A
tempo e horas eis o Curto que trazemos aqui quase todas as manhãs (quando somos
pontuais). Hoje é servido por Ricardo Marques, do burgo Impresa, que é o mesmo
que dizer a informação e a alienação em produto branco. Compre um e leva com
todos. Como essa Impresa há mais desses grupos ou burgos. Talvez por isso os
portugueses já nem possam dizer que “não vão em grupos”. É o come e cala. Os do
capital ao serviço da tarefa aplicada da manipulação das mentes. E conseguem
fazê-lo com bons resultados… nos mais distraídos, que são a maioria.
O
tique de enviar o português (a língua) para o escanteio perdura e
desenvolve-se, pelo visto. Hoje temos Curto a abrir com língua de vaca em vez
da língua portuguesa. É chique, provavelmente. Que se lixe a língua, exceto a
estufada. E assim se trata tão mal o português. Adiante que se faz tarde e a
praia espera-nos.
A
prosa está em baixo, a seguir se continuar a ler. Por acaso não começa com “goodmorning”.
É para admirar. Entenda-se que os estrangeirismos aplicados por Ricardo
Marques, o autor que se segue, tem razão de ser, com boa vontade. É que a história
imaginativa com que abre oferece-lhe espaço para issso. Mas, podia não der
assim e sim tudo em português. A língua de Portugal e dos portugueses. Ora, que
se lixe. Mas que implicância!
Que
hoje é dia de eleições no Reino Unido. Pfff. Pois. Um palpite: nada vai mudar. Deixem-se
de tangas. O resto é só “serrar presunto”.
Depois
disso vem Trump e futebol. Fátima desta vez não completa a grelha do costume,
nem o fado. A não ser o fado (vivência de trampa e destino igual) dos desgraçadinhos
portugueses que andam a sustentar a chularia de políticos (alguns) gestores e
outros que até parecem que integram uma máfia que nos acossa e rouba sem parar.
Tudo
está bem quando acaba em bem. Mas por aqui vamos acabar esta prosa de abertura
sabendo que tudo está mal e que a bandidagem cresce a olhos vistos. Todos atrás
do vil metal. O dinheiro, os cifrões, os euros. Bando de salafrários.
Mesmo
assim, se conseguirem tenham um bom dia. E leiam o Curto, vale sempre o tempo de sabermos as linhas com que nos devemos cozer, por defesa. Por Portugal.
MM
| PG
Bom
dia, este é o seu Expresso Curto
Ricardo Marques | Expresso
Life
is not très facile. É uma festa
“London
is a riddle. Paris is an explanation.”, G. K. Chesterton
Ontem,
a altas horas da noite e com o documento word teimosamente em branco,
imaginei que um inglês, um francês e um português estavam num daqueles bares
antigos a ver o terceiro jogo da final da NBA – os Golden State
Warriors fizeram o 3-0 e estão a uma vitória do tão desejado anel de campeão e
de entrarem para a história como a única equipa a acabar o playoff sem
derrotas.
Imaginei-os, já
depois do fim do jogo, sentados em bancos altos de madeira. Cada um tinha à sua
frente no balcão uma folha e uma caneta. Nada de computadores. “Pago
um copo a quem escrever o melhor arranque para o Expresso Curto”, disse-lhes o
barman (que era eu). Dez minutos depois estavam prontos.
“Bom
dia. Hoje vamos votar e ninguém sabe bem no que isto vai dar. Há
um mês, a única dúvida era saber por quanto ia ganhar a senhora May.
Agora, apesar de ainda se falar disso, fala-se também na hipótese de ela perder para o senhor Corbyn. No Guardian, o
historiador Timothy Garton Ash defende que o grande desafio desta eleição é
preparar o que resta do Brexit e deixa um espécie de guia para o voto útil. No entender dele,
claro. A verdade é que se falou muito pouco do Brexit – o motivo
pelo qual as eleições foram convocadas – e muito mais de atentados e de terroristas e do papel que a atual
primeira-ministra desempenhou quando era ministra do Interior (leia-se
cortes nas forças de segurança). E depois há toda aquela conversa sobre direitos humanos... Na verdade, se querem saber tudo o
que está em causa (e é bastante e nada simples), o melhor é lerem o excelente
ponto de situação feito pelo Pedro Cordeiro, no Expresso."
“Bom
dia. Domingo há eleições e ninguém tem grandes dúvidas quanto à vitoria do
nosso recém-eleito presidente, o senhor Macron. É até bastante
possível que consiga a maioria absoluta – pelo menos é isso que indicam os votos dos franceses que moram no
estrangeiro (há muitos aí em Portugal, certo?). As sondagens dizem o mesmo e, como tal, o nosso jovem
presidente, que desafiou Trump e prometeu tornar o planeta grande outra vez, irá acordar no
dia 19 (há uma segunda volta das eleições a 18) como a nova grande esperança da
Europa. Infelizmente, também não escapamos ao terrorismo e ainda
estamos a tentar perceber o que aconteceu terça-feira em Paris.”
“Bom
dia. A seleção joga amanhã e aposto, mas aposto mesmo, que o Ronaldo marca dois golos. No sábado é feriado, o
que, sendo bom, podia ser melhor. É como ter um cubo de chocolate no meio
da mousse. Terça-feira é feriado outra vez, o que significa que segunda é
uma espécie de domingo gordo. E quarta estaremos todos a recuperar dos
santos populares. Principalmente da carteira - estive a espreitar o preço
da sardinha e está pela hora da morte. Quase oito euros o
quilo no supermercado, quando sai da lota a menos de um euro. E o tempo também não vai
estar famoso. Felizmente ontem consegui distrair-me um
pouco. Estive a ver televisão e deu na SIC, à hora do telejornal, o
segundo episódio da série Gomes Ferreira – Costa. (spoiler alert: eles
anunciaram pelo menos mais dois episódios). É um animado talk-show sobre
política e economia, com muitos gráficos e tabelas e boa
disposição. O “Zé Gomes” e o “António” funcionam muito
bem em televisão. Tão bem como o país. Já vos disse que ganhámos o Euro?
E o festival da canção? Pois é. O que nos preocupa é saber se o “Zé
Gomes” é da equipa Centeno-Ronaldo ou da
equipa Não-Centeno-Messi. O "António" é Ronaldo. Já vos
disse que ele é o maior e se farta de ganhar dinheiro? ”
OUTRAS
NOTÍCIAS
Resolvido
o problema, vamos então aos restantes assuntos a ter em conta durante o
dia.
Exceto
se for um aluno do 5.º ano. Nesse caso, é melhor pousares o telemóvel e
pegares no livro de História porque a prova de aferição está quase a começar.
José
Júlio Pereira Gomes, o diplomata que o primeiro-ministro escolheu para
secretário-geral do SIRP, anunciou ontem, em comunicado, que não estava disponível para aceitar o cargo,
mas garantiu que nada fez de errado em Timor. A decisão surge numa altura
em que subia de tom a contestação, inclusive dentro do PS. Pode ler aqui um resumo das reações partidárias.
António
Costa, na entrevista à SIC (que certamente será escrupulosamente analisada
durante o dia), reconheceu que desconhecia a polémica sobre a situação em
Timor e lamentou a indisponibilidade do diplomata. “O país perdeu um
excelente secretário-geral do Sistema de Informações da República”, disse o
primeiro-ministro, que agora terá de encontrar uma segunda solução.
Entretanto,
a deputada e vice-presidente do PSD Teresa Morais falhou esta quarta-feira os dois terços necessários
para ser eleita para o Conselho de Fiscalização dos Serviços de Informações da
República Portuguesa.
António
Costa vai estar hoje no Parlamento, assim como o ministro das Finanças. O
primeiro-ministro participa no debate quinzenal e o tema vai ser a educação, numa altura em que parece
estar em curso uma espécie de guerra fria entre o Governo e os sindicatos de
professores.
Já Mário
Centeno vai estar na Comissão Eventual de Inquérito Parlamentar à
atuação do XXI Governo Constitucional no que se relaciona com a nomeação e a
demissão da Administração de António Domingues. Anteontem passou por lá o secretário de Estado adjunto e das
Finanças, Mourinho Félix.
(Fique
a saber que, durante o dia, os deputados da Comissão de Agricultura e
Mar vão receber o Projeto de Lei n.º 538/XIII/2ª, que "proíbe a caça
à raposa e ao saca-rabos e exclui estas espécies da Lista de Espécies
Cinegéticas, procedendo à oitava alteração ao Decreto-Lei nº 202/2004, de 18 de
agosto")
Outro
assunto que promete dar que falar – ou não andasse à volta de dois temas
que apaixonam a nação, futebol e corrupção - é o inquérito
aberto pelo Ministério Público à troca de e-mails entre o diretor da Benfica TV
e o ex-árbitro Adão Mendes, caso que foi divulgado pelo diretor de comunicação do
FC Porto. "Um esquema de corrupção de árbitros para favorecer o
Benfica", resumiu Francisco J. Marques, deixando no ar a hipótese de
existir uma raposa escondida com o rabo de fora.
No
Porto começa hoje o Primavera Sound e há muitas novidades no que diz
respeito à segurança. Com o selo de qualidade da Blitz fica um guia para os três dias de música a norte.
Sérgio
Conceição deve ser apresentado hoje como treinador do Porto (há uma
fotografia dele com Pinto da Costa, tirada ontem no Estádio do Dragão, na capa
do Jornal de Noticias). Leonardo Jardim renovou com o Mónaco e vai defender o título de
campeão francês.
Na
atualidade internacional, prepare-se para um dia a ouvir falar de Trump e
terrorismo.
À
medida que vão sendo conhecidos pormenores sobre os ataques no Irão –
o New York Times tem um excelente trabalho sobre os atentados de ontem - é provável que
comecem a surgir análises mais completas. O Daesh reivindicou os
ataques, mas, como conta a CNN, a guarda revolucionária iraniana está
convencida de que houve intervenção da Arábia Saudita, e também dos EUA. A
acusação promete aquecer ainda mais o já escaldante ambiente na região do
Golfo, com o isolamento do Qatar – que já pôs todas as tropas em alerta.
É
como se estivéssemos a ver peças de dominó a cair. Algumas bem perto de nós: a
Alemanha está a retirar as tropas da Turquia.
E
quem é que se oferece para ajudar? Pois. Ele mesmo. Donald Trump, que tem passado várias horas ao telefone em chamadas
internacionais. É que a nível interno a situação é a do costume: ontem,
depois de ter anunciado a sua escolha para diretor do FBI ( Christopher Wray), o presidente dos EUA viu a imprensa
americana divulgar parte daquilo que o antigo diretor (James B. Comey, que
Trump despediu) vai dizer hoje no Congresso, quando for ouvido. “Not good, not
good”, diria Trump.
A
julgar pela emissão da CNN ontem à noite – em que tanto se falou
de Nixon e do Watergate e onde até havia um relógio em contagem decrescente
para o inicio do depoimento de Comey – pode estar aqui o início oficial de
um processo muito complicado, e de consequências imprevisíveis, para o
homem que o mundo adora odiar.
Rumando
a sul, há mais presidentes em apuros. Não um, mas dois. No
Brasil decorreu ontem o segundo dia daquilo a que os brasileiros chamam
o “julgamento da chapa Dilma-Temer” e hoje, garante a imprensa, é o dia decisivo.
Na
Venezuela, o cenário é cada vez mais negro. Manifestações, confrontos,
escassez de bens, polícias envolvidos em assaltos, e muitas empresas a fechar. No Vaticano, o Papa Francisco recebe hoje líderes religiosos venezuelanos.
Na
África do Sul, fogo e chuva estão a deixar um rasto de morte. Milhares de
pessoas foram evacuadas devido a um incêndio – o mais violento das últimas
décadas – que já provocou três mortes. . Ao mesmo tempo, uma poderosa
tempestade está a atingir a cidade do Cabo e oito pessoas já perderam a
vida, assegura a BBC.
A
Coreia do Norte fez ontem mais um lançamento de mísseis, mas os detalhes
só deverão começar a ser conhecidos esta manhã.
São
de esperar também novidades sobre o avião militar de Myanmar que
se despenhou no mar, a cerca de 20 milhas da cidade de
Dawei. Seguiam a bordo 116 pessoas.
MANCHETES
Correio
da Manhã:"Conta da Suíça paga casa em Lisboa"
Público: “Governo
propõe a juízes aumento de 155 euros por mês”
DN:
“Ex-governante abre o livro contra os lóbis da energia”
JN: “IRS
vai baixar para um milhão de portugueses”
I: “Metade
das licenciaturas têm uma taxa de desemprego acima da média nacional”
Visão: “A
guerra milionária do negócio do sangue”
Sábado: “Dietas
radicais”
O
QUE ANDO A LER
O
acidente com o avião militar de Myanmar fez-me voltar ontem a um artigo que
tinha lido há dias na Wired . É difícil acreditar, mas hoje passam
exatamente três anos e três meses desde do desaparecimento do voo MH370 da
Malasyan Airlines e das 239 pessoas que seguiam a bordo. Desde
então, foram gastos mais de 150 milhões de dólares nas operações de busca
no sul do Oceano Indico – sem qualquer resultado além de pequenas partes que
podem pertencer ao avião e que deram à costa em Moçambique.
No
entanto, como nota a Wired, é difícil dizer que foram três anos perdidos.
Graças às operações de busca, os cientistas têm hoje muito mais informação
sobre o fundo do oceano e sobre as correntes e como estas arrastam os
destroços – um conhecimento que pode ser útil em acidentes futuros.
Acima
de tudo, o que o caso do MH370 mostra é que, no mundo da Internet e dos
telemóveis e da Inteligência Artificial, há ainda um universo de realidade que
nos escapa e que, de vez em quando, regressa do passado para nos surpreender.
Sim,
a verdade é que mal conhecemos o mundo em que vivemos. E se não acredita,
pergunte a Brahmantya Satyamurti.
Não
é fácil apanhar este antigo programador informático que durante alguns
anos morou em Londres, embora não gostasse lá muito do clima. Hoje, o mais
provável é encontrá-lo num pequeno barco no Índico, a navegar de uma ilha
paradisíaca para a seguinte – e são muitas. De acordo com uma estimativa, serão 17.508
as ilhas que constituem a Indonésia. Mas, lá está, é uma estimativa.
O
trabalho do senhor Satyamurti, que agora é funcionário do ministério indonésio
de assuntos marítimos e pescas, é contar ilhas. Tudo para que, em
Agosto, a Indonésia as possa registar numa conferência das Nações Unidas.
Na última reunião, há cinco anos, o número ia em 13.466 e, desde então, já
foram ‘encontradas’ mais 1700 ilhas. O jornalista do Financial Times perguntou a Satyamurti quais são as
suas ilhas preferidas. “Aquelas em que não posso ser contactado por
telefone”, disse ele.
Não
lhe ligue.
Tem informação
durante todo o dia no telefone e no computador em www.expresso.pt e às seis da tarde uma nova edição
do Expresso Diário. Amanhã, haverá novo Expresso Curto, com o Henrique
Monteiro. E embora ele diga que não, é a pessoa certa para nos explicar
este admirável mundo louco em que vivemos.
Tenha
uma excelente quinta-feira.
Sem comentários:
Enviar um comentário