo, liderado por
Thiers, refugia-se em Versalhes.
Cercadas
pelas forças de Thiers e de Bismarck a Comuna defendeu Paris e organizou a vida
na cidade. Foram tomadas medidas de grande alcance como a separação da Igreja
do Estado, ensino publico, direitos das mulheres, direitos dos trabalhadores,
direitos de saúde, etc., mas a sua duração foi de apenas 72 dias, terminando
numa carnificina, que encheu os cemitérios parisienses. Mas a Comuna deixou na
história do movimento operário internacional profundas experiências e lições.
Uma
dessas lições é a de que a luta pela transformação da sociedade é feita de
avanços e recuos, não é linear. É um caminho longo e, muitas vezes tortuoso,
mas sempre possível de ser trilhado.
Cento
e quarenta e cinco anos depois os trabalhadores franceses lutam contra uma
reforma laboral que pretende atirá-los para uma situação retrógrada e precária.
Por toda a Europa os trabalhadores são arrastados para situações de
destruturação e de destruição das conquistas sociais efectuadas através das
lutas históricas. Nos USA, Japão, Austrália, por todas as economias
capitalistas avançadas, os trabalhadores deparam-se com a precariedade, o desemprego
e a perda de direitos. Na América Latina, África, Médio-Oriente, Ásia, o
panorama é agravado pela situação periférica das respectivas economias. Por
todo o mundo, os direitos dos trabalhadores estão em causa, as conquistas
históricas estão ameaçadas de morte.
Por
tudo isso, por estarmos num momento de luta e de resistência, recordar a Comuna
de Paris é recordarmo-nos de que, afinal, o “assalto ao céu” é possível. De
novo e de forma definitiva…
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