Macron
e Le Pen já votaram, com eles também já votaram cerca de 30% dos eleitores
franceses. Estes são os nímeros até ao meio-dia em França. A abstenção por esta
hora é mais elevada que na segunda volta das eleições de 2012. A Europa está em
suspense, não é só a França. A extrema-direita de Le Pen manifesta capacidades
de vencer este pleito eleitoral e entregar o pleno direito de Marine ocupar o
Eliseu. Os esperançados em afastar Marine Le Pen apostam em Macron e até se
esquecem que é ele o Cavalo de Tróia da banca e do grande capital global. Seja
eleito um ou outro a vida não vai ser fácil para a Europa dos vastos milhões de
populações que andam há anos infindos a verem sonegados os seus direitos,
liberdades e garantias plasmados nas constituições dos seus países. Le Pen
afirmou em entrevista que a União Europeia é a causa desta ditadura, com Merkel
como chefe e os restantes seus esbirros. Não está assim tão longe da verdade
quanto possam argumentar os seus opositores. A democracia na UE definha a
passos largos. Não será com a eleição de Macron que veremos o retrocesso das
políticas antidemocráticas que vigoram neste pedaço europeu. Antes pelo contrário.
Hoje é o Dia D em França, dizem. Entre Macron e Le Pen que venha o diabo e
escolha. Enquanto Le Pen é direta, Macron fará pela surra o que os europeus não querem. Macron será mais um dos do diretório da chefe Merkel nesta ditadura mal encapotada que vigora nos países europeus.
CT
| PG
O
dia da verdade em França: Macron ou Le Pen? Um deles será Presidente
As
últimas sondagens atribuem a vitória com mais de 60 % dos votos a Emmanuel
Macron. No entanto, é cedo para dar a derrota de Marine Le Pen como garantida.
A votação na Frente Nacional será decisiva para o futuro de França.
O
dia decisivo chegou, finalmente, para o povo francês. Após vários meses de uma
intensa campanha política, de muitos escândalos, troca de acusações e de uma primeira volta cheia de surpresas, os eleitores
franceses vão ter de optar entre Emmanuel Macron, que na primeira volta obteve 24,01% dos
votos, e Marine Len, que garantiu 21,30% das preferências do
eleitorado francês. Os dois finalistas chegaram a esta segunda volta das
presidenciais depois de terem deixado para trás os candidatos dos partidos
tradicionais que têm governado França nos últimos 60 anos.
Este
confronto entre dois candidatos fora do sistema partidário tradicional, inédito
na V República francesa, partiu o país ao meio. O antigo primeiro-ministro
François Fillon, d´Os Republicanos, ficou-se pelos 20,01% na primeira ronda e o
socialista Benôit Hamon apenas conseguiu uns irrelevantes 6%, engolido pela
esquerda radical de Jean-Luc Mélenchon, que obteve um histórico terceiro lugar,
com 19,58%. É neste cenário, impensável há um ano, que os franceses escolhem
hoje o seu próximo ou próxima Presidente.
Se
as sondagens estiverem corretas – e é importante realçar que acertaram na
primeira volta – Emmanuel Macron (com cerca de 60% das intenções de voto) será
o próximo Presidente francês. No entanto, para o candidato independente, que
tem alargado a vantagem para a sua adversária nestes últimos dias, não está
apenas em causa conseguir vencer Le Pen e chegar ao Eliseu. Vários analistas têm
apontado que uma vitória de Macron abaixo dos 60% será também uma vitória
para a extrema-direita, uma vez que tal significaria que o seu discurso estaria
interiorizado e normalizado na sociedade francesa, colocando o partido como o
líder da oposição. Nesse sentido, poderá ser uma questão de tempo até a
Frente Nacional chegar ao poder.
Quando soube que tinha sido o candidato mais votado na primeira volta, Macron festejou como se já tivesse conquistado a vitória final, dando por adquirida a derrota de Le Pen. Terá festejado cedo demais? Numa eleição que “revelou uma França mais dividida do que nunca”, como escreve o The Guardian, poderá ter sido prematuro e Marine Le Pen tem tentado alargar a sua influência, falando aos trabalhadores de comunidades rurais e das fábricas ao mesmo tempo que piscava o olho ao eleitorado de François Fillon e de Jean-Luc Mélenchon. As sondagens, contudo, dizem que não foi suficiente.
Quando soube que tinha sido o candidato mais votado na primeira volta, Macron festejou como se já tivesse conquistado a vitória final, dando por adquirida a derrota de Le Pen. Terá festejado cedo demais? Numa eleição que “revelou uma França mais dividida do que nunca”, como escreve o The Guardian, poderá ter sido prematuro e Marine Le Pen tem tentado alargar a sua influência, falando aos trabalhadores de comunidades rurais e das fábricas ao mesmo tempo que piscava o olho ao eleitorado de François Fillon e de Jean-Luc Mélenchon. As sondagens, contudo, dizem que não foi suficiente.
Os
últimos dias de campanha correram melhor a Macron do que a Le Pen. Aproveitando
um resultado favorável que lhe foi atribuído pelos media e por especialistas no
debate de quarta-feira, marcado pelos ataques violentos entre os dois candidatos, o
centrista caminhou tranquilamente nos locais por onde passou, enquanto a sua
adversária foi recebida com ovos numa visita a uma empresa na Bretanha, na
quinta-feira. O maior percalço para Macron deu-se na noite de sexta-feira,
quando dezenas de milhares de documentos internos da equipa do candidato foram
publicados nas redes sociais e partilhados pelos apoiantes da extrema-direita. A comissão eleitoral apressou-se a apelar à não divulgação dos
dados pirateados, mas a questão que se coloca é perceber até que ponto este
ataque informático poderá prejudicar o centrista.
O
candidato que "nem é de esquerda nem de direita" contra a
"candidata do povo"
Os
franceses vão optar por um liberal pró-europeu que nunca foi eleito ou pela
extrema-direita que se opõe à globalização e que pretende mudar as relações de
França com a União Europeia? A questão é lançada pela BBC e deixa algumas
pistas importantes para compreender as diferenças entre os dois candidatos.
A
concorrer pela primeira vez, com apenas 39 anos de idade, Emmanuel Macron, caso
saia hoje vencedor, será o Presidente francês mais jovem desde 1848, altura em
que Napoleão III, de 40 anos, sobrinho de Napoleão Bonaparte, foi o primeiro
Presidente a ser eleito por voto direto em França, relembra a Economist. Já
Marine Le Pen, eurodeputada de 48 anos, mais experiente do que o seu rival,
concorre pela segunda vez às eleições presidenciais, depois de em 2012 ter
conseguido 17,7% dos votos, o que não lhe permitiu chegar à segunda volta,
quando François Hollande foi eleito ao vencer Nicolas Sarkozy.
Antes
de criar, em 2016, o movimento ‘Em Marcha’, Macron trabalhou num banco de
negócios da família Rotschild, tendo abandonado a profissão de banqueiro em
2012 para trabalhar como secretário-geral adjunto no gabinete do Presidente
francês, François Hollande. Dois anos depois, chegou a ministro da Economia
do Governo socialista de Manuel Valls, que foi contra o seu partido e nestas
presidenciais decidiu apoiar o candidato independente.
Por
seu turno, Le Pen, líder da Frente Nacional desde 2011, tem apostado
sobretudo em modernizar o partido, afastando-o das polémicas referências ao
Holocausto que levaram o seu pai, Jean-Marie Le Pen, a tribunal. Apesar disso,
mantém a linha dura do partido, que lhe permite manter o seu eleitorado
tradicional, ao mesmo tempo que tenta suavizar o discurso em alguns temas para
chegar a mais pessoas e tentar normalizar os seus ideais nacionalistas e
xenófobos na sociedade francesa.
Afirmando-se
como não sendo “nem de esquerda, nem de direita”, citando De Gaulle para
afirmar que é o candidato que tem “o melhor da esquerda e o melhor da direita”,
bem como “o melhor do centro”, Macron, defensor do projeto europeu, tem sido um
autêntico fenómeno mediático, com a máquina da sua campanha a confundir-se
muitas vezes com uma empresa. Já Marine Le Pen, na noite de 23 de abril,
afirmou ser a “candidata do povo” com o objetivo de derrotar a
“globalização selvagem”. Para reforçar esta ideia, um dia após primeira volta afastou-se da liderança da Frente Nacional para “ser a
Presidente de todos os franceses”.
As
propostas de ambos são, portanto, completamente opostas. Macron defende uma
maior importância do projeto europeu para França, a diminuição do défice
francês através da redução de cerca de 120 mil funcionários públicos e mais
flexibilidade para as empresas. Afirma que estas eleições são disputadas entre “europeístas”
e “nacionalistas”; Le Pen propõe a saída do euro, o protecionismo económico e
medidas intransigentes para com os imigrantes, sobretudo muçulmanos. Para a
candidata da extrema-direita, está em causa um duelo entre “globalistas” e
“patriotas”.
As
diferença entre os dois candidatos foram bastante visíveis no debate entre
ambos, na quarta-feira. Apesar de tanto Le Pen como Macron se apresentarem
muito agressivos no discurso, a postura da candidata da extrema-direita levou a
que a sua tentativa de ‘desdiabolização’ do partido caísse por terra. O que se
viu no confronto foi uma Le Pen com um discurso similar muito extremista e
populista, a que se juntou um claro desconhecimento de temáticas mais
técnicas, o que beneficiou, claramente, Macron.
França
dividida contra a extrema-direita
Hoje
não é a primeira vez que os eleitores, numa segunda volta das presidenciais
francesas, se vão confrontar com a possibilidade de eleger como Presidente um
candidato vindo da extrema-direita. Em 2002, o pai de Marine, Jean-Marie Le
Pen, chocou a sociedade francesa e conseguiu uma inédita presença na segunda
volta, onde disputou a presidência com Jacques Chirac. Na altura, uma
união entre todos os partidos, da esquerda à direita, derrotou Le Pen de forma
implacável: conseguiu apenas 17,79% dos votos, sendo Chirac eleito com 82,21%.
No
entanto, 15 anos depois, a situação é bastante diferente e existe a
possibilidade, mesmo que remota, de a extrema-direita chegar ao Eliseu. Em
2002, o efeito surpresa foi enorme, com o candidato socialista Lionel Jospin a
ficar umas décimas atrás do pai de Le Pen. Chocados, os franceses
mobilizaram-se nas ruas e nas urnas. Mas em 2017, Marine Le Pen e o seu partido
parecem “integrados pelos franceses”, escreve a jornalista do Le Monde Faustine
Vincent. “Se houve uma surpresa [na primeira volta] foi a sua percentagem ter
sido um pouco inferior ao esperado, apesar do recorde no número de votos (7.640
milhões)”.
Além
disso, França está hoje muito mais fragmentada do que estava há 15 anos. Os
partidos que governam o país há décadas parecem estar a perder importância e
muito do seu eleitorado tradicional está a ‘fugir’ para os extremos.
Apesar
de os candidatos François Fillon e Benôit Hamon, de o ex-Presidente Nicolas
Sarkozy e de o antigo primeiro-ministro Alain Juppé terem declarado do seu
apoio a Macron, o alarme de que uma frente republicana contra Le Pen poderia
estar em causa soou logo na noite da primeira volta, quando Jean-Luc Mélenchon
não disse expressamente aos seus eleitores que deveriam votar no candidato
independente.
Se
é verdade que desde o início o candidato da esquerda radical reiterou que a extrema-direita
é o principal inimigo e apelou aos seus eleitores que não cometessem o
“terrível erro” de votar em Le Pen na segunda volta, também é um facto que o
candidato da ‘França Insubmissa’ não declarou o seu apoio a Macron. No entanto,
uma consulta aos seus apoiantes revelou que dois terços pretendem votar em branco (36%) ou abster-se (29%),
e que 35% declaram a intenção de votar em Macron.
Neste
sentido, ao contrário do se temeu, é muito pouco provável que a extrema-direita
consiga roubar os votos da esquerda radical. Resta, contudo, perceber até que
ponto a abstenção ou o voto nulo destes eleitores poderá beneficiar Le Pen, que
tem apontado sobretudo ao eleitorado mais à direita de Fillon – a candidata foi
mesmo acusada, na terça-feira passada, de ter plagiado o discurso do seu adversário na primeira
volta, no que parece ter sido uma tentativa de seduzir os eleitores deste
último.
Nos
últimos dias de campanha, Macron ganhou um fôlego importante, fruto não só do
resultado do debate da passada quarta-feira, como também dos apoios a nível
internacional que tem recebido, em que se destaca o apelo ao voto no candidato independente feito pelo antigo
Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. Se em França Macron tem de
lidar com uma esquerda dividida, na última semana de campanha recebeu um apoio
importante da esquerda europeia: Varoufakis, num artigo publicado no Le Monde, apelou ao voto em Macron, o “único ministro” que ajudou a
Grécia.
Aos
apoios vindos de Obama e do antigo ministro das Finanças grego, juntou-se ainda
o de vários empresários franceses, bem como de uma série de pessoas ligadas ao mundo das artes. A nível
europeu, o candidato independente reúne ainda o apoio dos vários governos da
União Europeia. Já uma vitória de Le Pen, além dos partidos de extrema-direita
europeus, parece agradar ao Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e ao
seu homólogo russo, Vlamidir Putin, sendo que, em várias ocasiões, os dois
presidentes demonstraram simpatia pela candidata da extrema-direita.
É
neste cenário de divisão e fragmentação que os franceses escolhem hoje o seu
próximo ou próxima Presidente. Após longos meses de muita polémica e tensão,
chega ao fim aquela que foi apelidada pela Economist como a “eleição mais
emocionante de que há memória”. Uma sondagem divulgada ontem pela
Bloomberg dá a vitória a Emmanuel Macron, com 62,5 % dos votos. Le Pen teria
37,5%. Quem será a escolha dos franceses? Mais logo, por volta das 19h00, em
Portugal, saberemos a resposta.
Notícias
ao Minuto | Foto: Reuters
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