Martinho Júnior, Luanda
“To
be, or not to be”, este é um velho dilema que sempre se foi colocando a muito
boa gente e também a muitos investigadores que se debruçaram sobre as relações
humanas ao longo de séculos, desde novelistas (o próprio Shakespeare que
descobriu o óbvio), a sociólogos, a antropólogos, a historiadores, ou mesmo a
filósofos.
Por
incrível que isso possa parecer, “to be, or not to be” faz hoje parte
das questões correntes que em termos filosóficos, doutrinários e ideológicos,
se colocam às pseudo-“esquerdas” radicais, em tempos bonançosos de
capitalismo neoliberal e de suas ementas entre “choques” e “terapias”,
em função dos interesses e conveniências de quem na realidade as
instrumentaliza, aproveitando a sua capacidade para lançar a confusão, a
ambiguidade e a manipulação, como um casamento “liberal”perfeito, entre
camaleões e falcões (será que os filósofos-de-salão terão suas costelas “gay”?!)…
Vem
isto a propósito em função das iniciativas dum confesso filósofo-de-salão que
dá pelo nome de Carlos Pacheco, (desconheço a sua tarimba histórica pois acerca
de Angola parece nem ter sequer referência daqueles que honestamente
descreveram como era a escravidão e o colonialismo, muito menos do esclarecido,
a título de exemplo, René Pélissier que define bem o que era Movimento de Libertação
moderno e o que era etno-nacionalismo)!...
O
filósofo-de-salão Carlos Pacheco está animado ao longo de sua vida dum espírito
de missão:
-
Desacreditar a legitimidade e a profundidade do Movimento de Libertação em
África, desde as suas origens até às independências (e logo a seguir a elas),
que tiveram de ser arrancadas por via dum longo, sangrento, conturbado e
difícil processo de Luta Armada (aposta essa indexada sobretudo a Angola);
-
Aproveitar-se da sequência irreversível do rumo de Angola (afinal na sequência
lógica do Movimento de Libertação em África), agora construindo uma alargada
plataforma de paz, para se tentar colar a Angola numa tentativa de alarde que
chega à náusea de “independência intelectual”, mas de forma a, para além
de aparentemente se demarcar das filosofias-de-salão das esquerdas radicais
vulneráveis aos agenciamentos, sem escrúpulos em relação aos “timings” históricos,
de forma ardilosa e insidiosa procurar de algum modo fazer confrontar os tempos
de hoje com os tempos que estiveram nos seus caboucos, em última análise
confrontar Agostinho Neto, com José Eduardo dos Santos (pasme-se a ousadia só
possível num imaginário fértil e tão excessivamente masturbador deste tão
corajoso filósofo-de-salão)!
“To
be, or not to be”, atinge em época de terapia capitalista neoliberal a sua
expressão mais refinada, jamais experimentada ou imaginada sequer pelo próprio
autor da célebre interpretação teatral, ou poeta, Shakespeare nos seus tempos
mais criativos!
Carlos
Pacheco toda a vida viveu esse dilema-tornado-drama, que perdendo o comboio do
rumo progressista de Angola lá atrás nos alicerces da pátria angolana, agora
quer ter direito à 1ª classe que é oferecida pela paz que com tanto sacrifício,
com tantas dificuldades e com tantos obstáculos, os angolanos procuram
construir!
Pretende
de certo modo distanciar-se de outros esquerdismo radicais ao jeito do Bloco de
Esquerda, dum Agualusa feito ativista, dum Telmo Vaz Pereira que precisa de
mercado para vender suas pinturas, dum mercenário da escrita como Rafael
Marques de Morais, de algumas costelas de Samakuva, ou de Chivukuvuku, dos
apaniguados e mentores do Bloco Democrático (será que ele está extinto?), ou
duma estafada versão de “revolução colorida”, ou “primavera árabe”adaptada
ao Trópico de Câncer!
De
facto é mais um sinal, desta feita também dum certo desespero tendo em conta o
desperdício que há com a proliferação das provocadoras apostas, de quem tem
instrumentalizado tanta ambiguidade, tanta desonestidade mercenária, tanta
alienação, tanta perversão, tanta subversão, tudo isso agora aplicado na
tentativa de provocar algum terramoto no edifício que se ergue à medida que se
afirma o rumo de Angola!
A
Carlos Pacheco: perante a afirmação cada vez mais pujante do rumo de paz e
renascimento de Angola e de todos aqueles que procuram enveredar pela paz em
África, PELO QUE ANGOLA É,“not to be” será irremediavelmente o seu “destino” e
o seu fim, sem ilusões e no lugar próprio dos mesmos filósofos-de-salão que
projetam e se projetam em qualquer tipo de perverso radicalismo de esquerda, ao
serviço duma tão antropofágica Nova Ordem Global!...
Fotos:
-
Gene Sharp – filosofando a disseminação do caos;
-
Alguns dos que pretendem “cercar Angola”, segundo a “filosofada” de
Carlos Pacheco;
-
O filósofo-de-salão que faltava.
A
consular:
- A senilidade e os delírios de Carlos Pacheco – http://jornaldeangola.sapo.ao/opiniao/artigos/a_senilidade_e_os_delirios_de_carlos_pacheco
-
Cerco a Angola – https://www.publico.pt/mundo/noticia/cerco-a-angola-1728979
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