sábado, 30 de dezembro de 2017

FIDEL NA VANGUARDA DAS VITÓRIAS ESTRATÉGICAS


“Por todos los caminos les vamos a hacer resistência. Com estas palabras, certeras como su propira punteria, el Comandante en Jefe Fidel Castro preludia desde los dias de Abril de 1958, la ofensiva de verano que el Ejército de la dictadura lanzará contra el Primer Frente Rebelde y la tenaz defensa de esse território por las fuerzas guerrilleras, en el firme de la Sierra Maestra” – do livro “La Victoria estratégica”, de Fidel Castro Ruz (oferta dos meus camaradas e companheiros de luta José Manuel Silva e Jorge Silva, “Sapo”).

Martinho Júnior | Luanda

1- A luta armada, radicalizada contra um dos mais empedernidos e corruptos fascismos, avassalado ao poder do império, marcou desde o início a primeira campanha do Movimento 26 de Julho, inaugurada com o desembarque do Granma e a afirmação de domínio no inexpugnável baluarte guerrilheiro da Sierra Maestra e da clandestinidade urbana em Santiago de Cuba, a leste do território da maior das Antilhas.

Nas trilhas da Sierra Maestra às poucas dezenas de sobreviventes do desembarque do Granma, pouco a pouco vieram-se juntar torrentes de homens motivados, aspirando à liberdade, à independência e à soberania em Cuba, não mais apenas como uma revolta de escravos que rompiam velhas grilhetas, mas sobretudo enquanto combatentes animados por um dever patriótico revolucionário, que das veredas das guerrilhas, começaram a abrir as avenidas próprias duma longa história de resgates por fazer!

O livro detalha a primeira grande vitória estratégica, que passou por uma necessidade intrínseca de sobrevivência e vontade de vencer, um teste que foi servindo ao longo da vida dos que foram guerrilheiros vanguardistas e souberam transmitir a todo o povo cubano e outros povos, integrando-os com seu próprio exemplo nas fileiras revolucionárias, a essência duma sabedoria que numa lógica com sentido de vida se abre e transmite hoje inexoravelmente a toda a humanidade!

2- … E as vitórias estratégicas sucederam-se imparavelmente desde aí, mesmo que alguns sugiram que em muitas frentes de luta houvesse derrotas!

Assim foi por que na luta sempre houve capacidade estratégica alicerçada, inteligente e firme na observância dialéctica materialista da história e nessa via desburocratizada e ardente, esteve sempre presente a lúcida noção do que fazer e do como fazer para se alcançar um mundo mais justo, mais equilibrado e mentalmente saudável, um mundo melhor para toda a humanidade!

Ao longo dessas avenidas tornadas pujantes artérias abertas na América Latina e em África, tal como nos primórdios do Movimento 26 de Julho, o fascismo, o colonialismo, o “apartheid” e muitas das suas sequelas que davam e dão corpo à perversidade neocolonial, foram sempre identificáveis e assim como identificados foram os inimigos a vencer, pois os resgates só poderiam ter início com autodeterminação, independência e uma visão progressista para todos os deserdados da Terra!...


… Recorde-se:

Quantos Vietnames houve que multiplicar!?...
  
3- De Vietname em Vietname, balanceie-se assim em relação à América Latina, entre o tanto que há a balancear, como Fidel vive:

Cuba foi expulsa da Organização dos Estados Americanos, que o Comandante Fidel considerava de “Ministério das Colónias dos Estados Unidos” todavia, décadas depois, toda a América Latina, unanimemente, votou pelo seu regresso… Cuba renunciou dignamente ao seu retorno, por que entretanto não havia mais tempo a perder, nem viabilidade ética para esse retorno identificado com o passado: organizações livres, voltadas para um futuro de progresso dos povos e de integração, ao nível da ALBA, da CELAC, do CARICOM, da UNASUR e outras, davam garantias de não mais ser possível marcar o passo do retrocesso à era das trevas e das vassalagens!...

O Che morria fisicamente na Bolívia, esmagado pelas conexões da CIA, pelos fantoches do costume e pela perfídia de alguns traidores, mas a epopeia internacionalista do Che não morreu de tédio e levanta-se hoje com a memória fogosa dos povos, uma memória ávida de causas justas e dum amor rigoroso para com toda a humanidade… e na Bolívia ergue-se hoje um país progressista e sensível ao legado da identidade dos seus povos indígenas, emergindo das veias abertas pelo colonialismo nas Américas como outra das oxigenadas artérias!...

Semearam a Operação Condor, perante o exemplo de Cuba revolucionária e rebelde, as defesas torcionárias das fortalezas do neocolonialismo e das agenciadas oligarquias latino-americanas fantoches do império, sustentáculo então do embrião da hegemonia unipolar, emergindo dum passado de horrores nazis e da Escola das Américas… mas das entranhas das ditaduras que queriam impedir com as mãos os ventos da dignidade, da solidariedade e do internacionalismo, outra América se ergue, duzentos anos depois de suas primeiras bandeiras e enfrenta clarividente, particularmente na Venezuela Bolivariana, a segunda vaga do Condor, sem jamais se deixar intimidar!...

4- Como se pode balancear em relação a África:

Perante um Condor não declarado da internacional fascista instalado enquanto colonialismo, “apartheid” e tantas de suas sequelas, perante um corpo inerte onde cada abutre vinha depenicar o seu pedaço, de Argel ao Cabo da Boa Esperança, Cuba revolucionária ergueu-se em irmandade com o movimento de libertação em África, disposta a desencadear a Operação Carlota até aos horizontes dos imensos resgates que há a realizar... e tudo isso ocorreu no preciso sentido contrário da visão do Cabo ao Cairo do colonialismo britânico sob a égide de Cecil John Rhodes!

Dizia o Che, rigoroso, honesto, digno e exigente para consigo próprio, que a sua passagem por África teria sido “a história de um fracasso”… todavia a sua semente não caiu num estéril deserto e à internacional fascista da África Austral, tecida secretamente nas teias do Exercício ALCORA, o movimento de libertação ergueu-se em estreita aliança com a revolução cubana, levou até ao fim a sua saga de linha da frente contra o colonialismo e o “apartheid” e persiste na sua luta contra as sequelas que se acobertam do capitalismo neoliberal e de sua terapia post traumática!

África que continua a ser assolada pela doença e pela ignorância própria dos que integram a cauda dos Índices de Desenvolvimento Humano, tem numa Cuba revolucionária, solidária e internacionalista, Cuba tantas décadas dirigida pela clarividência do Comandante Fidel, garantia de indefectível irmandade transatlântica, disponível para os imensos resgates que em comum há que realizar! 

5- Mas as vitórias geoestratégicas, perante as crises contemporâneas estimularam outro nível de respostas sempre na unicidade entre teoria e prática, sublimando a dialética histórica com o pensamento e a prática do próprio Fidel:

O Comandante foi dos primeiros a alertar que ao haver uma espécie em perigo, o homem, estar também a ser afectada a Mãe Terra, garante da vida tal qual a conhecemos, a nossa “casa comum”, o pequeno planeta azul!

O Comandante foi dos primeiros a, entendendo a constante necessidade de desburocratização do socialismo e para que Cuba jamais fosse uma fruta madura a cair da árvore para o banquete dos poderosos, graduar o processo cultural revolucionário, estendendo-o às artes, à investigação e às ciências, como à democracia participativa, de forma a superar todo o tipo de riscos inerentes ao bloqueio e às mais diversas agressões que sobre o povo cubano têm sido lançadas pelo actual quadro de hegemonia unipolar (como antes pelo império), o processo agenciado pela aristocracia financeira mundial desde aqueles remotos anos post IIª Guerra Mundial!

O Comandante foi ainda dos primeiros a procurar respostas clarividentes a todo o tipo de fenómenos inerentes ao capitalismo neoliberal e suas transversalidades, até por que Cuba bloqueada era um laboratório dilecto, onde tudo o que fosse tenebroso era experimentado em primeiro lugar para, ainda que as experiências não resultassem ali, fossem utilizadas com adaptações nas contínuas agressões a outras nações, estados e povos, por parte da hegemonia unipolar!... algo inerente ao actual domínio nas comunicações globais, por parte dos interesses privados da aristocracia financeira mundial!...


6- As vitórias estratégicas de toda a humanidade não se cingem hoje às vitórias estratégicas resultantes do pensamento e da acção directa do Comandante Fidel com ele em vida (e de todos aqueles que a partir da saga dos Comandantes revolucionários e dos libertadores dos continentes, deram substância à lógica com sentido de vida)!

A singularidade humana de Fidel ilumina enquanto vanguarda outras vanguardas que se disseminam, fluindo da visão do monolítico onde repousam suas cinzas!

Dessas multiplicadas vanguardas, despertam algumas das presentes gerações, como as futuras para uma capacidade de luta que expandirá as artérias oxigenadas continentes adentro, ali onde ainda medram os mais obscuros rincões da Terra, onde Fidel palpita numa latente rebeldia!

A batalha das ideias está mais acesa que nunca, apesar do domínio avassalador de 1% nas comunicações globais e é uma incontornável transversalidade para a perversidade dos termos da hegemonia unipolar nos processos correntes de globalização capitalista neoliberal, por que é dialeticamente contraditória a esses interesses dominantes e contra a vontade estruturalista e sectária dos poderosos da Terra!

O grito de “a Luta Continua”, é inerente ao processo dialético global do lado dos deserdados da Terra e isso confere uma imensa responsabilidade, individual e colectiva, à paz e a todos os progressistas e combatentes da liberdade, mais agora face às avassaladoras crises que em cadeia assolam humanidade e Mãe Terra!

Aí Fidel está bem desperto e vive!

Inspirados no pensamento e na prática vanguardista de Fidel, inspirados na pedra filosofal que é o singular túmulo onde repousam suas cinzas em Santa Efigénia, onde tantos se irão rever e buscar energia acima de suas próprias forças e capacidades, na heroica Santiago de Cuba e face a face à persistente ocupação de Guantánamo, assim como “pátria es humanidade”, há outra certeza em honra da exemplar dignidade de Fidel: A LUTA CONTINUA!

Martinho Júnior - Luanda, 25 de Novembro de 2017, 1º aniversário do desaparecimento físico do Comandante Fidel de Castro Ruz.

Ilustrações extraídas de La victoria estratégica | La victoria estratégica – http://www.granma.cu/granmad/secciones/la_victoria_estrategica/index.html

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