quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS NUNCA ACREDITOU NUMA ANGOLA PARA TODOS



Raul Diniz, opinião

Presidente José Eduardo dos Santos, confesso que respirei aliviado por não se recandidatar como cabeça de lista, feita na reunião do comité central do MPLA, partido que o senhor se dignou converte-lo numa organização criminosa.

Os angolanos têm absoluta certeza, que José Eduardo dos Santos, nos 38 anos do seu consolado, não construiu o sonho dos angolanos viver numa angola igual para todos.

Com toda sinceridade, essa informação trouxe-me grande alivio e satisfação, por finalmente vê-lo apeado do poder após 38 longos anos de infernal podridão e sobretudo pela ausência de realismo e verdade democrática na gestão da coisa pública.

Não importa de maneira alguma saber os reais motivos que o levaram a preparar a sua saída, o importante mesmo é que se vá embora, de preferência para bem longe, e não volte nunca mais.

Não sei se ainda lembra dos longos e quase intermináveis diálogos travados várias vezes no passado na residência do nosso amigo em comum Pedro de Castro Van-dunem “Loy” nosso vizinho na altura. E não me esqueci desses diálogos. Onde o senhor presidente colocou todo aquele frenético nacionalismo? Afinal tudo não passou de efusivos discursos alienados discursos vazios?

O senhor insultou a minha inteligência, mas, não precisava ir tão longe, atirar os seus cães de guarda contra mim é tolerável. Porém mandar-me prender no exterior em Portugal, depois pedir a minha extradição para Angola quando apenas poderia mandar que eu regressasse a Angola, isso foi horrível camarada presidente.

Foi um estrondoso erro de cálculo da sua parte ordenar o seu security manager na altura o general Fernando Miala, leva-se pessoalmente cópias de documentos falsos, e utilizar-se de estratagemas vulgaríssimos para acusar-me mentirosamente de me ter passado por seu irmão em Portugal. Isso foi a gota de água presidente.

O senhor não precisava disso, e eu, não merecia de modo algum passar por esse traiçoeiro ataque em território estrangeiro. O senhor esqueceu-se que eu tenho filhos, netos, irmãos e família, minha mãe morreu de desgosto por causa de tudo isso que o senhor mandou fazer contra mim.

O senhor presidente sabe muito bem que eu não roubei nada ao regime, nunca me apoderei de nada que pertença ao povo, isso foi uma pratica quotidiana sua de seus filhos e filhas e de sua família em geral, não da minha família.

Presidente vá para longe, e aproveite bem gozar os biliões de euros roubados ao povo a quem um dia jurou fidelidade. O povo não quer nem precisa vê-lo novamente. A nossa cultura não é nem nunca foi a do ódio, o senhor incentivou a doutrina do ódio na nossa terra. Camarada vá-se embora enquanto é tempo, de preferência para muito longe, que seja no inferno ou onde quiser.

O povo não precisa sentir uma dose maior de repulsa do que aquela que já nutre hoje pelo senhor, e pela sua famigerada família.

O partido precisa de liberdade, e tem que ser liberto do corporal invólucro de sua pessoa, o partido necessita respirar livremente primeira vez, após 30 anos de permanente paralisia cerebral grave.

Por isso peço-lhe um último favor presidente, um pedido pessoal antes de deixar a presidência da república, entregue a chave do nosso partido e deixe o caminho livre ao novo cabeça de lista João Lourenço, deixe caminho livre para ele atuar a seu bel prazer. Ajude o camarada João Lourenço a possuir os cordéis do partido na mão.

Faça uma boa ação, faça como o seu antigo homologo moçambicano Joaquim Chissano, que saiu saindo, ele não saiu ficando camarada presidente. Joaquim Chissano deixou o executivo e igualmente deixou a presidência o partido FRELIMO, nas mãos do seu ministro da defesa Armando Guebuza que se tornou presidente correndo os seus próprios riscos.

Presidente o povo não aguenta mais a sua presença, estamos cansados consigo e com toda sua família composta de refinados larápios. Não estamos felizes, nunca fomos, também não queremos mais ser o seu saco de pancada.

O senhor matou à vontade vivermos felizes. Nós angolanos não confiamos no senhor.  Presidente o Senhor roubou-nos e remeteu-nos a um estado de miséria absoluta, sem esquecer os atentatórios abusos de poder, que fizeram do senhor o nosso carrasco linchador.

Presidente, o senhor sabe que sempre o confrontei diretamente sem rodeios, e no passado recente, disse-lhe frontalmente o que penso do senhor pessoalmente. Ao contrário do senhor, que habitualmente utiliza de práticas antiéticas e de todo criminosas para destruir a imagem e/ou mesmo assassinar traiçoeiramente aqueles que chocam diretamente com o seu modo autoritário de agir.

Em toda minha existência confrontei-o de peito aberto e coloquei o nome e chamei os bois pelos nomes sob risco de vida. É claro que paguei e continuo a pagar um preço altíssimo pelo facto. E valeu apena lutar contra si com total independência. Presidente o bom em tudo isso, é assistir de camarote a sua saída, e eu permanecer ativo na luta, o senhor mesmo sabe que afrontei as situações adversas com a altivez de cidadão descontente e encorajado pela razão.

Foi um compromisso que tive em combater as desigualdades criadas pela sua nefasta permanência prolongada que patrocinou a (in) governabilidade do país, razão pela qual acelerou a sua saída cobarde do poder. Como sempre o mesmo JES cobarde e medroso.

Presidente tudo que acreditei enquanto cidadão foi posto em causa pelo autoritarismo abusivo de sua falta de subtileza obstruída pela sua sórdida excentricidade, que despropositadamente levou-o a desativar a noção do republicanismo por excelência no país.

O nacionalismo republicano porque lutamos anos a fio, foi indecentemente substituindo por um feudo, criado a imagem e semelhança do ditador que o senhor se tornou. Camarada dos Santos o culto da personalidade, e adoração ao gigante de papel de alumino que o senhor se tornou, infelizmente para o cidadão, trouxe consigo a corrupção, o nepotismo, o açambarcamento, a repressão e o assassinato político.

Presidente linha divisória que divide hoje a legitimidade eleitoral da fraude é ténue e perigosa.

O senhor instalou a pratica de adulterar os resultados eleitorais, instalou a impunidade dos delinquentes do colarinho branco, instalou a corrupção como modo de governar o país e mais grave ainda a exportou para outros horizontes como em Portugal. O país foi instalado um regime corrupto e antidemocrático, onde a vontade de um só homem se tornou lei para muitos.

O partido, o nosso MPLA, foi por si transformado em propriedade privada sua, converteu negativamente o MPLA num partido estado, onde ambos se confundem.

Tenho plena consciência do putativo alvo que permanentemente me tornei, sei e tenho consciência das suas encobertáveis perseguições do seu entourage “leia-se private secret Security”, desde o dia que o confrontei diretamente pela primeira vez em Lisboa.

Presidente ainda me lembro da boa-fé quando há 38 anos atrás concordei unilateralmente confiar no senhor, aquando da sua nomeação como presidente da república popular de Angola, sobretudo, por me considerar na altura seu amigo. Debalde. É verdade que a muitos anos me adaptei a lutar contra a organização criminosa que o senhor instalou no país.

Com a saída do ditador do cenário político governativo, dá-nos a oportunidade de juntos tornar realidade a construção de uma Angola para todos. O sonho é irreversível e a sua natureza realística é completamente inalterável.
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Alguns camaradas do bureau político e ao comité central são coerentes, e apenas zelam para que JL interprete a real situação em que se encontra, e saiba gerir o momento certo de descolar-se da imagem deteriorado do ditador imundo.

A clara e exaustiva imensidão de dúvidas em relação a capacidade de JL governar para todos, e, levar o país a bom porto é real. Igualmente a outro grupo cidadãos mais afinados interrogam-se e com razão, acerca do que trará de prestativo a nova liderança do regime! Trará JL para os angolanos muito mais do mesmo?

Outros perguntam-se que tipo de liderança terá uma eventual liderança de João Lourenço, para merecer o apoio de todos aqueles que estiveram e estão ainda afrente da barricada contra a eternização do regime do ditador inepto José Eduardo dos Santos.

Entendo e sou parte dos que desfilam essas pertinentes preocupações, sobretudo, aquelas relacionadas com inacreditável lista de deputados eivada de oportunistas bajuladores, aduladores, e perpétuos dilapidadores do erário público.

Porém, e apesar dessas relevantes inquietudes estacionadas numa evidente realidade dantesca, de permeio é preciso separar o joio do trigo. Primeiro, essa lista não foi da escolha de JL, foi a direção do atual MPLA, que conferiu perdulário credito a tal lista. Essa lista não advém da emanação liderada por João Lourenço.

O meu apoio vai para o camarada João Lourenço, desde que ele saiba cativar os militantes desavindos com José Eduardo dos Santos.

Sei que em política só existe a realidade exequível de projetos e não colagem disfuncionais como a do elo da premonição e da adivinhação. Mesmo vendo as coisas por esse prisma, mesmo estando longe do poder, prefiro conferir a JL a legalidade creditícia do benefício da dúvida, e por esse motivo vou apoia-lo como meu candidato, não integralizo a esse esforço a atual direção do MPLA, onde despontam personagens sinistras como o maligno intriguista Bornito de Sousa.

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