Rafael
Barbosa* | Jornal de Notícias | opinião
"Não
se brinca com uma empresa cotada, lançando denúncias anónimas". A frase é
de Eduardo Catroga e marca um antes e um depois nesta absurda história das
suspeitas de corrupção na EDP e na REN. Antes, ainda podíamos ter umas quantas
dúvidas quanto ao facto de a EDP andar a receber milhares de milhões de euros à
conta de rendas impossíveis de compreender, mesmo que nos façam um desenho.
Depois, percebemos que isto é coisa de magistrados mal-intencionados que
acreditam em fábulas contadas por cobardes que atiram a pedra e escondem a mão.
Ao contrário de Eduardo Catroga, que esse dá sempre a cara em defesa da honra e
dos lucros de quem lhe paga o salário (coisa pouca, 45 mil euros por mês).
Para
quem duvidar da probidade do ex-ministro das Finanças e ex-negociador com a
troika (sempre por escolha do PSD), basta recordar o episódio de abril do ano
passado (é fácil de encontrar no Youtube), em que se colou ao primeiro-ministro
António Costa, puxando-lhe insistentemente pela manga do casaco, enquanto pedia
uma palavrinha em nome dos acionistas chineses da EDP: "Se você precisar
de mim para eu dar aí alguns entendimentos eu disponho-me a isso. Porque eu
tenho essa visão da política que não é partidária!" Verdadeiramente
exemplar. Depois disto, e perante mais um aperto para a EDP, só poderia ser ele
a assumir a responsabilidade de defender a honra do convento.
Julgo
que os portugueses ficaram convencidos. Bem podem lançar suspeitas sobre os
gestores que andam a alternar entre a EDP, REN, BES (e o sucedâneo Novo Banco)
e os gabinetes governamentais. Bem podem por aí vir falar de um ministro, o que
negociou as rendas, e que também andou pelo BES - ainda que no imaginário
popular seja para sempre o dos "corninhos" no Parlamento -, por ter
dado umas aulas na Universidade de Columbia, em curso patrocinado pela EDP. É
tudo fruto de trabalho esforçado e prestígio internacional. Ou, para usar o
complexo léxico de Eduardo Catroga, tudo gente disposta a fazer
"entendimentos". Gente que não tem da política uma visão partidária,
antes uma visão de negócio, que é como deve ser. Nada que se deva confundir com
corrupção e outras palavras feias que não condizem com os sapatos lustrosos e
os fatos de corte impecável das nossas elites.
Depois
de ouvir Eduardo Catroga e as suas frases eletrizantes o que apetece mesmo é ir
a correr pagar os 470 euros (mais juros) que, dizem-nos, cada um dos 10 milhões
de portugueses está a dever às empresas produtoras de eletricidade. E isto é
assim porque, pelos vistos, andamos a pagar um preço demasiado baixo pela
eletricidade. Apesar de ser dos preços mais caros da Europa. Não perceberam?
Perguntem ao Catroga, ele explica.
*Editor
executivo
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