Segunda-feira,
a abrir o PG com o Curto cafeínado por Ricardo Marques, lá do burgo do tio
Balsemão Duracel da Marinha e Bilderberg de la Impresa.
Dia
da Turquia, o ditador perfila-se e afirma-se, Erdodan. Digno do ingresso na União
Europeia de Merkel, Schauble, Dijsselbloem e outros - que dizendo-se democratas
ditam regras apesar de não terem sido eleitos para os cargos que desempenham na
cada vez menos democrática Europa do trinta e um de boca dominada pela seita
que nos acossa e nos miserabiliza.
Blá-blá-blá…
Adiante.
E é mesmo muito adiante. Hoje, o que se segue está isento das nossas considerações.
Saibam que há os que vão pensar que “também não se perde nada”. Pois, está bem.
Por vezes até concordamos.
Bom
dia e bom café… expresso. (MM | PG)
Bom
dia, este é o seu Expresso Curto
Ricardo
Marques | Expresso
Se
é sim, será assim
“Nasce
o ideal da nossa consciência da imperfeição da vida. Tantos, portanto, serão os
ideais possíveis, quantos forem os modos por que é possível ter a vida por
imperfeita. A cada modo de a ter por imperfeita corresponderá, por
contraste e semelhança, um conceito de perfeição. É a esse conceito de
perfeição que se dá o nome de ideal”
A imperfeição da vida…
A imperfeição da vida…
Tinha
o livro onde está este parágrafo de Fernando Pessoa à minha frente ontem à
noite quando surgiram as primeiras notícias de resultados no referendo da
Turquia – o primeiro sinal de que algo tinha mesmo mudado. A CNN escrevia
que Erdogan acabara de declarar vitória e que a oposição prometia exigir a
recontagem dos votos. Eis algo que faria todo o sentido num mundo ideal –
mas muito pouco no mundo louco e imperfeito em que vivemos.
Vejamos: Erdogan,
o presidente, declarou vitória no referendo que tinha como único objetivo
torna-lo uma espécie de sultão dos tempos modernos, uma figura todo-poderosa
quase perpétua num país-chave para o equilíbrio geoestratégico mundial. Ou
seja, ao enunciar a vitória reclamou para si esse poder total, aniquilando a
democracia parlamentar, substituindo-a por um regime presidencial não-laico e
esvaziando desde logo qualquer queixa da oposição que pudesse surgir –
como surgiu. Em causa está a recontagem de cerca de metade dos
votos.
A
nova Turquia só entrará em vigor após as presidenciais de 2019, mas a vitoria
curta do “sim” no referendo (51,34 vs 48,66) é na verdade um enorme
“Sim” a Erdogan.
Ou,
de outra forma, se é “sim”, então será assim.
Há semanas, na revista E, o José Pedro Tavares, correspondente do Expresso em Ancara, publicou um extenso e detalhado artigo sobre a situação na Turquia e o que estava em causa no referendo. É algo a que vale mesma pena voltar. Na Stratfor pode ler uma análise dos resultados de ontem (o “não” ganhou nas principais cidades).
Há semanas, na revista E, o José Pedro Tavares, correspondente do Expresso em Ancara, publicou um extenso e detalhado artigo sobre a situação na Turquia e o que estava em causa no referendo. É algo a que vale mesma pena voltar. Na Stratfor pode ler uma análise dos resultados de ontem (o “não” ganhou nas principais cidades).
Prepare-se
porque muitas das conversas hoje serão sobre o que poderá acontecer na Turquia
e sobre a forma como o resto do mundo vai digerindo a vitória de Erdogan, a que assistiram de perto alguns deputados portugueses.
É difícil
perceber ao certo o que sairá da votação de ontem, mas as alternativas
parecem tudo menos ideais. A prevalecer a contestação da oposição aos
resultados, e a margem foi mesmo mínima, o país ficará dividido (e as
imagens da tentativa de golpe de Estado do ano passado e a purga que se seguiu
ainda estão muito presentes).
A consumar-se a vitória de Erdogan e tudo que ela significa, bom... talvez seja mais um modo de ter a vida como imperfeita. Longe de ideal.
A consumar-se a vitória de Erdogan e tudo que ela significa, bom... talvez seja mais um modo de ter a vida como imperfeita. Longe de ideal.
Não
é caso único, e assim começamos a volta ao mundo das notícias (que se
quer breve).
OUTRAS
NOTÍCIAS
Partimos
de longe, da Coreia do Norte, onde está em curso uma verdadeira guerra de
nervos. Após a impressionante parada militar do fim de semana, para
assinalar o Dia do Sol, alguém carregou num botão para os líderes do regime
assistirem ao voo de um míssil de longo alcance – mas a coisa
mal deixou a Terra e desfez-se em mil pedaços. Pode ver aqui as melhores imagens da parada (incluindo
a fotografia de um míssil que parece flutuar num mar de flores…) e ler aqui o que correu mal no lançamento.
Os Estados
Unidos da América não parecem muito impressionados com o falhanço, ainda que
muitos especialistas tenham ficado intrigados com algumas das peças em exposição na parada das tropas do líder Kim
Jong Un. Os americanos têm a caminho uma espécie de armada invencível.
Ao
mesmo tempo, Mike Pence, o vice-presidente dos EUA, está na Coreia do Sul (visitou
ontem à noite a zona desmilitarizada na fronteira entre as duas Coreias) e considerou
o teste norte-coreano como uma provocação. Durante o fim-de-semana, a
administração Trump fez saber que tudo está em aberto e que a situação “norte-coreana”
está a ser discutida com os aliados dos EUA e, ao que parece, também com a China, esse inimigo preferido da teoria trumpiana.
Neil
Gorsuch, o juiz indicado por Trump para o Supremo Tribunal dos Estados Unidos
da América, começa hoje a trabalhar e, como escreve o The New York Times, o órgão máximo da justiça
norte-americana está tão dividido politicamente como o resto do país.
E
em Cleveland, as autoridades procuram esta manhã um homem que terá assassinado
uma pessoa durante uma transmissão em direto no Facebook. O suspeito publicou
também na sua página pessoal uma conversa em que assume ter morto 13 pessoas,
informação que não foi confirmada.
As
notícias da Síria assemelham-se cada vez mais a uma mera contagem de vitimas.
Dez mortos num dia, vinte mortos no outro, 126 mortos este fim-de-semana
quando uma coluna de civis e combatentes feridos que tentavam sair de duas
localidades foi alvo de um ataque. O conflito já há dura há tanto tempo que se tornou
difícil saber quem são os bons, quem são os maus, se ainda há bons ou se
sempre houve apenas maus. E do Vaticano vem um pedido. Que ninguém vai ouvir.
Como
também já ninguém parece ouvir, ou ver ou saber o que se passa no Mediterrâneo, esse enorme cemitério do
seculo XXI.
Este
fim de semana morreu a pessoa mais velha do mundo – o que significa
desde logo que há uma nova pessoa mais velha no mundo. É uma espanhola que nasceu
em 1901.
Uma
das notícias que estará, por certo, na ordem do dia é o surto de sarampo
em Portugal. Uma adolescente de 17 anos, cujo quadro clínico se agravou, foi
transferida de Cascais, onde foram confirmados seis casos, para o Hospital
da Estefânia, com pode ler nesta notícia do Expresso. Esta tarde será feito um
novo ponto de situação por parte da Direção Geral da Saúde.
Marcelo,
que promulgou nos últimos dias a lei que obriga o fisco a
publicar estatísticas de transferências para off-shores, recebe hoje o PSD, o PS e o Bloco de Esquerda.
(O
parágrafo que se segue é longo, mas vale a pena para perceber quão longe
do ideal pode estar a vida)
Na
Madeira, segundo a agenda, hoje há reunião da 1.ª Comissão Especializada
Permanente de Política Geral e Juventude na Assembleia Legislativa. Além da
reapreciação do “Decreto intitulado ‘Oitava alteração ao Decreto Legislativo
Regional n.º 24/89/M, de 7 de setembro, que estabelece a Estrutura Orgânica da
Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira’, ao abrigo do disposto nos
n.ºs 1 e 3 do artigo 165.º do Regimento”, a ordem de trabalhos prevê ainda
informação relativa a dois requerimentos do PCP para audições parlamentares
sobre os seguintes assuntos: “Com vista à definição do papel da Região Autónoma
da Madeira nas relações entre a República Portuguesa e a República Bolivariana
da Venezuela” e “Sobre as relações institucionais e acordos entre a Região
Autónoma da Madeira e a República Bolivariana da Venezuela”.
Oportunidade
para um ponto sobre a situação na bolivariana república. Após os mortos
e feridos da última semana de manifestações e confrontos, escreve o Jornal de Negócios, via agência Lusa,
que há mais alimentos à venda, ainda que muito mais caros. Ontem, a terra tremeu, literalmente, e em sentido figurado quando foram detidos seis homens que
pretendiam atacar a casa de Henrique Capriles, governador do Estado de Miranda
e um dos principais opositores de Nicolas Maduro.
A
GNR já fez as contas à Operação Páscoa, que terminou à meia-noite, há pouco
mais de oito horas, e registou 657 acidentes, dos quais resultaram quatro
mortos e 21 feridos graves.
Em
Coimbra, está marcada para hoje, 17 de abril, uma Assembleia Magna para que os
estudantes decidam sobre a possibilidade de a Universidade
passar a fundação. Coincidência ou nem por isso, passam hoje 48 anos do
dia do inicio da crise estudantil de 1969, que pode recordar neste artigo do Rui Cardoso.
Dois
assuntos que vão dominar a semana: Domingo há eleições em França (e ontem houve confrontos nos arredores de Paris) e no sábado há
Sporting-Benfica, jogo escaldante que vai aquecendo com a discussão que por aí anda sobre cânticos e assobios e provocações e,
no fundo, sobre aquele mau gosto que desde sempre tem lugar cativo nas bancadas
de qualquer estádio de futebol. (não é só cá, como se vê pela amostra francesa)
Portugal perdeu na final do Torneio das Nações em hóquei
em patins, com a Argentina.
O
surfista português Frederico Morais derrotou, durante o fim de semana, o
brasileiro Gabriel Medina, antigo campeão mundial, e está na quarta ronda do Rip
Curl Pro Bells Beach, terceira etapa do circuito mundial. Para não perder um
segundo e ver em direto mais logo, quando forem sete da manhã na
Austrália.
MANCHETES
Correio
da Manhã: “Seguradora paga por morte de feto”
Jornal
de Notícias: “Aplicações móveis acedem a dados pessoais ilegalmente”
Diário
de Notícias: “Lisboa continua a deixar crianças de 4 anos fora do pré-escolar”
Público:
“Desigualdade salarial pode impedir contratos públicos”
i:
“Pais divorciados. Guia para minimizar os danos”
O
QUE ANDO A LER
As
frases de Fernando Pessoa que abrem este Expresso Curto foram
publicadas pela primeira vez em 1922, na Revista Contemporânea, e fazem
parte de um ensaio sobre a obra de António Botto (1900-1959). As edições
Ática recuperaram o texto em 1975 e usaram-no, em jeito de prefácio, para a
edição de “As canções de António Botto”.
É
um daqueles livros antigos cheios de surpresas, que encontramos no fundo de uma
prateleira. Tem na capa um desenho de Almada Negreiros, uma fotografia
autografada de António Botto na quinta folha e estas palavras na página
237:
“Agora
o mundo, acorda
No
difuso desencanto
Da
loucura de existir!”
Há
Expresso Curto às seis da tarde e toda a informação, a qualquer hora, no site
do Expresso.
Tenha
um bom dia. Poderá não ser o ideal, mas que seja o menos imperfeito
possível.
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