segunda-feira, 7 de março de 2016

Portugal. É melhor ter trabalho precário que desemprego, ou o sacana mostra a sua raça?



O senhor La Palisse da CIP falou ao Diário Económico e o Expresso parcialmente publicou. Basta agarrar no título para aquilatar o estilo de tal exemplar de barriga a abarrotar com tudo do bom e do melhor em detrimento dos que nada têm embora trabalhem no duro por uma vida inteira. O patrão da CIP usa as casas, o mobiliário, as piscinas privadas e exibe a sua ostentação como se nada deva aos que em somenos importância construíram aqueles seus ultra-confortos com salários de miséria em que numa vida não auferem o que o patrão da CIP aufere em cinco ou dez anos. Provavelmente até em menos tempo.

O patrão da CIP viaja pelas estradas de Portugal e atravessa rios em pontes seguras construídas com o esforço dos operários mal remunerados e até algumas vezes com a perda das suas vidas, hipoteticamente compensadas por um seguro de miséria destinado à viúva e aos filhos. O patrão de CIP declara que “Mais vale ter trabalho precário do que desemprego”. Esse tal trabalho precário que de um segundo para o outro deixa de ser precário para significar desemprego. O presidente da CIP adora certamente trazer os escravos tementes à entidade patronal com o trabalho precário, que são na atualidade as modernas grilhetas.

E o homenzinho afirma isso mesmo com o maior dos desplantes e total ausência de sentimentos e humanidade, como uma verdade de La Palisse e como algo bom, quando não é.

O trabalho precário está a ser destinado aos seres humanos que as entidades patronais usufruem como algo que lhes permite reprimir os trabalhadores através da instabilidade que esse mesmo trabalho precário tem por objetivo. Veja-se que os empregadores estão a utilizar o trabalho precário em postos de trabalho onde precisam permanentemente de empregados. Logo não deviam ser empregos precários mas sim efetivos, pois a permanência daqueles empregados naquele posto ou postos de trabalho é necessária ou são necessárias. Os empregadores aproveitam-se abusivamente é da modalidade de trabalho precário e fazem com que empregados cumpram mais de 50 horas de trabalho por semana, com um único dia de folga, por mais 60 ou 80 euros mensais, a somar ao salário mínimo nacional. Onde é que tal acontece? Pois, para já, na industria hoteleira e restauração, no comércio e serviços, em fábricas (algumas) de menor destaque e visibilidade. Noutras atividades também.

O sujeito La Palisse da CIP disse que é melhor qualquer “coisinha” do que não ter “coisinha” alguma. Só que essa coisinha é instabilidade, é escravidão, é repressão, é fascismo empresarial exercido sobre os que têm de mal-vender e sujeitar a sua força de trabalho a Exploração desenfreada. Uma máquina é muito mais bem tratada que um ser humano à mercê destes modernos esclavagistas.

Evidencie-se esta declaração na referida entrevista: "Para o presidente da CIP, “numa situação como aquela em que está a economia”, é preferível “ter um contrato a termo, com regras e respeito pelo ser humano, do que ter mais um desempregado”.

Diz ele "regras e respeito pelo ser humano". Mas então este senhor La Palisse não sabe o que acontece? Não sabe que o trabalho precário se destina a tementes de perderem o emprego (precário) e que se sujeitam a desumanidades sem as denunciarem por terem por certo que a seguir vão mais depressa para o desemprego total?

Ou o patrão da CIP recheia a entrevista com "humanidades" só para ficar bem na "fotografia"? Só pode.

Contrata-se um empregado. Acaba o curto contrato e vai embora. Admite-se outro... E assim sucessivamente por toda a vida, se quiserem. Fora os trabalhadores que estão no limbo de forma ilegal, mas estão. Onde está a humanidade? Já para não referir novamente e mais longamente as tropelias que empregadores exercem desumanamente sobre empregados. Queixam-se a quem? A legislação é que devia ser imensamente restritiva para acabar com os abusos, com as grilhetas que é o trabalho precário. Pois, mas é melhor assim do que nada. Isso tem um nome: sacanagem.

Aquele “democrata” humanóide da CIP faz lembrar a variação de um slogan publicitário que em tempos estava na berra: “o sacana mostra a sua raça”.

Redação PG / MM

Presidente da CIP: “Mais vale ter trabalho precário do que desemprego”

Quanto ao salário dos políticos, António Saraiva defende que recebem “mal” ou “muito mal”. Por isso, entende que o cenário mais justo seria que recebessem “de acordo com o desempenho” e responsabilidades atribuídas

Existe demasiado trabalho precário em Portugal, assume António Saraiva, presidente da CIP - Confederação Empresarial de Portugual, em entrevista ao “Diário Económico” esta segunda-feira. Mas, mesmo assim, afirma que “mais vale ter trabalho precário do que desemprego”. Para o presidente da CIP, “numa situação como aquela em que está a economia”, é preferível “ter um contrato a termo, com regras e respeito pelo ser humano, do que ter mais um desempregado”.

António Saraiva, que afirma estar disponível para ser reconduzido a um terceiro mandato na CIP, diz também que os capitais desajustados é um dos principais problemas para as empresas. Por isso, defende a necessidade de encontrar novos mecanismos de financiamento. “O erro que detetamos neste Orçamento, entre outros, é que focaliza demasiado no consumo e pouco no investimento e nas exportações ou na troca de importações por fabrico interno”, sustenta.

Relativamente ao Orçamento do Estado para 2016, diz estar expectante. Se não correr tudo bem, acredita que vão ser lançados mais impostos. “Se não for por aumento de IVA, será por outro imposto qualquer”, acredita.

Quanto ao novo emprego de Maria Luís Albuquerque, António Saraiva acha que a ex-ministra não devia ter aceitado a oferta da empresa britânica Arrow Global. “Em termos éticos, se fosse eu não o faria, porque acho que é um mau sinal.”

Mas para lá das questões de ética, para o presidente da CIP esta escolha de Maria Luís Albuquerque deve-se ao facto dos políticos ganharem “mal” ou “muito mal”. “Pelo serviço público, pela alta responsabilidade a que essas pessoas são chamadas, entendo que a sociedade devia ter, tal como existe nas empresas, uma definição de política salarial, uma comissão de remunerações que pagasse de acordo com o desempenho e a responsabilidade e que fosse transparente e aceite por todos”, afirma ao matutino económico.

Fábio Monteiro – Expresso – Foto: Miguel A. Lopes / Lusa

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