João
Galamba | Expresso | opinião
A
célebre frase de Luís Montenegro de que “a vida das pessoas não está melhor,
mas o país está muito melhor” mostra bem a diferença entre a estratégia do
anterior Governo e do atual. Em nome da confiança externa, PSD adotou uma visão
sacrificial dos portugueses, do seu rendimento e das suas condições de vida. O
atual Governo faz o oposto: não há confiança externa que valha a pena sem que,
primeiro, o Governo conquiste a confiança do povo português.
A
recente subida do rating português por parte da S&P volta a mostrar que a
visão sacrificial defendida por PSD não era necessária e que o país não tem de
escolher entre ter a confiança dos investidores ou a confiança e o apoio dos
portugueses. Na verdade, é possível ter as duas ao mesmo tempo. Essa foi (mais)
uma conquista da estratégia do Governo do Partido Socialista.
Perante
isto, é natural que o PSD fique desorientada e não saiba o que dizer.
Em
março deste ano, quando a S&P manteve o rating de Portugal na categoria
lixo, Maria Luís Albuquerque confessava não ver qualquer injustiça na decisão
da agência de notação: “é uma desilusão que o país continue nesta situação e
que não consiga registar, de facto, as melhorias que estávamos a registar no
final de 2015”. Seis meses depois, e sem que a política do Governo se tenha
alterado, antes pelo contrário, parece que a subida do rating, afinal, já se
deve à continuidade de políticas e que é o reconhecimento do trabalho de dois
governos.
Numa
versão ainda mais descarada, há mesmo quem diga, como o ex-ministro Poiares
Maduro, que os resultados não são maus de todo, mas seriam muitíssimo melhores
se o anterior Governo estivesse em funções. Portugal até cresce perto dos 3%,
quase o dobro do que cresceu no melhor ano do anterior Governo, mas devia estar
a crescer 3,5%. Como é evidente, se crescesse 3,5%, a fasquia subiria para 4%,
e assim por diante.
Depois
do falhanço de todas as suas profecias, o PSD terá de encontrar outro discurso.
Com a economia, o emprego e o rendimento das famílias a crescer de forma
robusta, o discurso do diabo tornou-se insustentável. Perante isto, o PSD, como
bem notou António Costa, parece apostado em experimentar a via Ventura, usando
Loures como balão de ensaio para um novo discurso nacional. Tem sido isso,
aliás, que muitos partidos da família política do PSD têm feito um pouco por
toda a Europa, apropriando-se de bandeiras que tradicionalmente associamos à
extrema direita.
Veremos
se será, de facto, esse o caminho escolhido pelo PSD. No entanto, uma coisa é
certa: não há melhor antídoto para esse discurso do que as atuais políticas do
Governo e da maioria de esquerda que o sustenta. A procura de bodes
expiatórios, sejam estes os ciganos, os emigrantes ou outro grupo qualquer, é
tanto menos eficaz quanto melhor e mais estável estiver a vida dos portugueses.
É para isso que trabalhamos todos os dias. Quanto mais bem sucedidos formos,
menos espaço existe para esse tipo de discurso.
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