A FARSA DA “ECONOMIA” DE ALCKMIN
Rillo desmascara o “ajuste” de
0,16% de Alckmin: feito às custas do salário alheio, do desmonte da educação e
do Hospital Universitário
Vejam como são as coisas. O
governador de São Paulo convocou a imprensa em uma entrevista festiva, que
rendeu longas e acríticas reportagens, para dizer que, ao longo de 3 anos, seu
governo atingiu a façanha de economizar, ao todo, 997 milhões de reais.
O fato foi alardeado como grande
conquista, supostamente atingida por meio de um comportamento austero com o
dinheiro público.
Numa evidente ação de marketing
eleitoral, Alckmin se apresentou como um governante zeloso de seu povo, e
apelou para a frase da ex-primeira-ministra britânica Margareth Thatcher: “Não
há dinheiro público, há dinheiro das famílias”.
Um verdadeiro espetáculo de
escárnio.
Para começar, o Orçamento
paulista supera os 200 bilhões por ano, ou seja, mais de 600 bi entre 2015 e
2017, período apresentado por Alckmin aos jornalistas.
Portanto, a grande festa está se
dando por conta de uma (suposta) economia de 0,16%. Só a estimativa do CADE do
montante desviado pelo cartel dos trens é bem superior a isso, mas, para este
debate, vamos ignorar o que se esvai pelos ralos da materialmente comprovada
corrupção tucana.
Vamos nos ater à jocosa ideia de
que trata-se de uma administração que zela pelo “dinheiro das famílias”.
Vamos falar sobre como o Hospital
Universitário da USP está sendo estrangulado até a morte, aliás, morte
que é um subproduto do grande estrangulamento das universidades estaduais, que
depois de cortarem na excelência, na qualidade e nos serviços, agora já sequer
conseguem cumprir suas obrigações trabalhistas. Vai bem o dinheiro dessas
famílias sem 13º e sem assistência médica?
Como está o dinheiro das famílias
dos professores, dos policiais, enfermeiros, médicos, enfim, dos servidores
do Estado que há pelo menos três anos não recebem SEQUER a reposição da
inflação em seus salários?
É com este dinheiro que está
sendo feita a economia de 0,16%?
Como está o dinheiro das famílias
dos agentes de organização escolar, categoria que ganha MENOS que o salário
mínimo?
Contratos que serão cumpridos em
um número cada vez menor de salas de aula, já que segue
tranquilamente o projeto de fechamento de salas por todo o Estado.
Ah, sim: e a Educação em 2018
terá DE NOVO um montante de investimentos abaixo do mínimo constitucional
(http://www1.folha.uol.com.br/educacao/2017/06/1891210-para-cumprir-lei-alckmin-inclui-ate-aposentadoria-em-gasto-de-educacao.shtml).
Ou, como ele gosta de chamar, vai “economizar”.
Para não falar da recente
aprovação do PL 920, que congela os gastos sociais primários por dois anos,
achatando ainda mais salários e recursos.
Austeridade no bolso dos outros é
refresco.
Que diferença impressionante,
aliás, é 0,16% em relação ao aumento
do custo do quilômetro do mítico monotrilho, que acaba de ter mais um
empréstimo aprovado e vai sair – por enquanto! – 351% mais caro do que o
previsto.
Quando se compara esse quase
bilhão aos 15 bilhões que o governo deu de graça em desonerações para empresas
devedoras só em 2017, então, ele fica menor ainda
(http://www1.folha.uol.com.br/poder/2017/11/1933060-fiscalizacao-do-tce-ve-caixa-preta-e-manobra-fiscal-de-alckmin.shtml).
Preto no branco: esses 997
milhões alardeados são menos do que o governo do Estado dá de troco pra
incentivar o uso de agrotóxicos
(http://www.redebrasilatual.com.br/economia/2017/10/com-incentivos-tributarios-aos-agrotoxicos-sao-paulo-deixa-de-arrecadar-r-1-2-bilhao-ao-ano).
Só existe economia quando as
obrigações estão cumpridas. Isso está muito longe de ser o caso do Estado de
São Paulo.
Não foi à toa que Alckmin
escolheu justamente uma fala de Margareth Thatcher, a pessoa responsável pelo
desmonte do estado de bem-estar social britânico e pelo massacre da classe
trabalhadora daquela nação. Pelo menos foi coerente.
*João Paulo Rillo é deputado
estadual (PT-SP)
*Em VIOMUNDO | Título PG
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