Aos
muenexi da utopia, Kana!* **
Kamba
Eié!
Adormece
sossegado,
e
não te sintas sobressaltado.
Os
muenexi da utopia
avassalaram
o poder,
mas
quando o dia tornar,
podes
confiar,
que
eles, zuna, bailarão.
Kamba,
quando soar o dia,
quedarás
numa imensa exultação;
tudo
irá sulcar, florir,
nas
anharas que fui capaz de criar
na
tua afeição.
Kamba,
eié!
Eles
vão tomar berrida,
com
falta de coragem de atender
a
harmonia que conseguimos espalhar
e
inundar bué, a chitaca, com a poesia
que
serve para alimentar.
a
kinda do nosso dia-a-dia.
Depois,
de mão dada,
fimbaremos
por aquela picada,
construída
pelos nossos secúlos,
que
nos levará a nós,
jamais
sós.
Kamba,
meu Kota, Eié!
Adormece
retraído,
mas
não te sintas abalado;
aos
muenexi da utopia,
kiabolo,
diremos… Kana!
Glossário
(do kimbundo)
anharas
– planície de capim (erva) rasteiro
bué
– muito
chitaca
– pequena fazenda, geralmente hortícola
eié
– olá
fimbar(emos)
– mergulhar
Kamba
– Amigo
kana
– não
kiabolo
– podres
kinda
– cesta
Kota
– Mais velho (termo respeitoso)
muenexi
– donos
picada
– estrada
secúlos
– idosos, ancestrais, avós
zuna
– muito depressa
*Lobitino
Almeida Ngola*
*Lisboa,
Setembro de 2016
** Publicado
no livro “Revista Cultural Licungo nº 5/Nov/2016”, páginas 88 e 89; edição CEMD
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