Doze
pessoas morreram nas últimas três semanas em desabamentos na mina de Muiane, na
província da Zambézia. A empresa que explorava a mina abandonou a região. E a
exploração tem sido feita por populares.
Há
cada vez mais jovens e adultos a arriscarem a vida na mina de tantalite de
Muiane, no distrito de Gilé, para ganhar algum dinheiro. Só nas últimas três
semanas, 12 pessoas morreram e várias ficaram gravemente feridas na sequência
de desabamentos. E nos últimos dias, os desabamentos têm sido frequentes.
O
director provincial dos Recursos Minerais da Zambézia, Almeida Manhiça,
mostrou-se preocupado com a situação. "O governo está a sensibilizar
[as comunidades] para que deixem esta prática de garimpo ilegal e está a fazer
todo esforço para que a empresa que estava a explorar aquela mina retome as
suas atividades."
Há
mais de um ano que a mina de Muiane está a ser explorada por populares. A
Tantalum Mineração, a empresa que explorava os jazigos de tantalite, abandonou
a região em novembro de 2015, depois de uma violenta rebelião popular.
Populares destruíram máquinas e instalações da empresa para protestar contra a
morte de um garimpeiro. Nessa altura morreram vários civis e agentes da
polícia.
As
autoridades acreditam que as mortes não vão parar, porque não há controlo da
atividade e cada um extrai à sua maneira. Para Almeida Manhiça, uma solução
seria o regresso da Tantalum Mineração.
"Já
estamos a trabalhar no sentido de reabrir a mina. O que significa que a empresa
vai ter de pagar novo equipamento. Tudo o que estava lá foi destruído, o
equipamento foi queimado na totalidade. E vai ter de investir de
novo" para repor toda a maquinaria, admitiu Almeida
Manhiça, diretor dos Recursos Minerais da província da Zambézia, centro de
Moçambique.
Garimpo
sem qualquer segurança
Alfredo
Ramos, da Confederação das Associações Económicas da Zambézia, sublinhou que é
preciso reduzir os riscos que os garimpeiros correm em Muiane. "A
atividade do garimpo, de uma maneira geral, é feita de
forma artesanal e, muitas vezes, as pessoas não respeitam as regras de
segurança no trabalho", alertou.
Alfredo
Ramos lembra que as mortes na mina de Muiane acontecem porque os garimpeiros
ilegais não cumprem as regras de segurança: "Não têm a tecnologias que
facilitam o processo e as consequências são essas. Não é bom que se esteja a
perder pessoas jovens que deviam dar o seu máximo para desenvolver este país."
O
porta-voz da polícia na Zambézia, Miguel Caetano, afirmou que a corporação já
foi chamada a intervir muitas vezes. "Temos vindo a sensibilizar a
população para que não pratique aquela ação ilegal. A nossa equipa deslocou-se
ao local, conseguiu resgatar quatro jovens. Por sinal, dois já estavam sem
vida", recorda Miguel Caetano.
De
acordo com o governo provincial da Zambézia, desde que a mina de Muiane passou
a ser controlada por ilegais perdeu muito dinheiro de impostos que deviam ser
pagos pela companhia mineira, de capitais canadianos, que deixou a região.
Marcelino
Mueia (Quelimane) – Deutsche Welle
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