Não
responder a estas justas reivindicações é pôr a segurança do Estado em perigo
já que a exclusão, a ilegalidade, a marginalização são o terreno fértil para a
criminalidade e a radicalização neofascista de várias roupagens
Jorge
Fonseca de Almeida – Jornal Tornado, opinião
Em
luta por Direitos Iguais e Documentos para Todos, muitos imigrantes vão
manifestar-se no próximo dia 13 de Novembro, domingo, pelas 14 horas, no Largo
Martim Moniz. Muitos portugueses aí estarão também para os apoiar. Mas que
direitos são estes que reivindicam os imigrantes e que documentos pretendem?
Mas
que direitos?
Descontar
para a Segurança Social
Reivindicam
o direito a descontar para a Segurança Social, assim contribuindo para as
pensões dos nossos reformados, reivindicam o direito de pagar impostos, assim
contribuindo para a redução do deficit, reivindicam o direito de aceder ao
serviço nacional de saúde, assim evitando a propagação de doenças entre a
população, reivindicam o direito a serem integrados na sociedade portuguesa e
acederem à nacionalidade, assim diminuindo o risco de exclusão que está na base
do fenómeno de radicalização neofascista que temos assistido na Europa com
trágicas consequências.
Estado
português seja uma pessoa de bem
Reivindicam
que o Estado português aja como pessoa de bem, cumpra os prazos, seja célere a
atender as pessoas, o prazo médio para atendimento no SEF é de vários meses, e
as retire da situação de fragilidade legal e as integre como imigrantes legais
ou como nacionais na nossa comunidade.
Todas
estas reivindicações são favoráveis aos interesses da grande maioria da
população portuguesa e do Estado português.
Não
responder às reivindicações é…
Ser
cúmplice
Não
responder a estas justas reivindicações é ser cúmplice com redes criminosas de
tráfego de pessoas, com a inaudita exploração de que são alvo por patrões sem
escrúpulos que aproveitam a situação de ilegalidade para não procederem ao
pagamento de ordenados e não cumprirem as regras de segurança laborais. É ser
conivente com a monstruosa exclusão do direito à saúde de milhares de crianças
que não podem ter acesso a médicos, tratamentos e remédios.
Privar
o Estado de receitas
Não
responder a estas justas reivindicações é privar a segurança social de
importantes e necessárias contribuições, é privar o Estado de receitas fiscais
num momento em que elas são precisas.
Colocar
a segurança em perigo
Não
responder a estas justas reivindicações é pôr a segurança do Estado em perigo
já que a exclusão, a ilegalidade, a marginalização são o terreno fértil para a
criminalidade e a radicalização neofascista de várias roupagens.
Acresce
que os imigrantes são necessários em Portugal num momento em que, em virtude
das políticas seguidas de redução de rendimentos e bens públicos como saúde e
educação, a natalidade nacional é extremamente baixa, o saldo natural entre
nascimentos e óbitos é já negativo, e a viabilidade da nação depende da
manutenção ou aumento da população.
4%
da população residente é estrangeira
Em
Portugal cerca de 4% da população residente é estrangeira. Dos estrangeiros que
vivem em Portugal 150 mil vêm da Europa chegados da Roménia, da Ucrânia mas
também muitos reformados ingleses e franceses, cerca de 100 mil de Africa em
que a maior comunidade é a cabo-verdiana, outros 100 mil da América Latina,
neste caso quase exclusivamente do Brasil e 40 mil da Ásia, maioritariamente da
China.
Muitos
dos seus filhos nascem aqui. Mas ao contrário do que acontece nos EUA e noutros
países essas crianças não adquirem a nacionalidade portuguesa. Crescem no nosso
país, vão à escola, mas é-lhes negada a cidadania. São rejeitados sem razão,
criados num clima de exclusão é natural que se possam sentir ressentidos com o
país que devia ser o seu. Uma injustiça que é preciso corrigir.
Depois
de uma concentração em frente da Assembleia da República no dia 27 de Outubro
que passou largamente desapercebida e não debatida pelos órgãos de comunicação
oficiais, os imigrantes e os seus amigos portugueses, convocados pelas suas
associações, voltam à rua para fazer ouvir a sua voz em defesa dos direitos
sociais.
É
tempo de o Governo tomar medidas decisivas para a integração destas pessoas. A
bem de todos nós.
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