segunda-feira, 7 de março de 2016

O SULTANATO



Rui Peralta, Luanda

Os analistas políticos turcos (mesmo os pró-governamentais) concordam que a política externa do país sob o governo do Partido Justiça e Desenvolvimento (AKP) é uma manta de retalhos. Segundo a opinião maioritária, isso é causado pelo abandono da política externa laica que dominou desde Ataturk – o fundador e modernizador da Republica Turca – e respectiva substituição por uma política externa islamizada. Esta alteração de posicionamento reduz as opções, principalmente num momento turbulento que atravessa toda a região Euroasiática. A Turquia encontra-se numa situação de isolamento e incapaz de influenciar, a nível regional, os acontecimentos, mesmo os que têm sérios impactos negativos nos seus interesses.

A política externa desenhada por Mustafá Kemal Ataturk era baseada no princípio “Paz em casa, Paz no mundo”, que obrigava a Turquia a ter uma visão geopolítica bem estruturada, que harmonizava-se com a política de desenvolvimento e de modernização. Com o AKP, com a sua ideologia assente na premissa da “visão nacional”, alicerçada numa concepção islâmica sunita, na linha política da Irmandade Muçulmana, os princípios orientadores geopolíticos e geoestratégicos turcos foram alterados. De uma geopolítica cuidadosa e defensiva, o AKP passa, com o crescimento económico, a uma política de relacionamentos instáveis com os vizinhos e com os outros poderes regionais.

O AKP iniciou uma política externa idealista, durante o governo de Ahmet Davutoglu, que foi ministro das relações exteriores de 2009 a 2014. Partindo do principio de que a Turquia era o principal “player” na região e que, nesse papel, poderia rearranjar os acordos estabelecidos e assumir o controlo regional, o governo do AKP esqueceu-se da “realpolitik” e do lugar geopolítico da Turquia. Em política externa não existem amizades eternas nem eternas inimizades e, muito menos, interesses eternos. E erros após erros, os turcos ficaram atolados em pântanos, assistindo ao apodrecimento das suas relações com Israel, Egipto e Síria e ao agravamento das suas conturbadas relações com a Rússia. Além destes desaires as relações com a Europa tornaram-se, no mínimo, catastróficas e mesmo com os USA as relações são de desconforto. O AKP afastou a Turquia do Ocidente, falhou o compromisso de Shangai, no âmbito dos acordos de Cooperação e deixou o país isolado e atolado. Tenta o retorno ao chapéu-de-chuva do Ocidente, mas essa é apenas, hoje, uma tentativa, nada mais.

A concepção de que a Turquia é o líder regional sunita ganhou um novo impulso com o Presidente Recep Tayyip Erdogan, que mergulhou o país no isolamento. A política externa requer uma visão clara e objectiva da realidade, não emocional e não doutrinária. Com Erdogan acontece o contrário. A Turquia mergulha nos problemas regionais, toma posições por um dos lados em conflito e resume a sua actuação a uma posição doutrinária. Erdogan esquece-se que erros estratégicos não podem ser corrigidos por movimentos tácticos.

Os erros de Ancara são de diversa ordem e a Turquia mergulha numa situação de guerra declarada, a nível interno e externo. O conflito sírio é um exemplo de como está atolada a manta de retalhos externa turca.

As forças governamentais sírias, apoiadas pelas forças russas, tentam controlar as vias de abastecimento entre a Turquia e a cidade de Alepo. Entre os aliados das forças governamentais sírias encontram-se as Unidade de Protecção das Populações Curdas (YPG), que desempenham um papel importante no controlo da fronteira turca/síria. Ora, Ancara, declarou o YPG como organização terrorista, devido á sua ligação com o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK). O governo turco quer evitar a expansão do PKK em Afrin, um cantão curdo, localizado a noroeste de Alepo com receios que os curdos utilizem esta zona como base para as suas actividades na Turquia.

O YPG, recentemente, avançou para Este, em direcção á cidade de Azaz, o que levou o 1º ministro turco Ahnet Davutoglu a declarar que a Turquia não permitira o controlo de Azaz pelos curdos. Estas declarações não evitaram que o YPG capturasse a cidade de Tell Rifaat, a poucos quilómetros de Azaz, com o apoio da Força Aérea russa. Por outro lado, no âmbito das Forças Democráticas Sírias (SDF, opostas ao governo sírio, mas aliadas no combate ao Califado), o YPG cercou a cidade de Marea e prosseguiu o seu avanço pela zona fronteiriça. O YPG que em Junho passado, com o suporte aéreo das forças norte-americanas, libertou Tell Abyad, cidade que estava ocupada pelo Estado Islâmico (ISIL), avança agora em toda a região fronteiriça com o suporte russo, o que assusta o governo turco.

Com o cerco a Marea o YPG exerce controlo sobre estradas fundamentais na ligação á fronteira e exerce pressão a Este e a Oeste de Raqqa, controlada pelo ISIL. Esta manobra permitiu-lhe o apoio russo e norte-americano, situação ainda mais preocupante para o governo turco e é fácil de perceber as dores de cabeça dos governantes turcos. Com o suporte aéreo russo, o YPG, pode expandir a sua presença no cantão de Afrin, criando um corredor entre este cantão e os cantões curdos de Kobani e Jazeera, corredor que isolará a área sunita da Síria, impedindo-a de ligar-se á fronteira turca. Este cenário é um pesadelo para todo o bloco sunita, composto pela Turquia e pelos Estados do Golfo. Por sua vez com o suporte aéreo norte-americano o YPG ataca Raqqa, a capital do ISIS, integrado no eixo oposicionista sírio reunido em torno do SDF.

O YPG pode, assim, gerir os seus relacionamentos com russos e norte-americanos e ter um papel decisivo na busca de entendimentos que levem a um acordo que permita resolver o problema sírio. E isto também não agrada a Ancara, uma vez que o protagonismo curdo na Síria e no Iraque representa um aumento das revindicações dos curdos da Turquia. Mas o protagonismo curdo representa, também, uma perda de oportunismo turco. Ancara quer liderar as forças sunitas sírias e criar uma força aérea sunita de combate ao ISIS, cujo centro de formação é em Konya e que conta com seis F-15 sauditas e com instrutores turcos. Este treino inclui operações de coordenação com forças terrestres. A todo o momento esperam-se mais vinte F-15 fornecidos pela Arábia Saudita, e que serão enviados para a base aérea de Incirlik, onde são aguardados aviões de combate do Qatar.

Esta força sunita conjunta, suportada pela Turquia, Arábia Saudita e Qatar pretende levar a cabo operações na Síria e aguarda autorização norte-americana para participar nos bombardeamentos aos bastiões do ISIL, como Raqqa e Deir-ez-Zor. Mas esta autorização pode ser demorada ou nunca chegar a acontecer, pois esta força aérea sunita representa para os USA um “plano B” nas suas negociações estratégicas com a Rússia e não pretendem, para já, abrir os portões para a acção saudita e turca na Síria.

Outro instrumento utilizado pela Turquia para influenciar o seu papel na Síria são os 155 morteiros de longo alcance que estão espalhados na sua fronteira, em torno de Kilis. Com estes morteiros os turcos podem atingir facilmente Azaz e Marea, que distam cerca de 10 milhas da fronteira. Por outro lado as forças armadas turcas estão a concentrar artilharia pesada ao longo da fronteira, na área controlada pelo Partido Democrata Unido Curdo (PYD) em Kobani, Teel Abyad e Qamishli. Esta concentração de equipamento permite á artilharia turca cobrir mais de 25 milhas no interior do território sírio. Este plano encontra-se, no entanto, suspenso, devido às chamadas de atenção por parte do Conselho de Segurança das Nações Unidas (embora não seja, ainda, uma resolução da ONU).

Um segundo factor que pode levar Ancara a atolar-se completamente nos campos de batalha sírios é a tese do “Novo Afeganistão russo”, concepção que é partilhada com a Arábia Saudita e que nasceu entre as facções sunitas radicais da oposição síria. Esta tese é alicerçada na entrega imediata de misseis Sting e SA-7 portáteis, de curto-alcance, misseis terra-ar antiaéreos portáteis (conhecido por MANPADS, iniciais de Man-Portable Air Defense Systems), á semelhança do que acontecia com os combatentes anti-soviéticos no Afeganistão. Isso implicaria o abate de aviões e helicópteros russos, impedindo a força aérea russa e síria de controlarem o espaço aéreo sírio. Para turcos e sauditas esta era, também, a forma de eliminar a pressão russa e governamental síria sobre Alepo.

Enquanto a situação síria desenvolve-se, Ancara manifesta impreparação. O governo turco utiliza o conflito sírio para consumo interno e a sua máquina de propaganda tenta criar uma imagem de vitória, passada ao eleitorado. Recusando-se a analisar de forma realista o contexto sírio, a política externa turca esconde-se numa capa doutrinária profundamente demagógica e que pode conduzir a Turquia a uma interminável guerra com a Síria, Irão e a Rússia, enquanto internamente, se desenvolvem condições para um conflito interno de grande intensidade com as comunidades curdas que habitam na Turquia e com outras minorias.

Ao considerar a Síria e os curdos como ameaças á sua existência, Ancara faz parte do problema e não da solução. A sua crescente cooperação com a Arábia Saudita e o seu envolvimento na criação de um “bloco sunita” são factores de forte tensão em toda a região. Não faltará muito para os povos da região terem mais um inimigo: além do fascismo do Califado, começam já a equacionar um eventual sultanato…

Fontes
Idiz Semih  What happened to Turkey's foreign policy? http://www.al-monitor.com
Idiz Semih  Turkey, 2016: foreign policy prospects not promising http://www.al-monitor.com
Idiz, Semih  Turkey ups the ante in Syria http://www.al-monitor.com
Karakaya, Kerim Turkey economic success dramatically changed http://www.al-monitor.com
Cetingulec, Mehmet Turkey/Iran: trade deal prove huge disappointment http://www.al-monitor.com
Gurcan, Metin  Turkey/Syria: new threats opportunities to Ankara http://www.al-monitor.com
Gurcan, Metin  Will Turkey, Russia fan flames into an inferno? http://www.al-monitor.com
Taştekin, Fehim Turkey/Syria: hopeless azaz battle http://www.al-monitor.com
Mert, Nuray Turkeys difficult times http://www.hurriyetdailynews.com

Moçambique. JÁ VAI TARDE, SENHOR COMANDANTE!



@Verdade, editorial

A notícia dando conta da exoneração do comandante-geral da Polícia da República de Moçambique (PRM), Jorge Khalau, foi comemorada com júbilo e louvores, fazendo lembrar de uma final de um campeonato. A notícia fez vibrar todos os quadrantes da sociedade moçambicana. Diga-se, em abono da verdade, que nunca antes uma exoneração foi assim tão desejada e aplaudida na história de Moçambique. Na verdade, há motivos mais do que suficiente para tanta alegria por parte dos moçambicanos.

É de senso comum que o senhor Khalau já devia ter deixado de ser comandante-geral da PRM há bastante tempo, devido à inúmeras verborreias e esgares que andou a emitir por onde passava, principalmente quando estivesse diante de alguns pés de microfone.

Aliás, é sabido que Khalau, ao longo dos sete anos que dirigiu a Polícia moçambicana, pouco ou quase nada fez para melhorar a imagem de uma instituição que tem sido visada pela incapacidade de controlar a criminalidade organizada e a corrupção entre os seus agentes. Ou seja, o recrudescimento da criminalidade, o seu discurso doentio e arrogante, para além de ter colocado a Polícia moçambicana na lista dos maiores violadores dos direitos humanos, são alguns dos aspectos que deviam ter sido levados em conta para exonerá-lo no primeiro ano do seu mandato.

Durante o reinado de Khalau, a Polícia atropelou deliberadamente o Estado de Direito, promovendo violência política, detendo vários cidadãos sem qualquer tipo de prova, sobretudo indivíduos pertencentes a partidos da oposição, e fazendo o uso de força para conter manifestações pacíficas de cidadãos indefesos.

O legado que o senhor Khalau deixou é composto por vagas de raptos que atingiram as cidades de Nampula, Beira e Maputo, com envolvimento de agentes policiais, crimes mediáticos ainda por solucionar como é o caso do homicídio em 2015 do constitucionalista Gilles Cistac, para além da corrupção, sobretudo extorsão a cidadãos na via pública e automobilistas, incluindo relatos de aluguer de armas para a prática de crimes.

A exoneração de Jorge Khalau é, sem dúvidas, a “purificação das fileiras” de que a Polícia moçambicana precisava há bastante tempo. Embora não seja de todo a solução para os problemas que enfermam a PRM, é importante que se diga que é um grande passo dado.

NOVO ATAQUE CONTRA AUTOCARRO NO CENTRO DE MOÇAMBIQUE



Homens armados alvejaram hoje um autocarro da companhia Nagi Investiment na zona de Zero, província da Zambézia, centro de Moçambique, disseram à Lusa habitantes locais, indicando a existência de feridos.

Este é o segundo ataque envolvendo a mesma transportadora em menos de três dias, após duas pessoas terem morrido e outras oito ficado feridas numa emboscada no sábado em Honde, distrito de Barué, província de Manica.

"No Zero [distrito de Mopeia] o autocarro foi mandado parar e não parou. Então foi atingido com balas", disse à Lusa um morador da região, sem detalhes sobre os atacantes ou o número de feridos, descrevendo apenas que algumas pessoas foram encaminhadas para assistência hospitalar.

Lusa

PR moçambicano acusa Renamo de recorrer à violência como arma de pressão



O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, repudiou hoje em Maputo os ataques armados atribuídos à Renamo (Resistência Nacional Moçambicana), acusando o principal partido de oposição de recorrer à violência como instrumento de pressão.

"Nada justifica tamanha violência contra o povo moçambicano, nada justifica que se tire a vida de um compatriota como arma ou instrumento de pressão ou negociação para conseguir o poder", afirmou Nyusi, falando na tomada de posse do novo governador da província de Inhambane, Daniel Chapo.

O chefe de Estado lamentou o facto de a crise político-militar que assola o país ter levado à fuga de milhares de moçambicanos para o Malaui, assinalando o empenho do Governo em identificar as motivações do conflito.

Lusa

Justiça moçambicana investiga todos os ataques atribuídos à Renamo



A justiça moçambicana abriu processos para todas as ocorrências relativas a ataques nas estradas atribuídos à Renamo (Resistência Nacional Moçambicana), informou hoje em Luanda a procuradora-geral da República.

Beatriz Buchili, que realiza uma visita de trabalho de seis dias a Angola, assegurou, questionada pela agência Lusa, que "todos os ataques estão a ser investigados" e têm processos já abertos.

"Em função dessas ocorrências, vamos dar o devido tratamento", referiu a procuradora-geral da República moçambicana.

Segundo Beatriz Buchili, no informe anual que vai prestar à atual sessão ordinária da Assembleia da República, será fornecido o número exato de processos em investigação.

"Mas em todas as ocorrências que foram feitas - porque são crimes - nós temos atuado e dado o devido tratamento", reiterou Beatriz Buchili.

A instabilidade em Moçambique tem vindo a deteriorar-se, com acusações mútuas de ataques armados, raptos e assassínios de dirigentes políticos.

Nas últimas semanas, foram registados ataques a colunas de veículos civis escoltadas pelos militares atribuídos à Renamo, em dois troços da N1, a principal estrada do país, na província de Sofala, centro do país.

Além de Sofala, há registo de mais incidentes noutras províncias do centro de Moçambique, nomeadamente em Manica, onde no sábado uma emboscada contra um autocarro provocou a morte de duas pessoas e ferimentos em oito.

A Renamo nunca confirmou nem desmentiu a autoria destes ataques.

O diálogo entre Governo e Renamo está bloqueado há vários meses, levando o líder da oposição, Afonso Dhlakama, a ameaçar tomar o poder nas seis províncias onde reclama vitória nas últimas eleições gerais.

A crise política e militar em Moçambique provocou igualmente a fuga de milhares de habitantes da província de Tete para o vizinho Malaui.

NME (HB) // VM - Lusa

Líder da Renamo condiciona diálogo com PR moçambicano à presença de mediadores



O líder da Renamo, Afonso Dhlakama, condicionou hoje a retoma do diálogo com o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, à aceitação de um grupo de mediadores constituído pelo Governo sul-africano, Igreja Católica e União Europeia.

Na resposta por escrito à carta-convite endereçada pelo Presidente moçambicano na sexta-feira, o líder da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana) concorda com o reatamento do diálogo, mas, "como forma de evitar os acontecimentos do passado", sujeita às conversações a pontos prévios, nomeadamente a mediação daquelas entidades.

"A Renamo propõe que o Governo aceite publicamente a credenciação destes mediadores, como forma de mostrar ao povo moçambicano e ao mundo em geral o seu compromisso com a paz e reconciliação nacional", declara o maior partido de oposição, na carta, com data de hoje, assinada pelo chefe de gabinete de Dhlakama.

Na missiva, a Renamo lembra que já tinha proposto o envolvimento daquelas instituições e "cujas respostas foram favoráveis", acrescentando que só indicará a sua equipa de preparação para um encontro com o chefe de Estado "uma vez aceite a credenciação dos propostos mediadores".

O Presidente moçambicano dirigiu na sexta-feira um convite ao líder da Renamo para a retoma do diálogo e pediu ao maior partido de oposição "máxima urgência" na designação dos seus representantes para preparar um encontro ao mais alto nível.

"O Presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi, em cumprimento das decisões do Conselho Nacional de Defesa e Segurança, endereçou um convite ao presidente da Renamo, Afonso Dhlakama, para a retoma do diálogo ao mais alto nível, visando encontrar os melhores caminhos para restaurar a paz e prosseguimento do caminho do desenvolvimento", adianta a Presidência num comunicado enviado à Lusa.

A carta, segundo a nota da Presidência, decorre da reunião, a 24 de fevereiro, do Conselho Nacional de Defesa e Segurança, que determinou a continuação dos esforços do chefe de Estado para a retoma do diálogo com o líder do maior partido de oposição.

No convite, o chefe de Estado solicita "máxima urgência possível" na designação dos representantes da Renamo para o regresso ao diálogo.

Do seu lado, Filipe Nyusi designou Jacinto Veloso, membro do Conselho Nacional de Defesa e Segurança, Maria Benvinda Levi, conselheira do Presidente da República, e Alves Muteque, quadro da Presidência, para a preparação do encontro com Dhlakama.

Na resposta, a Renamo saúda a iniciativa do Conselho Nacional de Defesa e Segurança e, "como protagonista do diálogo, ora temporariamente interrompido, concorda que este seja retomado, com vista a encontrar os melhores caminhos para restaurar a paz e prosseguir com o desenvolvimento nacional".

Para justificar a necessidade da mediação da África do Sul, Igreja Católica e União Europeia, a Renamo invoca acontecimentos do passado recente, "que se caraterizaram em encontros ao mais alto nível sem agenda própria, aperto de mão sem verdadeiro sentido de reconciliação e conversas sem registo".

O maior partido de oposição menciona ainda "falta de seriedade" do Governo no cumprimento dos acordos alcançados nas sessões de diálogo de longo-prazo no Centro de Conferências Joaquim Chissano, em Maputo.

A instabilidade em Moçambique tem vindo a deteriorar-se, com acusações mútuas de ataques armados, raptos e assassínios de dirigentes políticos.

Nas últimas semanas, foram registados ataques a colunas de veículos civis escoltadas pelos militares atribuídos à Renamo, em dois troços da principal estrada do país, na província de Sofala, centro do país.

Nyusi e Dhlakama avistaram-se duas vezes no início de 2015, mas o diálogo entre Governo e Renamo está bloqueado há vários meses, levando o líder da oposição a ameaçar tomar o poder nas seis províncias onde reclama vitória nas últimas eleições gerais.

HB/PMA // VM - Lusa

GOVERNO MOÇAMBICANO REITERA APOIO À INDEPENDÊNCIA DA PALESTINA



O Governo moçambicano reiterou hoje o seu apoio ao direito da Palestina à autodeterminação e independência, defendendo Jerusalém como capital do estado palestiniano.

Segundo um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Moçambique, a posição de Maputo foi transmitida pela embaixadora moçambicana na Indonésia, Maria Gustava, durante a sua intervenção na 5.ª Cimeira Extraordinária da Organização para a Cooperação Islâmica (OCI) sobre a Palestina e Jerusalém, que hoje terminou em Jacarta.

"Moçambique saudou a adoção pelas Nações Unidas da resolução 67/19 de 29 de novembro de 2012, que concedeu ao Estado da Palestina o estatuto de observador na ONU", lê-se na nota de imprensa.

Essa decisão, prossegue o comunicado, simboliza o apoio incondicional da comunidade internacional ao princípio da criação de dois estados independentes e soberanos, o de Israel e da Palestina, baseados nas fronteiras de 1967.

De acordo com a nota, a independência da Palestina é a pré-condição para o povo deste território satisfazer o seu direito à paz, estabilidade, desenvolvimento económico sustentável e bem- estar social.

PMA // PJA - Lusa

SEITA ANGOLANA “KALUPETEKA” CONHECE SENTENÇA NO HUAMBO A 30 DE MARÇO



O Tribunal do Huambo agendou para 30 de março a leitura da sentença do caso envolvendo nove seguidores e do líder da seita angolana "A luz do mundo", acusados do homicídio de nove polícias em abril de 2015.

A informação foi prestada hoje à Lusa pelo advogado de defesa, David Mendes, após a sessão final do julgamento, de leitura dos quesitos (matéria dada como provada), que antecede a leitura da sentença.

Neste processo, o Ministério Público (MP) do Huambo exige a condenação dos dez homens, enquanto a defesa pediu a absolvição de todos por "insuficiência de provas".

Durante o julgamento, o líder da seita e principal visado neste julgamento, José Julino Kalupeteka, também apelidado de "profeta" pelos seus seguidores e que advogava o fim do mundo em 2015, recusou a autoria dos confrontos ou de atos de violência.

"Num processo como este, muito mediático e com muita interferência política, não estou a ver a probabilidade de o tribunal absolver por exemplo o Kalupeteka. Mas há pessoas que ficou muito claro que não tinham nada que ver com o que aconteceu", disse o advogado David Mendes, em declarações à Lusa.

Kalupeteka, de 46 anos e detido preventivamente desde abril, é o principal visado dos dez acusados e está indiciado pela coautoria material de nove crimes de homicídio qualificado consumado, crimes de homicídio qualificado frustrado e ainda de desobediência, resistência e posse ilegal de arma de fogo.

Os restantes elementos são visados igualmente por crimes de homicídio qualificado consumado e frustrado.

Recordando os quase dois meses de julgamento, David Mendes, da associação de defesa dos direitos humanos "Mãos Livres", reconhece que o mesmo "começou de forma muito tensa", mas que foi "acalmando nos últimos dias", permitindo "mudar" aquilo a "convicção inicial, não só do tribunal como da sociedade", de "que os indivíduos ligados ao Kalupeteka teriam sido assassínios convictos".

"Depois do julgamento a sociedade já tem uma outra convicção e já repara de forma diferente", apontou o advogado.

A defesa insiste que não ficou provado que o líder da seita terá desobedecido, resistido às autoridades ou orientado os seus seguidores a criarem postos de vigilância para, posteriormente, agredirem os agentes da Polícia Nacional.

Já o MP concluiu que os atos preparatórios alegadamente verificados antes do crime, a 16 de abril - confrontos que levaram à morte, segundo a versão oficial, de nove polícias e 13 fiéis, no Huambo -, os elementos daquela igreja prepararam machados, facas, mocas para atacar os "inimigos da seita ou mundanos".

Em causa estão os confrontos entre os fiéis e a polícia, cujos agentes tentavam dar cumprimento a um mandado de captura - na sequência de outro caso de violência na província vizinha do Bié e que também está a ser julgado - de Kalupeteka e outros dirigentes e alguns dos seguidores que estavam concentrados no acampamento daquela igreja, no monte Sumi, província do Huambo.

A defesa alegou anteriormente que na zona dos confrontos estariam cerca de oito dezenas de adultos, crianças e bebés, tendo a polícia apresentado em tribunal mais de 80 armas, como mocas e machados, apreendidos no local, suspeitando por isso da veracidade destas provas.

A oposição angolana denunciou na altura dos crimes a existência de centenas de mortos entre os populares, naquele acampamento, e pediu uma investigação internacional, acusações e pretensão negadas pelo Governo.

A acusação contra os homens, com idades entre os 18 e os 54 anos, refere que as mortes dos agentes da polícia resultaram essencialmente de agressões com objetos contundentes, inclusive paus, punhais e catanas, às quais alguns polícias responderam com disparos.

PVJ // PJA - Lusa

Angola. O MANEL VILSENTE (UMA HISTÓRIA DE FICÇÃO)



Brevemente será anunciado, talvez em conferência de imprensa, pelo Manel Vilsente, Vice-Presidente de um reino africano, que o apartamento comprado e depois vendido, no Estoril, em Portugal, por cerca de quatro milhões de dólares, para lavagem de kumbu, pelo Manuel Vilsente, Vice-Presidente de de um reino africano, não foi comprado e vendido pelo Manel Vilsente, Vice-Presidente de um reino africano.

Domingos Kambunji – Folha 8, opinião

Ainda não temos a certeza se o Manel Vilsente, Vice-Presidente de um reino africano, irá acusar, como traficante, na lavagem de kumbu, um dos criados de limpeza do deturpado João Pintinho, do inimigo das redes sociais, o General Karamba, ou um daqueles africanos que passam muitas necessidades alimentares, no sul do reino ou nos subúrbios dos grandes centros urbanos da capital.

Enquanto não for dada essa informação, um Procurador da República de Portugal, monangambé do Manel Vilsente, o Vice-Presidente de um reino africano, permanecerá a ver o sol aos quadradinhos, no kuzu, porque não tem quatro milhões de dólares para lavar, como tem, muitíssimos mais, o Manel Vilsente, Vice-Presidente de um reino africano.

Quem será o culpado de tudo isto? Certamente que não será o Manel Vilsente, Vice-Presidente de um reino africano.

O Procurador português deveria ter exigido luvas no valor de quatro milhões de dólares, por cada milhão lavado pelo Manel Vilsente, Vice-Presidente de um reino africano. Assim ele poderia ter kumbu suficiente para comprar o kuzu e, num gesto de elevado empreendedorismo, transformar o kuzu num hotel de luxo, com cinquenta estrelas, em sociedade com a Isa da bel e o Zé do du.

Onde poderiam arranjar tantas estrelas? Até parece que és parvo!… Seriam aquelas que o Zé do du roubou aos Meninos lá do interior, os que acreditaram que as estrelas eram do povo!

Há quem diga que tudo isto é demasiado indecente. Certamente que não o será para o Zé do du, o Presidente, e o Manel Vilsente, o Vice-Presidente.

Como é possível que, nesse reino africano, o Manel Vilsente ocupe um cargo de tanta importância?!… Porque existe uma desavergonhada conivência entre o Manel Vilsente e o Zé do du. Foi por isso que ele ofereceu-lhe um cargo na Vice-Presidência!

Angola-Cabinda. FLEC/FAC CONDENA “ACÇÕES BÁRBARAS E SELVÁTICAS”



Em comunicado enviado ao Folha 8, a FLEC/FAC “condena energicamente o comportamento e os actos bárbaros do governo angolano que pratica a lei selvática da opressão contra as populações indefesas no território de Cabinda”.

“Mais uma vez alertamos a comunidade internacional e especialmente os Estados Unidos da América, França, Grã-Bretanha, Alemanha, Portugal, União Europeia e União Africana, sobre o maior risco de represálias que as populações indefesas de Cabinda atravessam neste momento, depois das acções militares que tiveram lugar ultimamente no território entre as Forças Armadas agressoras angolanas e os guerrilheiros da FLEC/FAC”, afirma-se no comunicado.

Diz a FLEC/FAC que “e repressão agravou-se após a viagem a 29 de Fevereiro do Chefe de Estado Maior General das Forças Armadas angolanas, general Geraldo Sachipengo Nunda, com um aumento dos raptos, desaparecimentos e brutais detenções em Cabinda”, pormenorizando que “às 3 horas de madrugada do dia 1 de Março 2016, as Forças da segurança angolana cercaram a residência do cidadão Eugénio Chiveve, onde uma série de detenções arbitrárias foram efectuadas por falsas acusações de serem membros da FLEC.”

Neste contexto, “a direcção político-militar da FLEC/FAC reafirma a sua inabalável vontade política da busca de uma solução pacífica para o conflito, por via de negociações políticas baseadas num diálogo, franco, aberto, transparente e inclusivo entre as autoridades, angolanas e cabindesas com a supervisão da comunidade internacional”.

“Nós cabindas não somos senhores de guerra, esta guerra é imposta pelo regime militarista angolano que ocupa ilegalmente o nosso território, mas estamos hoje prontos para fazer face a qualquer provocação das forças de segurança angolanas. Reiteramos ao presidente angolano José Eduardo dos Santos que deve assumir a sua responsabilidade e solucionar o conflito que dura há 40 anos por via de diálogo entre as parte”, refere o comunicado da FLEC/FA, assinado pelo seu porta-voz, Jean Claude Nzita, terminando com a reafirmação de que acreditam “que relançando o diálogo entre o governo angolano e a FLEC/FAC, é possível encontrar uma solução pacífica”.

Folha 8

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Portugal. É melhor ter trabalho precário que desemprego, ou o sacana mostra a sua raça?



O senhor La Palisse da CIP falou ao Diário Económico e o Expresso parcialmente publicou. Basta agarrar no título para aquilatar o estilo de tal exemplar de barriga a abarrotar com tudo do bom e do melhor em detrimento dos que nada têm embora trabalhem no duro por uma vida inteira. O patrão da CIP usa as casas, o mobiliário, as piscinas privadas e exibe a sua ostentação como se nada deva aos que em somenos importância construíram aqueles seus ultra-confortos com salários de miséria em que numa vida não auferem o que o patrão da CIP aufere em cinco ou dez anos. Provavelmente até em menos tempo.

O patrão da CIP viaja pelas estradas de Portugal e atravessa rios em pontes seguras construídas com o esforço dos operários mal remunerados e até algumas vezes com a perda das suas vidas, hipoteticamente compensadas por um seguro de miséria destinado à viúva e aos filhos. O patrão de CIP declara que “Mais vale ter trabalho precário do que desemprego”. Esse tal trabalho precário que de um segundo para o outro deixa de ser precário para significar desemprego. O presidente da CIP adora certamente trazer os escravos tementes à entidade patronal com o trabalho precário, que são na atualidade as modernas grilhetas.

E o homenzinho afirma isso mesmo com o maior dos desplantes e total ausência de sentimentos e humanidade, como uma verdade de La Palisse e como algo bom, quando não é.

O trabalho precário está a ser destinado aos seres humanos que as entidades patronais usufruem como algo que lhes permite reprimir os trabalhadores através da instabilidade que esse mesmo trabalho precário tem por objetivo. Veja-se que os empregadores estão a utilizar o trabalho precário em postos de trabalho onde precisam permanentemente de empregados. Logo não deviam ser empregos precários mas sim efetivos, pois a permanência daqueles empregados naquele posto ou postos de trabalho é necessária ou são necessárias. Os empregadores aproveitam-se abusivamente é da modalidade de trabalho precário e fazem com que empregados cumpram mais de 50 horas de trabalho por semana, com um único dia de folga, por mais 60 ou 80 euros mensais, a somar ao salário mínimo nacional. Onde é que tal acontece? Pois, para já, na industria hoteleira e restauração, no comércio e serviços, em fábricas (algumas) de menor destaque e visibilidade. Noutras atividades também.

O sujeito La Palisse da CIP disse que é melhor qualquer “coisinha” do que não ter “coisinha” alguma. Só que essa coisinha é instabilidade, é escravidão, é repressão, é fascismo empresarial exercido sobre os que têm de mal-vender e sujeitar a sua força de trabalho a Exploração desenfreada. Uma máquina é muito mais bem tratada que um ser humano à mercê destes modernos esclavagistas.

Evidencie-se esta declaração na referida entrevista: "Para o presidente da CIP, “numa situação como aquela em que está a economia”, é preferível “ter um contrato a termo, com regras e respeito pelo ser humano, do que ter mais um desempregado”.

Diz ele "regras e respeito pelo ser humano". Mas então este senhor La Palisse não sabe o que acontece? Não sabe que o trabalho precário se destina a tementes de perderem o emprego (precário) e que se sujeitam a desumanidades sem as denunciarem por terem por certo que a seguir vão mais depressa para o desemprego total?

Ou o patrão da CIP recheia a entrevista com "humanidades" só para ficar bem na "fotografia"? Só pode.

Contrata-se um empregado. Acaba o curto contrato e vai embora. Admite-se outro... E assim sucessivamente por toda a vida, se quiserem. Fora os trabalhadores que estão no limbo de forma ilegal, mas estão. Onde está a humanidade? Já para não referir novamente e mais longamente as tropelias que empregadores exercem desumanamente sobre empregados. Queixam-se a quem? A legislação é que devia ser imensamente restritiva para acabar com os abusos, com as grilhetas que é o trabalho precário. Pois, mas é melhor assim do que nada. Isso tem um nome: sacanagem.

Aquele “democrata” humanóide da CIP faz lembrar a variação de um slogan publicitário que em tempos estava na berra: “o sacana mostra a sua raça”.

Redação PG / MM

Presidente da CIP: “Mais vale ter trabalho precário do que desemprego”

Quanto ao salário dos políticos, António Saraiva defende que recebem “mal” ou “muito mal”. Por isso, entende que o cenário mais justo seria que recebessem “de acordo com o desempenho” e responsabilidades atribuídas

Existe demasiado trabalho precário em Portugal, assume António Saraiva, presidente da CIP - Confederação Empresarial de Portugual, em entrevista ao “Diário Económico” esta segunda-feira. Mas, mesmo assim, afirma que “mais vale ter trabalho precário do que desemprego”. Para o presidente da CIP, “numa situação como aquela em que está a economia”, é preferível “ter um contrato a termo, com regras e respeito pelo ser humano, do que ter mais um desempregado”.

António Saraiva, que afirma estar disponível para ser reconduzido a um terceiro mandato na CIP, diz também que os capitais desajustados é um dos principais problemas para as empresas. Por isso, defende a necessidade de encontrar novos mecanismos de financiamento. “O erro que detetamos neste Orçamento, entre outros, é que focaliza demasiado no consumo e pouco no investimento e nas exportações ou na troca de importações por fabrico interno”, sustenta.

Relativamente ao Orçamento do Estado para 2016, diz estar expectante. Se não correr tudo bem, acredita que vão ser lançados mais impostos. “Se não for por aumento de IVA, será por outro imposto qualquer”, acredita.

Quanto ao novo emprego de Maria Luís Albuquerque, António Saraiva acha que a ex-ministra não devia ter aceitado a oferta da empresa britânica Arrow Global. “Em termos éticos, se fosse eu não o faria, porque acho que é um mau sinal.”

Mas para lá das questões de ética, para o presidente da CIP esta escolha de Maria Luís Albuquerque deve-se ao facto dos políticos ganharem “mal” ou “muito mal”. “Pelo serviço público, pela alta responsabilidade a que essas pessoas são chamadas, entendo que a sociedade devia ter, tal como existe nas empresas, uma definição de política salarial, uma comissão de remunerações que pagasse de acordo com o desempenho e a responsabilidade e que fosse transparente e aceite por todos”, afirma ao matutino económico.

Fábio Monteiro – Expresso – Foto: Miguel A. Lopes / Lusa

Portugal. TCHIM-TCHIM



Rui Sá – Jornal de Notícias, opinião

Tenho que fazer uma confissão: no frigorífico cá de casa repousa uma garrafa de champanhe que irei abrir e saborear depois de amanhã, dia 9. Comemorando a saída, que espero definitiva, da vida política ativa de Cavaco Silva, que, durante 20 anos, ou seja, metade do que dura o nosso regime democrático, ocupou as mais altas responsabilidades e cargos políticos.

E, não tenho dúvidas (embora na vida tenha muitas e frequentemente me engane...) que muitos dos problemas que o país vive e que não conseguiu ultrapassar devem-se às políticas que Cavaco implementou e acarinhou. Mas, para além desta razão racional, há outras de caráter subjetivo que me levam a comemorar a sua saída. Não gosto do homem, do seu estilo, da sua maneira de ser. E não é um preconceito ideológico, até porque há várias pessoas de Direita que muito respeito e por quem tenho admiração.

Mas no caso de Cavaco isso não acontece. E, procurando analisar as razões para esta "urticária", descubro um conjunto de factos que se sobrepõem à imediata falta de empatia que a sua imagem me provoca. Vejamos quais são esses factos.

Não gosto daqueles que ambicionam o poder acima de tudo, mas que procuram fazer crer que até não o queriam mas que o poder é que lhes caiu no colo, como o caso da mentira mil vezes repetida de que apenas foi ao congresso do PSD na Figueira da Foz para fazer a rodagem do automóvel e saiu de lá, "coitado", como presidente do partido.

Não gosto do que Cavaco fez a Fernando Nogueira. Recordar-se-ão que Nogueira, o mais fiel dos ministros de Cavaco, subiu a presidente do PSD substituindo Cavaco, que, depois de um dos seus habituais tabus, se afastou, em 1995, para se candidatar a presidente da República (1996). Pois quando Nogueira pediu para colocar uma foto de Cavaco nos cartazes eleitorais do PSD, este negou porque queria "apagar" o seu passado como líder do PSD. Quem faz coisas destas a amigos...

Não gosto que Cavaco tenha levado para o poder uma trupe de personagens que, hoje, se distinguem nas páginas de polícia, como Dias Loureiro, Duarte Lima e Oliveira e Costa.

Não gosto do facto de Cavaco ter implementado uma cultura da bajulação ao "chefe", no poder e no Estado, que até fez com que, na Via do Infante, a importantíssima terra de Boliqueime (que ninguém conhecia antes de se saber ser a sua terra natal - numa estória para enfatizar a "humildade" das suas origens...) passasse a ser referida numa saída da autoestrada como se tivesse a mesma importância que Loulé ou Albufeira...

Não gosto que Cavaco, no seu afã de seguir o guião que o procurava transformar no "poço de virtudes e de vida de provação", tenha tido o mau gosto de, em plena crise económica, vir lamentar-se de que a sua "parca" reforma mal lhe dava para viver...

Não gosto que Cavaco, de saída da Presidência, tenha condecorado tanta gente que tão pouco ou tão mal fez pelo país e onde pontua o inefável Sousa Lara que foi a sua cara e mão na vergonhosa exclusão do livro de Saramago "O Evangelho segundo Jesus Cristo" da candidatura ao Prémio Literário Europeu de 1992.

Mais razões poderia apontar. E é por elas que saber-me-á pela vida o champanhe que beberei no dia 9 de março, com a certeza de que há dias felizes na vida do comum mortal...

Portugal. OS VIPS NÃO QUEREM QUE SE SAIBA QUANTO MAMAM OU QUANTO ROUBAM?



A famigerada “lista VIP de contribuintes” criada por Paulo Núncio (na foto), dos tempos do governo de Passos Coelho, não foi extinta e até foi alargada, é o que trazemos via Notícias ao Minuto. Quem assim declara é o presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Impostos.

Alargada como? Pois só pode ser com mais nomes de contribuintes considerados portugueses de primeira, daqueles que têm por vencimentos mensais aquilo que o cidadão normal não ganha em cinco anos de trabalho ou muitos mais anos. Já para não referir os desempregados e outros portugueses que não têm direito a nada, a não ser fome e porrada… da vida e de quem mais quiser malhar.

Não é admissível que tal lista exista. Em democracia vigente na realidade pretende-se e pratica-se o que é para um é para todos em termos de justiça e normativos fiscais ou outros. Pela preocupação e cuidado em tornar inacessível uns quantos cidadãos sobre o que declaram ao fisco só um raciocínio pode prevalecer: querem esconder a realidade das suas posses financeiras e bens materiais por serem provenientes de imoralidades auferidas ou até de roubos. Objetiva e popularmente podemos dizer que esses VIPS não querem que se saiba quanto mamam ou quanto roubam.

O governo PS com o apoio das esquerdas não pode continuar a alimentar aquele esconderijo de uns quantos. É urgente que termine com os processos em curso r os já efetuados aos funcionários das finanças. Tão urgente quanto acabar com a tal “Lista VIP”. Assim como é urgente que a democracia e transparência retirada pelo governo anterior seja reposta.

A seguir, a notícia no Notícias ao Minuto, de lavra de Andrea Pinto. Se estiver a fim leia também um pouco do historial no Vai e Vem sobre a lista que o governo Cavaco-Passos-Portas alegava não existir.

Redação PG / MM

Contribuintes: Lista VIP "não só não foi extinta, como foi alargada"

Denúncia é do presidente do Sindicato dos Impostos

Paulo Ralha, presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Impostos, afirma que os trabalhadores do Fisco continuam a ser alvo de investigações para apurar a que tipo de informações estão a ter acesso. Prova disso, refere, é que quinze dos 29 processos que ainda estão pendentes foram abertos este ano.

“Isto indicia a existência de uma Lista VIP mais alargada, pois quando são dados de pessoas anónimas os trabalhadores nunca são chamados para justificar nada”, afirma o presidente do sindicato ao Notícias Ao Minuto, revelando ainda que os processos a decorrer dizem respeito “a pessoas mediáticas, que surgem muitas vezes nos media, e que são pessoas da política, negócios e finanças”.

Este processo de “auto censura” que funciona como “um filtro do rasto informático” dos trabalhadores está a ter consequências graves entre os trabalhadores que têm medo muitas vezes de aceder aos dados, o que contribui para que não se esteja a proceder ao “combate à fraude fiscal”.

“Tem de haver livre acesso aos dados”, defende Paulo Ralha, sublinhando, ainda, que “num país livre” como Portugal “não há razão de existir” esta censura que “só beneficia os esquemas de fuga ao Fisco”.

Recorde-se que a polémica Lista VIP surgiu em 2014, altura em que se noticiava a existência de uma lista de contribuintes a que os trabalhadores não podiam aceder. Nessa lista, à altura, constavam nomes como o de Pedro Passos Coelho, Cavaco Silva, Paulo Portas e Paulo Núncio.

Mais de um ano depois, defende Paulo Ralha, essa Lista “não só não deixou de existir como ainda foi alargada”.

Andrea Pinto – Notícias ao Minuto

Portugal. CAVACO SILVA: O CAVALHEIRO DA TRISTE FIGURA (3)




Cavaco fez as despedidas de Belém, do péssimo e terrível desempenho enquanto presidente da República. Passou à história das figuras tenebrosas da República e da democracia. Na memória da história de Portugal quase igualou os presidentes do salazarismo, encontrando-se mesmo semelhanças com Américo Thomaz. Só que os tempos são de democracia no pós 25 de Abril de 1974 e Cavaco, por mais que tentasse, não conseguiu reverter tanto o tempo e o modo nos 10 anos que ocupou Belém e aquele cargo. Foi eleito, argumentarão. Sim, incluindo por cerca de um milhão de analfabetos e iletrados que existem em Portugal, pela alta burguesia e pela alta finança que o transportou ao colo.

Disse ele nas despedidas que serviu o país no “superior interesse nacional”. Sim. O superior interesse dos banqueiros que partilham com ele a manjedoura, assim como os grandes empresários e os grandes vigaristas (alguns indiciados e a contas com a justiça) das suas relações.

É muito provável que no entendimento retrógrado e aniquilante de uma sociedade transparente e justa Cavaco se convença de que teve um desempenho que tenha servido Portugal e os portugueses, mas isso só na cabeça de Cavaco e de seus parceiros é que tal cartoon pode fazer sentido, os portugueses sabem que não. Sabem que Cavaco foi o pior e mais nefasto presidente da República de Portugal. Sabem que a tão falsamente evocada justiça social para ele são somente palavras que ficam bem nos discursos porque na prática a justiça de que ele fala foi injustiça durante a sua presidência. Isso aconteceu devido à concordância e conluio permanente de Cavaco com a seita de sua preferência, do PSD e do CDS, que foram governo durante quatro anos.

A fome de milhares de portugueses não é justiça social, os despejos de portugueses de suas casas não é justiça social, o empobrecimento compulsivo a que os seus comparsas submeteram os portugueses não é justiça social, os que se viram na necessidade de emigrar para fugirem da miséria em Portugal não é justiça social, o esvaziamento da cultura não é justiça social, o igualmente esvaziamento da educação previligiando o ensino privado não é justiça social. Cavaco Silva é um embuste e como embuste que é assim desempenhou tenebrosamente o seu cargo. Foi por dez anos o prejuízo de Portugal e dos portugueses, serviu a sua seita, as suas cores partidárias e de ideologia, os seus cúmplices. Cavaco foi o presidente da direita que espezinhou a democracia – principalmente nos últimos quatro anos.

Cavaco abandona em 09 de Março, quarta-feira, o cargo que tão nefastamente desempenhou, dará lugar a Marcelo, um homem de direita mas, que se saiba, culto, humano, tolerante e democrático. É assim que esperamos que se mantenha e que assim sendo cumpra as funções para que foi eleito, a presidência da República de Portugal, servindo todos os portugueses e não pactuando com os parasitas banqueiros, nem com os vigaristas do costume ou outros que padeçam de ganância e avareza. Como Cavaco e a sua trupe.

Dos embustes de que fale Cavaco na hora da tardia despedida é melhor rir... para não chorar.

Redação PG / MM

Foi uma honra ter servido o país seguindo "superior interesse nacional"

O Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, disse hoje ter sido um privilégio e uma honra ter servido Portugal nos últimos dez anos, reiterando que sempre agiu de acordo com "o superior interesse nacional".

"Foi para mim um enorme privilégio servir Portugal e os portugueses ao longo destes dez anos tão cheios de desafios. Senti-me, em cada dia, profundamente honrado pela confiança que os portugueses depositaram em mim quando me escolheram para Presidente da República. Estou, a todos eles, profundamente grato", afirmou o chefe de Estado, numa cerimónia na Câmara de Cascais.

Sublinhando que procurou corresponder a essa confiança agindo "sempre em consciência", de acordo com o superior interesse nacional, no cumprimento da Constituição, Cavaco assegurou que não olhou a outro critério que "não o da procura de um futuro melhor para as novas gerações".

Lusa, em Notícias ao Minuto

LUSA, 30 ANOS A NOTICIAR PORTUGAL, A LUSOFONIA… E O MUNDO



A Agência Lusa comemora os 30 anos. Como sentimos que o tempo passa tão depressa quando chegamos ao Inverno da Vida. Nestes 30 anos passaram pela Lusa muitos bons profissionais. Se não foram ainda melhores deveu-se a chefias e a direções, a limitações impostas aos profissionais. Limitações, falta das melhores condições de trabalho que ainda hoje se verificam, hoje mais que antes. É a crise. Mas os rapazes e raparigas da Lusa esgatanham-se para cumprir o melhor possível a missão. E conseguem. O principal elogio vai para eles. Para os que lá estiveram e saíram pela idade, pela morte, pelas incompatibilidades com ”sistema”, pela opção de mais e melhores remunerações. Os portugueses devem agradecer e homenagear esses, os profissionais idos e os presentes, não as direções (salvo raras exceções), nem as chefias, na maior parte dos casos. São eles, os que nos servem ou serviram as notícias de raiz que devemos homenagear. São eles a Lusa. Obrigado Lusa.

Nesta secção da Lusa online pode ver o que vai acontecer nas comemorações dos 30 anos. Uma conferência com várias entidades públicas, conhecidas… ou nem por isso. Conferência com políticos a mais, mesmo atendendo ao tema escolhido.Por aqui se percebe às mãos dos que está a Lusa. Assim é muito difícil manter a independência desejada. A independência e imparcialidade que deveria reger a Agência. Nestes 30 anos tinham a obrigação de fazer algo diferente, mais democrático, mais abrangente, mais incisivo sobre a liberdade de informar que cada vez está mais condicionada e formatada.

Mas nem por isso o PG deixa de parabenizar a Lusa. Obrigado pelo positivo, senhores das notícias. Se puderem sacudam as lapas que por aí se vão adesivando.

Um cheirinho da abertura da referida secção online da Lusa sobre a conferência. O resto é para irem lá ver e concluir que vão lá estar políticos a mais. A Lusa devia ser muito dos profissionais e dos portugueses. Pois é.

CONFERÊNCIA 

"Para comemorar o seu 30º aniversário, a Lusa, Agência de Notícias de Portugal irá realizar, a 15 de março de 2016, a conferência “Portugal entre o Rigor e a Audácia” a ter lugar na Fundação Calouste Gulbenkian.

Este evento terá o Dr. Guilherme d’Oliveira Martins como ‘chairman’ e juntará ilustres convidados para debater temas da atualidade política e económica portuguesa.

Com 30 anos a noticiar tudo o que de mais relevante se passou em Portugal, nos países Lusófonos e no Mundo, é com um enorme prazer que a agência Lusa apresenta esta iniciativa comemorativa."

Redação PG / MM

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