sábado, 18 de junho de 2016

PORTUGUESES NOS BILDERBERG



Os Bilderberger são um das mais importantes estruturas onde «os senhores do mundo transmitem as suas decisões, a políticos e fazedores de opinião, que assim aceitam mais facilmente as decisões alheias como se fossem conclusões do travestido debate em que, inchados de orgulho, participaram».

Como epílogo deste curto texto, o autor publica a lista completa dos portugueses que participaram nas reuniões anuais dos Bilderberg. Para que conste e fique registado.

José Paulo Gascão* - O Diário

Diz a lenda oficial (este tipo de estruturas nunca têm história) que o Grupo Bilderberger foi criado pelo príncipe Bernardo da Holanda, por sugestão de um polaco, Józef Retinger, fugido do seu país após a II Guerra Mundial. O nome do grupo vem do Hotel Bilderberger, onde reuniu pela primeira vez de 29 a 31 de maio de 1954, com cinquenta participantes de 11 países da Europa Ocidental e 11 norte-americanos.

Os princípios justificadores da criação do grupo correspondiam plenamente aos fins da NATO, criada pouco antes por Tratado de 4 de Abril de 1949: defender o atlantismo, pelo que se propunha implementar «a cooperação entre as culturas norte-americana e europeia em matéria de política, economia e questões de defesa».

O príncipe Bernardo, alemão nascido em Jena em 29 de Junho de 1911, ingressou no Partido Nazi em 1 de maio de 1933, tendo-lhe sido atribuído o número 2583009, só tendo abandonado aquele partido para se casar com a rainha Juliana da Holanda, o que parece ter desagradado à família real e desagradou ao povo holandês. O diário holandês Die Volk, então, escreveu mesmo em editorial: «Teria sido melhor que a futura Rainha tivesse encontrado um consorte num qualquer país democrático em vez de o ir buscar ao Terceiro Reich». Mal sabia então o Die Volk que a carta em que Bernardo se demitiu do Partido Nazi termina com um certamente vibrante, Heil Hitler! (ver 21st Century Science & Technology, edición Verano 2001, Vol. 14, No. 2, pág.. 6 e http://www.mitosyfraudes.org/articulos/Bernardo.html)

Não foi no entanto por ser nazi que Bernardo da Holanda foi obrigado a demitir-se dos Bilderberger, mas tão só por se ter envolvido num escândalo de corrupção: recebeu 1,1 milhões de dólares da Lockheed Corporation pelo seu papel na compra de aviões caça daquela empresa pela Força Aérea Holandesa.

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Grupos como os Bilderberger são hoje uma necessidade imperialista para aumentar a aceitação e o domínio do capital imperialista norte-americano sobre a totalidade do capital imperialista que se acoberta à sua sombra.

É através de estruturas como os Bilderberger que os senhores do mundo transmitem as suas decisões, a políticos e fazedores de opinião, que assim aceitam mais facilmente as decisões alheias como se fossem conclusões do travestido debate em que, inchados de orgulho, participaram.

Com presidentes de vários países da Europa e também dos Estados Unidos (Ford, Carter, Clinton), além de primeiros-ministros entre os seus membros, os Bilderberger são dirigidos por um quadrunvirato, onde participou, enquanto pôde, David Rockfeller (1915- ).

Quem é David Rockfeller?

David Rockfeller «controlava o comité de doações da Chase Manhattan Bank Foundation (), era membro do Conselho de Relações Exteriores dos EUA () e amigo pessoal de Allen Dulles», o primeiro civil a dirigir a CIA e o diretor que mais tempo esteve no cargo; titular de uma tenebrosa folha corrida, David queria ele próprio, ver como andavam as coisas.

Reunia com agentes no terreno e particularmente com Tom Braden: «Pensava tal como nós, e apoiava com força tudo o que fazíamos. Era da mesma opinião que eu de que a única maneira de ganhar a guerra-fria era a nossa. Por vezes dava-me dinheiro para coisas que não figuravam no nosso orçamento. Entregou-me muitíssimo dinheiro para coisas em França.»

David Rockfeller, se não o primeiro foi seguramente um dos pioneiros da privatização (mesmo que só parcialmente) da política externa dos Estados Unidos.

Portugueses nos Bilderberger

Não se pode falar dos portugueses nos Bilderberger sem referir o nome de Francisco Pinto Balsemão. Nos Bilderberger de 1983 a 2015, terá faltado a uma única reunião. Com 77 anos, 32 reuniões depois de ter iniciado funções Francisco Balsemão abandona o lugar de membro do «Comité Diretor» do grupo Bilderberg, e escolheu Durão Barroso, de 59 anos, para seu sucessor.

Francisco Pinto Balsemão foi membro do «Comité Diretor» desde 1983 a 2015 (neste entremês terá faltado a uma reunião); José Manuel Durão Barroso foi escolhido na reunião de 2015 como membro permanente do grupo.

Apesar da sua história negra, ou talvez por isso mesmo, as reuniões dos Bilderberger são rodeadas de grande secretismo, podendo os participantes referir o que lá se passou (não o fazem), mas estão impedidos de divulgar quem o disse.

Seja ainda dito que a razão de em 1999 haver 9 portugueses a participar (a norma é dois ou três convidados), entre eles o então Presidente da República, Jorge Sampaio, deve-se à circunstância de a reunião ser ter realizado no luxuoso Hotel Penha Longa, na Serra Sintra. O presidente não teve que se deslocar ao estrangeiro para participar na reunião do grupo, o que obrigava a pedir autorização à Assembleia da República, com indicação do motivo da deslocação

Divulgamos agora, para que conste e fique registado, a lista completa dos participantes portugueses, por anos.

BILDERBERGER: RELAÇÃO, POR ANOS, DOS PORTUGUESES QUE PARTICIPARAM

1983: Bernardino Gomes; Rogério Martins; José Luiz Gomes

1984: André Gonçalves Pereira; Rui Vilar

1985: Torres Couto; Ernâni Lopes

1986: Leonardo Mathias; Artur S. Silva

1987: José Eduardo Moniz; Faria de Oliveira

1988: Vítor Constâncio; Lucas Pires

1989: Rui Machete; Jorge Sampaio

1990: João de Deus Pinheiro; António Guterres

1991: Carlos Monjardino; Carlos Pimenta

1992: António Barreto; Roberto Carneiro

1993: Nuno Brederode Santos; Faria de Oliveira

1994: Durão Barroso; Miguel Veiga

1995: Mira Amaral; Maria Carrilho

1996: Margarida Marante; António Vitorino

1997: António Borges; José Galvão Teles

1998: Vasco Pereira Coutinho; Marcelo Rebelo de Sousa; Miguel Horta e Costa

1999: 
Ferreira do Amaral; João Cravinho; Marçal Grilo; Vasco de Mello; Murteira Nabo; Ricardo Salgado; Jorge Sampaio; Artur S. Silva; Nicolau Santos

2000: Teresa Patrício Gouveia

2001: Guilherme d’Oliveira Martins; Vasco Graça Moura

2002: António Borges; Elisa Ferreira

2003: Durão Barroso; Ferro Rodrigues

2004: Pedro Santana Lopes; José Sócrates

2005: Nuno Morais Sarmento; António Guterres: Durão Barroso

2006: Aguiar Branco; Augusto Santos Silva

2007: Leonor Beleza; Durão Barroso (não confirmado)

2008: Rui Rio; António Costa

2009: Manuela Ferreira Leite; Manuel Pinho

2010: Paulo Rangel; Teixeira dos Santos

2011: António Nogueira Leite; Clara Ferreira Alves

2012: Luís Amado; Jorge Moreira da Silva

2013: Paulo Portas; António José Seguro

2014: Paulo Macedo; Inês de Medeiros

2015: António Vitorino; Durão Barroso

2016: Maria Luís Albuquerque; Carlos Gomes da Silva (GALP)

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