Martinho Júnior, Luanda
1
– A opção de José Manuel Durão Barroso enquanto administrador do poderoso banco
Goldman Sachs, teve o condão de “indignar” largos sectores da atual “esquerda” social-democrata
europeia, que procura iludir a opinião pública com um repentino acordar face ao
(reiterado) carácter dum personagem tipicamente formatado pelo capitalismo
neoliberal de há décadas a esta parte… para esses, de repente, “fez-se
luz”, como se não houvesse tantas trevas escondidas por desvendar no passado
recente acerca do personagem e à sua volta, sobretudo desde o início da década
de 90 do século passado!...
É
evidente que a “clarividência” de hoje reflete a ambiguidade
acumulada desde esse passado que mergulhou nas artes e engenharias inaugurais
de Ronald Reagan e Margareth Thatcher, ambiguidade essa que caracterizou desde
a juventude o próprio José Manuel Durão Barroso, no fundo a razão de ser de
suas opções, do seu curriculum e da sua adoção enquanto bastardo pela
aristocracia financeira mundial e oligarquias europeias suas agenciadas,
inclusive em época de suas mais pérfidas vilanias.
Um “bom
vilão” é impossível poder produzir-se dum momento para o outro e, por
outro lado, é preciso que ele cresça e avance sob teste integral sempre debaixo
de olho, pouco a pouco, palmo-a-palmo, até atingir uma maturidade ao nível dum
Bilderberg, ou dum Goldman Sachs, assim a modos duma compensatória
reforma-prémio por tão “bons serviços” prestados ao deus feito
capital neoliberal!
A
indignidade manifestada por alguns sectores da “esquerda” social-democrata
(na qual incluo em Portugal o proverbial apêndice que é o Bloco de Esquerda),
torna-se inofensiva quando um personagem com esta “envergadura” atinge
a fase madura ou seja, quando qualquer “queima” já não produz
qualquer mossa, por que todo o tipo de mossas foram produzidas sem “queima” no
passado e ao longo da sua formatação.
2
– A “esquerda” social-democrata não se indignou com a metamorfose dum
militante do MRPP, num militante do PSD e compreende-se por quê: de tanto
radicalismo burguês e pequeno-burguês (como o dos sectores de Mário Soares
dentro do PS, ou do Bloco de Esquerda tendo em conta o que lhe é de raiz),
precisam de apagar a história, procurando conta-la apenas à sua maneira, por
que lembrando-a tal e qual ficam também expostos, na verdade expondo
sua razão de ser;

Ter-se-á
indignado em baixa frequência quando o vilão Durão foi o anfitrião nos Açores,
do encontro Bush-Blair-Aznar, que possibilitou o deflagrar do choque neoliberal
no Médio Oriente, com o ataque ao Iraque, com recurso à mentira sobre Saddam,
acusado de possuir e fazer uso de armas de destruição massiva;
Indignou-se
ainda em baixa frequência quando como prémio o camaleão inveterado abdicou de
ser Primeiro-Ministro português a fim de ser colocado na Presidência duma
Comissão Europeia dócil e servil ao capital neoliberal, tal como em relação à
instrumentalização no âmbito da hegemonia unipolar, da União Europeia e da
NATO;
Por
fim indigna-se em alta voz (ao nível do Presidente François Hollande) quando o
velho vilão vai para a administração do Goldman Sachs, às tantas sabendo que
Durão jamais será julgado num Tribunal de Nuremberga, (não vá o diabo tecê-las
e expor a engenharia, a arquitetura, o engenho e a arte duma União Europeia
vassala e perversa nas suas opções que contribuem para a raiz da crise, do caos
e do terrorismo).
É
neste encadeado de manipulações, ingerências e ambiguidades que medram
personalidades como a de José Manuel Durão Barroso, um exemplo acabado de
camaleão-bastardo que se tornou “filho pródigo” do capital
neoliberal, acerca do qual está também a fazer uma certa “lavagem” pública
da“esquerda” social-democrata, também ela tocada pelos vírus do capitalismo
neoliberal!
Fotos:
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Durão Barroso militante do MRPP
-
O bando dos 4 nos Açores
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