O
ensino do português em Macau passa, a partir deste ano letivo, a ser um
"projeto com prioridade de apoio" no plano de desenvolvimento das
escolas, segundo o primeiro Plano Quinquenal da cidade, hoje apresentado.
De
acordo com o documento que fixa metas até 2020, que já tinha sido divulgado em
abril mas foi depois sujeito a consulta pública, sendo ligeiramente alterado,
será definido um número mínimo de horas para as escolas particulares com cursos
de português.
O
executivo quer também aumentar o número de escolas com esta disciplina e o
número de turmas de português, ministradas através do ensino regular,
"para maior generalização da língua", um dos idiomas oficiais de
Macau.
"Pretende-se
estabelecer cooperação na área do ensino com Portugal e criar melhores
condições para os estudantes que optem por continuar os estudos em
Portugal", diz o documento, definindo também o objetivo de aumentar o
número de bolsas para o ensino superior de modo a apoiar "a frequência de
cursos de língua portuguesa ou de tradução das línguas chinesa e
portuguesa".
No
âmbito linguístico, o Plano Quinquenal fixa também o objetivo de "melhorar
o nível dos professores" de mandarim.
Num
território em que 83,3% da população usa o cantonês como idioma corrente
(Censos 2011), o Governo pretende promover a participação dos professores de
mandarim em testes nacionais e em "ações de cooperação", em que
participam, na China, em "cursos de apoio para testes de avaliação de
mandarim".
Durante
a apresentação da versão final do Plano Quinquenal, o secretário para Assuntos
Sociais e Cultura, Alexis Tam, foi questionado acerca da nova Biblioteca
Central que, por estar orçada em cerca de 100 milhões de euros e ir ocupar o
edifício do antigo tribunal, no centro da cidade, tem suscitado polémica, a
ponto de o presidente da Assembleia Legislativa dizer o hemiciclo irá chamar o
Governo para explicar o projeto quando a sessão recomeçar, em outubro.
Tam
não falou sobre o valor, mas garantiu que a localização é a mais adequada e já
está decidida desde 2006.
"É
bem localizada porque está no centro da cidade. Não estamos a ver um local mais
conveniente. Com certeza que a população pode continuar a discutir mas já há
dez anos que tínhamos decidido que o antigo tribunal é a melhor opção, é um
local bastante bom", disse.
O
secretário lembrou que a biblioteca do Tap Seac "tem uma envergadura
limitada", sendo "difícil ser uma biblioteca central que preste
serviços a todos os cidadãos e visitantes".
A
versão final do Plano Quinquenal define também algumas metas ambientais, de
transportes e infraestruturas.
Sem
fixar datas, o documento indica que se deseja que "os autocarros movidos a
energia elétrica entrem ao serviço efetivo com a brevidade possível".
Entre 2016 e 2019 "serão instalados, de forma faseada, em parques de
estacionamento públicos com condições adequadas, 200 postos de carregamento
elétrico".
Até
2020, ano em que se prevê que o número médio diário de passageiros nos
autocarros chegue aos 700 mil, pretende-se que o número destes veículos movidos
a gás natural aumente até 120.
A
central de incineração de resíduos sólidos será ampliada, prevendo-se um
aumento de 50% na capacidade de tratamento, obra que deve estar concluída em
2021. O secretário para os Transportes e Obras Públicas, presente na sessão de
apresentação, admitiu que o volume de resíduos continua a aumentar anualmente
em Macau, chamando a atenção para a prevalência dos resíduos alimentares, que
considera atípica.
"40%
dos resíduos sólidos são de cozinha e é difícil para a incineração. É uma
situação singular em Macau, que não se passa noutras regiões, por isso peço que
não desperdicem comida", disse, acrescentando depois que o Governo
acredita que a maioria destes resíduos não tem origem doméstica, mas sim nas
dezenas de hotéis da cidade.
ISG
// NS - Lusa
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