Os
Bilderberger são um das mais importantes estruturas onde «os senhores do mundo
transmitem as suas decisões, a políticos e fazedores de opinião, que assim
aceitam mais facilmente as decisões alheias como se fossem conclusões do
travestido debate em que, inchados de orgulho, participaram».
Como epílogo deste curto texto, o autor publica a lista completa dos portugueses que participaram nas reuniões anuais dos Bilderberg. Para que conste e fique registado.
José
Paulo Gascão* - O Diário
Diz
a lenda oficial (este tipo de estruturas nunca têm história
) que o Grupo Bilderberger foi criado pelo
príncipe Bernardo da Holanda, por sugestão de um polaco, Józef Retinger, fugido
do seu país após a II Guerra Mundial. O nome do grupo vem do Hotel Bilderberger,
onde reuniu pela primeira vez de 29 a 31 de maio de 1954, com cinquenta
participantes de 11 países da Europa Ocidental e 11 norte-americanos.
Os
princípios justificadores da criação do grupo correspondiam plenamente aos fins
da NATO, criada pouco antes por Tratado de 4 de Abril de 1949: defender o
atlantismo, pelo que se propunha implementar «
a cooperação entre as culturas norte-americana e europeia em
matéria de política, economia e questões de defesa».
O
príncipe Bernardo, alemão nascido em Jena em 29 de Junho de 1911, ingressou no
Partido Nazi em 1 de maio de 1933, tendo-lhe sido atribuído o número 2583009,
só tendo abandonado aquele partido para se casar com a rainha Juliana da
Holanda, o que parece ter desagradado à família real e desagradou ao povo
holandês. O diário holandês Die Volk, então, escreveu mesmo em editorial:
«Teria sido melhor que a futura Rainha tivesse encontrado um consorte num
qualquer país democrático em vez de o ir buscar ao Terceiro Reich». Mal sabia
então o Die Volk que a carta em que Bernardo se demitiu do Partido Nazi termina
com um certamente vibrante, Heil Hitler! (ver 21st Century Science &
Technology, edición Verano 2001, Vol. 14, No. 2, pág.. 6 e
http://www.mitosyfraudes.org/articulos/Bernardo.html)
Não
foi no entanto por ser nazi que Bernardo da Holanda foi obrigado a demitir-se
dos Bilderberger, mas tão só por se ter envolvido num escândalo de corrupção:
recebeu 1,1 milhões de dólares da Lockheed Corporation pelo seu papel na compra
de aviões caça daquela empresa pela Força Aérea Holandesa.
***
Grupos
como os Bilderberger são hoje uma necessidade imperialista para aumentar a
aceitação e o domínio do capital imperialista norte-americano sobre a
totalidade do capital imperialista que se acoberta à sua sombra.
É
através de estruturas como os Bilderberger que os senhores do mundo transmitem
as suas decisões, a políticos e fazedores de opinião, que assim aceitam mais
facilmente as decisões alheias como se fossem conclusões do travestido debate
em que, inchados de orgulho, participaram.
Com
presidentes de vários países da Europa e também dos Estados Unidos (Ford,
Carter, Clinton
), além de
primeiros-ministros entre os seus membros, os Bilderberger são dirigidos por um
quadrunvirato, onde participou, enquanto pôde, David Rockfeller (1915- ).
Quem
é David Rockfeller?
David
Rockfeller «controlava o comité de doações da Chase Manhattan Bank Foundation (
), era membro do Conselho de Relações
Exteriores dos EUA (
) e amigo
pessoal de Allen Dulles», o primeiro civil a dirigir a CIA e o diretor que mais
tempo esteve no cargo; titular de uma tenebrosa folha corrida, David queria ele
próprio, ver como andavam as coisas.
Reunia
com agentes no terreno e particularmente com Tom Braden: «Pensava tal como nós,
e apoiava com força tudo o que fazíamos. Era da mesma opinião que eu de que a
única maneira de ganhar a guerra-fria era a nossa. Por vezes dava-me dinheiro
para coisas que não figuravam no nosso orçamento. Entregou-me muitíssimo
dinheiro para coisas em França.»
David
Rockfeller, se não o primeiro foi seguramente um dos pioneiros da privatização
(mesmo que só parcialmente) da política externa dos Estados Unidos.
Portugueses
nos Bilderberger
Não
se pode falar dos portugueses nos Bilderberger sem referir o nome de Francisco
Pinto Balsemão. Nos Bilderberger de 1983 a 2015, terá faltado a uma única
reunião. Com 77 anos, 32 reuniões depois de ter iniciado funções Francisco
Balsemão abandona o lugar de membro do «Comité Diretor» do grupo Bilderberg, e
escolheu Durão Barroso, de 59 anos, para seu sucessor.
Francisco
Pinto Balsemão foi membro do «Comité Diretor» desde 1983 a 2015 (neste entremês
terá faltado a uma reunião); José Manuel Durão Barroso foi escolhido na reunião
de 2015 como membro permanente do grupo.
Apesar
da sua história negra, ou talvez por isso mesmo, as reuniões dos Bilderberger
são rodeadas de grande secretismo, podendo os participantes referir o que lá se
passou (não o fazem), mas estão impedidos de divulgar quem o disse.
Seja
ainda dito que a razão de em 1999 haver 9 portugueses a participar (a norma é
dois ou três convidados), entre eles o então Presidente da República, Jorge
Sampaio, deve-se à circunstância de a reunião ser ter realizado no luxuoso
Hotel Penha Longa, na Serra Sintra. O presidente não teve que se deslocar ao
estrangeiro para participar na reunião do grupo, o que obrigava a pedir
autorização à Assembleia da República, com indicação do motivo da deslocação
Divulgamos
agora, para que conste e fique registado, a lista completa dos participantes
portugueses, por anos.
BILDERBERGER: RELAÇÃO, POR ANOS, DOS PORTUGUESES QUE PARTICIPARAM
1983: Bernardino Gomes; Rogério Martins; José Luiz Gomes
1984: André Gonçalves Pereira; Rui Vilar
1985: Torres Couto; Ernâni Lopes
1986: Leonardo Mathias; Artur S. Silva
1987: José Eduardo Moniz; Faria de Oliveira
1988: Vítor Constâncio; Lucas Pires
1989: Rui Machete; Jorge Sampaio
1990: João de Deus Pinheiro; António Guterres
1991: Carlos Monjardino; Carlos Pimenta
1992: António Barreto; Roberto Carneiro
1993: Nuno Brederode Santos; Faria de Oliveira
1994: Durão Barroso; Miguel Veiga
1995: Mira Amaral; Maria Carrilho
1996: Margarida Marante; António Vitorino
1997: António Borges; José Galvão Teles
1998: Vasco Pereira Coutinho; Marcelo Rebelo de Sousa; Miguel Horta e Costa
1999: Ferreira do Amaral; João Cravinho; Marçal Grilo; Vasco de Mello; Murteira Nabo; Ricardo Salgado; Jorge Sampaio; Artur S. Silva; Nicolau Santos
2000: Teresa Patrício Gouveia
2001: Guilherme d’Oliveira Martins; Vasco Graça Moura
2002: António Borges; Elisa Ferreira
2003: Durão Barroso; Ferro Rodrigues
2004: Pedro Santana Lopes; José Sócrates
2005: Nuno Morais Sarmento; António Guterres: Durão Barroso
2006: Aguiar Branco; Augusto Santos Silva
2007: Leonor Beleza; Durão Barroso (não confirmado)
2008: Rui Rio; António Costa
2009: Manuela Ferreira Leite; Manuel Pinho
2010: Paulo Rangel; Teixeira dos Santos
2011: António Nogueira Leite; Clara Ferreira Alves
2012: Luís Amado; Jorge Moreira da Silva
2013: Paulo Portas; António José Seguro
2014: Paulo Macedo; Inês de Medeiros
2015: António Vitorino; Durão Barroso
2016: Maria Luís Albuquerque; Carlos Gomes da Silva (GALP)
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