sábado, 23 de dezembro de 2017

Angola | 11 DE NOVEMBRO DE 1975 – UMA EPOPEIA DECISIVA – VI

Martinho Júnior | Luanda
  
Em saudação ao 11 de Novembro de 2017, 42º aniversário da independência de Angola, com uma atenção especial em relação a Cabinda.

Nota prévia:

A libertação de África dos mais retrógrados colonialismos e do “apartheid”, “de Argel ao Cabo da Boa Esperança”, durante a segunda metade do século XX, envolveu africanos, cubanos e internacionalistas de várias nacionalidades que, de armas na mão lutaram por um mundo melhor, mais justo, mais afim aos direitos humanos e procurando mais equilíbrio para toda a humanidade e respeito para com a Mãe Terra!

Essa ingente tarefa implicava em imensos resgates culturais, pois a opressão de séculos, tinha deixado os povos africanos num estágio de subculturas ultraperiféricas, remetendo-os para as trevas e irremediavelmente para a cauda dos Índices de Desenvolvimento Humano.

As narrativas históricas portuguesas têm feito tudo para fazer esquecer a saga da libertação em África, em Portugal desde o 25 de Novembro de 1975 até aos nossos dias, algo que tem especialmente a ver com os resíduos de assimilação e mentalidade retrógrada, inerentes até às doutrinas, filosofias e ideologias de que se servem os partidos que têm preenchido o “arco da governação”.

Todas as iniciativas editoriais cubanas sobre a sua e essa saga em África, jamais tiveram eco abrangente em Portugal, muito pelo contrário, são votadas ao completo silêncio, algo que tem que ver com a inibição à liberdade do próprio povo português!

Por essa razão só agora muitos dos segredos do fascismo e do colonialismo estão a ser expostos, como por exemplo o Exercício ALCORA , ou o papel da PIDE/DGS, da Aginter Press, das redes “stay behind” da NATO (e seus múltiplos contactos), do Le Cercle, do cartel dos diamantes e “lobby” dos minerais em países africanos, em conluios com as práticas neocolonialistas condensadas no regime de Mobutu.

A historiadora e investigadora espanhola Maria José Tíscar, em "A PIDE no Xadrez Africano - Angola, Zaire, Guiné, Moçambique (Conversas com o Inspector Fragoso Alas)", destapou mais uma parte desses segredos que fazem parte das culturas inerentes aos partidos do “arco de governação” em Portugal!

Se além do mais o movimento de libertação foi um acto civilizacional sem precedentes em relação ao todo do continente, foi também uma prova de internacionalismo, de solidariedade e de Não Alinhamento Activo, unindo os “deserdados da Terra”, dum lado e do outro do Atlântico Sul e multiplicando os Vietnames face à internacional fascista residual da IIª Guerra Mundial!

Essa epopeia pela libertação do homem, é incomparável a qualquer outra saga civilizacional anterior e pôs em causa todos os paradigmas de que se nutria e nutre a “civilização judaico-cristã ocidental”, sacudindo-a nos seus mais medievais alicerces!

Para trás fica de facto a barbárie e essa noção implica-se na lógica com sentido de vida de que se nutrem as convicções mais profundas e progressistas dos nossos dias!

A batalha de Cabinda foi uma pedra angular, tal como as do Ebo e de Quifangondo, na viragem dessa saga, passando-se da linha da frente progressista informal entre Dar es Salam e Brazzaville, para a Linha da Frente internacionalmente confirmada que isolou o“apartheid” no cone sul de África!

A derrota da internacional fascista raiz de colonialismo, neocolonialismo, “apartheid” e sequelas (entre elas as do etno-nacionalismo) foi abrangente: foram derrotados não só o colonialismo e o “apartheid”, mas também o neocolonialismo do regime fantoche de Mobutu, algo que mexeu com as ingerências e manipulações emanadas pela aristocracia financeira mundial (casas Rockefeller e Rothschield) por via dos “lobbies” dos minerais e energia, integrando o cartel dos diamantes (com implicação em muitas sequelas).

Os etno-nacionalismos agenciados, sem essa capacidade dialética e com horizontes estruturalistas curtos, mesmo que armados de doutrinas fundamentalistas, estavam por tabela condenados à fragilização e até ao desaparecimento.

O povo português tem sido mantido deliberadamente à margem do conhecimento do significado geoestratégico das vitórias do movimento de libertação em África, para melhor mobilizar vassalagem e vassalos, década após década, no manancial de assimilação e de mentalidade retrógrada, a fim de polvilhar os relacionamentos com as antigas colónias cujas independências foram arrancadas por uma longa luta com recurso às armas, recorrendo à esteira da inteligência económica neoliberal e à sua “providencial terapia”!

O significado geoestratégico da vitória em Cabinda enquadra-se numa contrastante dimensão progressista sem equivalência por parte de Portugal e constitui um marco da já longa história comum África-Cuba que se estende século XXI adentro, pois a Operação Carlota, na sequência das duas colunas do Che em África, prolonga-se nas vias da educação e da saúde, bem como de outros ramos humanos de saber e actividade, enquanto o subdesenvolvimento, a ignorância e o obscurantismo persistirem no continente-berço da humanidade!

20- A batalha de Cabinda, também conhecida por batalha de N´Tó, foi levada a cabo, tendo em conta duas probabilidades disjuntivas em relação à capital do país:

- No caso do MPLA perder em Luanda, garantia a seu tempo que, se não tivesse sido possível assegurar a independência a 11 de Novembro de 1975, se viabilizasse imediatamente a plataforma “boomerang” (de acordo com o formato de Cabinda) para se penetrar de novo no sul do país e assim poder corresponder, com as contramedidas para fazer face à derrota e à perda, em consonância com as guerrilhas que iriam surgir nessa eventualidade, espalhadas numa grande parte do território angolano; neste caso, apesar de tudo reforçava-se o flanco ocidental da linha progressista informal;

- Em caso de vitória com a proclamação da independência em Luanda, garantia a Angola a sobrevivência económica e financeira nos primeiros anos, algo que o Comandante Fidel assumiu como prioritário em termos geoestratégicos, passando a ser assim compreendido pelos pares africanos com o presidente Agostinho Neto à cabeça; neste caso permitir-se-ia a formação da Linha da Frente progressista formal contra o “apartheid”.

Defender o território obrigava à defesa das instalações petrolíferas da então Cabinda Gulf Oil Company (hoje Chevron), ou seja: os angolanos e os cubanos deveriam impedir a todo o custo que um tiro sequer fosse disparado dentro ou nas imediações, facto que seria por si uma pequena-grande vitória, dentro das vitórias maiores!

Quem era envolvido pelas contradições nunca seria assim o nascente estado angolano, mas aqueles que tardavam em reconhecer a sua existência e dimensão libertária!

Em Cabinda, nos dois anos decisivos da epopeia pela independência de Angola, estiveram enquanto jovens combatentes de fresca data mobilizados pelo MPLA, alguns dos principais quadros dirigentes do actual governo saído das últimas eleições e presidido pelo Presidente de Angola, João Lourenço!

A saga das batalhas por Cabinda (1974 e 1975), faz não só parte do seu currículum, mas da universidade de sua própria vida!

Da plataforma de Cabinda muitas outras geoestratégias se desenvolveriam concomitantemente face aos acontecimentos na conturbada região, mas as vitórias que estiveram na origem merecem como tal ser lembradas na epopeia maior “de Argel ao Cabo da Boa Esperança”, enquanto charneira decisiva atingindo a África Austral!

21- O “boomerang” libertário das horas decisivas, foi entendido como ninguém pelo comandante Ramón Espinosa Martin, conforme “La batalla de Cabinda”, cuja edição e tiragens, de forma contraproducente, não chegou aos lusófonos!

Os governos do após 25 de Novembro de 1975, ao mesmo tempo que escondiam os segredos da internacional fascista, “barravam”sobretudo o conhecimento e a experiência histórica cubana, também em função do seu papel na epopeia do movimento de libertação em África, de forma a que particularmente o povo português não desperte e continue a ser mais um dócil vassalo nas correntes de domínio da aristocracia financeira mundial!

O comandante Ramón Espinosa Martin foi capaz de integrar e comandar um ciclo sucessivo de operações desencadeado pelo comandante Fidel a partir de Cuba, com capacidade para se entrosar com Agostinho Neto, o MPLA e as FAPLA, que saíam da dimensão guerrilheira a quente e fazendo face à escalada dos acontecimentos!

Angolanos e cubanos deram provas de surpreendentes recursos humanos, capazes de se adaptarem aos desafios e exigências do momento, o que por si conferiu vantagens estratégicas na hora da verdade, no 11 de Novembro de 1975, numa epopeia decisiva e numa emergente luta contra os bastiões das trevas em África!

A 15 de Fevereiro de 2013, o livro “La batalla de Cabinda” foi apresentado em nova reedição em Cuba:

“El libro La batalla de Cabinda, del General de Cuerpo de Ejército Ramón Espinosa Martín, se presentó este viernes en la Sala Nicolás Guillén, en el Complejo Morro-Cabaña, sede permanente de la actual edición de la Feria Internacional del Libro.

Esta obra, de la Casa Editorial Verde Olivo, está estructurada en cinco capítulos y se enriquece con diecinueve anexos, todos los cuales permiten al lector tener una visión más completa de aquella épica jornada, los acontecimientos que le precedieron y la ayuda posterior brindada por Cuba al pueblo cabindano, explicó durante la presentación la editora Temis Tasende Dubois.

Su autor se convirtió con esta publicación en el primer jefe militar cubano que relata sus experiencias en una misión internacionalista y lo hace, además, dando voz a otros 13 participantes en la batalla, desde primeros oficiales hasta reservistas.

Ellos, como apunta el General de Ejército Raúl Castro Ruz en el prólogo del libro, nos narran los acontecimientos de las semanas previas y los días tremendos de los combates con la precisión del lenguaje militar y la lozanía, sencillez y modestia que caracterizan el testimonio de los héroes populares, agregó Temis Tasende.

Durante la presentación del libro, el alto jefe militar y miembro del Buró Político precisó que se trata de una reedición, la cual da una visión más completa de esos acontecimientos que tuvieron lugar en noviembre de 1975.

Modestamente hemos querido pasar recuento a las vicisitudes con las que transitamos todos los que tuvimos la oportunidad de ser partícipes de tal acción.

Para muchos de los cubanos y angolanos no es conocido el marco en que se decide, se crean las condiciones y ejecutan un conjunto de medidas que propiciaron el éxito de la guerra en el enclave de Cabinda”…

22- No prólogo do libro o comandante Raul de Castro reporta-se às decisões geoestratégicas em reforço da aliança da revolução cubana com o movimento de libertação em África, com foco nas horas decisivas em relação a Cabinda:

“De acuerdo con sus resultados, se conviene en que es necesario enviar un contingente de unos cuatrocientos ochenta instructores cubanos para crear centros de entrenamiento y formar en ellos alrededor de cuarenta unidades (batallones de infantería y baterías de artillerías).

El armamento y todos los suministros que requieran las unidades militares y las unidades que se organizarán en el ciclo planificado, serán aportadas por Cuba”.

(…)
“Ello explica el número de instructores enviados a la provincia, casi la mitad del total, y el refuerzo en artillería de diverso tipo”.)

“El 5 de noviembre de 1975 Fidel despide a las primeras tropas, en preparación para partir por vía aérea hacia Luanda.

Ese día se cumplen ciento treinta y dos años del sacrificio singular de Carlota.

La esclava africana encabezó en 1843 la rebelión de varias dotaciones de esclavos, que hizo estremecer a los amos y a las autoridades coloniales españolas en Cuba.

La decidida acción insurrecta fue finalmente ahogada en sangre por los apresurados refuerzos llegados a Triunvirato desde Matanzas: tropas de infantería y caballería comandadas por el gobernador de la provincia.

Carlota fue amarrada a cuatro caballos, que obligados a halar en direcciones diferentes martirizaron su cuerpo hasta descuartizarlo”…

A confrontação entre os atacantes e a defesa de Cabinda começaria finalmente a 8 de Novembro de 1975…

23- A 8 de Novembro de 1975, sob a falsa bandeira duma FLEC agenciada e de cariz etno-nacionalista, as Forças Armadas Zairenses, mercenários franceses e portugueses e os efectivos agrupados como FLEC, invadiram o então distrito de Cabinda com o objectivo de tomar a capital e colocar no poder as emanações subservientes aos interesses de Mobutu.

O ditador-fantoche de Kinshasa queria alargar o Baixo Zaíre, anexando território angolano!

Do lado das FAPLA e das FAR, além da formação apressada dos batalhões angolanos desde Outubro de 1975, foram feitos reconhecimentos intensivos em todo o território de Cabinda, inventariadas as linhas de penetração e desembarque e disseminados, já com a planificação defensiva prévia, os campos de minas nas áreas nevrálgicas, de forma a não dar espaço a qualquer tipo de improviso.

A planificação defensiva foi organizada, disciplinada, rigorosa, metódica e previa inovações, entre elas o emprego das metralhadoras 14,5mm (armas antiaéreas), para fogo rasante contra efectivos de infantaria e blindados ligeiros (Panhard AML-60 e 90).

A refrega principal ocorreu em N’Tó, a poucos quilómetros da capital e aí o inimigo sofreu perdas pesadas.

Em cerca de 72 horas a invasão foi escorraçada e a dizimada força atacante colocada para lá de 20 km da fronteira, fora de alcance da artilharia, dentro do território do Zaíre, completando a derrota da falsa bandeira da FNLA a sul, no seguimento do desastre de Quifangondo!

Angola, de acordo com as próprias palavras do presidente Agostinho Neto, era “trincheira firme da revolução em África” e o“apartheid” passaria a ser, desde o 11 de Novembro de 1975 e até ao seu colapso, confrontado como nunca o fora, assim como muitos dos resíduos remanescentes do Exercício ALCORA, da PIDE/DGS e da internacional fascista na África Austral!

Martinho Júnior - Luanda, 13 de Dezembro de 2017.

Ilustrações e fotos:
Foto de um dos teatros das confrontações; apresentação do livro “La batalla de Cabinda”; o general de corpo de exército Ramón Espinosa Martin assina uma dedicatória do livro sobre a batalha de Cabinda; mapa do território mais a norte de Angola; capa do livro “La batalla de Cabinda”.

A consultar de Martinho Júnior (além do sugerido nos dois números anteriores):
Angola – 11 de Novembro de 1975 – Uma epopeia decisiva – I – http://paginaglobal.blogspot.pt/2017/11/angola-11-de-novembro-de-1975-uma.html  
Angola – 11 de Novembro de 1975 – Uma epopeia decisiva – II – http://paginaglobal.blogspot.pt/2017/11/angola-11-de-novembro-de-1975-uma_19.html
Angola – 11 de Novembro de 1975 – Uma epopeia decisiva – III – http://paginaglobal.blogspot.pt/2017/11/angola-11-de-novembro-de-1975-uma_26.html
Angola – 11 de Novembro de 1975 – Uma epopeia decisiva – IV – http://paginaglobal.blogspot.pt/2017/12/angola-11-de-novembro-de-1975-uma.html
Angola – 11 de Novembro de 1975 – Uma epopeia decisiva – V – http://paginaglobal.blogspot.pt/2017/12/11-de-novembro-de-1975-uma-epopeia.html O Che e a sua poalha humana – http://paginaglobal.blogspot.pt/2017/10/o-che-e-sua-poalha-humana.html

A consultar (para além do sugerido nos dois números anteriores):
General de Cuerpo de Ejército Ramón Espinosa Martín – http://www.granma.cubaweb.cu/secciones/generales/art03.html
Mientras el mundo callaba los horrores del apartheid, Cuba luchaba por la libertad de Angola – http://radiomacondo.fm/2013/12/07/mientras-el-mundo-callaba-los-horrores-del-apartheid-cuba-luchaba-por-la-libertad-de-angola/

Angola | FAMÍLIAS CORTAM GASTOS

Ao contrário do que acontecia nos anos anteriores à crise,  os mercado de Luanda apresentam uma imagem de indiferença. Não há aquele habitual alvoroço que se regista em véspera de Natal. Era como se as famílias nada quisessem saber do evento.

Não se vêem pessoas a carregar grades de gasosa, de cerveja, sacos de batata e outros tipos de alimentos e bebidas de um lado para o outro. As paragens de táxi não estavam cheias e as pessoas andavam completamente descontraídas.  Os rostos não manifestavam ansiedade por se estar a escassos dias do Natal.

A realidade dos supermercados não é diferente da dos mercados paralelos. Nas lojas, há um número muito reduzido de pessoas a fazerem compras.

Quase às moscas

O primeiro estabelecimento a ser visitado foi a Max do Antigo Controlo, na Samba. Aqui, a instituição estava quase às moscas, se comparado com os outros dias. Um número bem ínfimo de clientes circulava pela loja, procurando pelos produtos que lhes interessava. Tentamos falar com o gerente, a fim de saber se o ambiente registado na loja, nessa véspera de Natal, era superior ou inferior ao do ano passado. Localizado, ele disse não ser a pessoa certa para fornecer tais informações e, por isso, indicou-nos a área de Marketing, que fica no Talatona, onde, por sorte, está a loja mãe. 

Não hesitamos e deslocamo-nos até lá. Fomos até a Área de Marketing e, mais uma vez, o mesmo cenário. O adjunto da área não aceitou falar porque não era de sua competência. O responsável principal não se encontrava presente, pelo que indicou-nos o director da loja. 

Fomos ter com ele, mas foi em vão. Também não aceitou falar. Como não nos davam informações, não tivemos outra opção que não fosse dar uma volta pela loja e medir o nível de frequência. Eram 14H00 e constatamos que, efectivamente, o número de clientes era muito reduzido.

Sem comparação possível 

Daí seguimos para o hipermercado Candando, que fica bem ao lado. Aqui, diferente do anterior lugar, encontramos uma funcionária que não deu voltas. Abriu-nos logo o livro. “Não há comparação possível. O ano passado, nessa fase, fomos mais visitados. A essa altura, já teríamos a loja completamente abarrotada. Não sei se é a crise que afectou o país ou se é pelo facto das famílias quererem economizar, mas o certo é que as famílias não estão a gastar como gastaram o ano passado”, disse a funcionária. 

A realidade não foi diferente no hipermercado Kero, do Gika. Apesar de não termos conseguido falar com a responsável da área de Marketing, pois não funciona naquele estabelecimento, conseguimos, ainda assim, saber de um alto responsável, que este ano a loja registou uma grande redução de clientes nessa fase, se comparado com o ano passado.  Este funcionário acredita que a redução de clientes deve-se ao facto das famílias decidirem, este ano, não gastar muito no Natal. “Acho que as famílias não querem gastar muito nessa quadra festiva”, disse o responsável.

Gastar menos

O palpite do responsável do Kero é certeiro. Teresa Pedro, dona de casa, que se encontrava no mesmo estabelecimento comercial a fazer compras, disse à reportagem do Jornal de Angola que este ano não vai fazer muitos gastos, pois pretende fazer “alguma” economia. “Com essa crise, mano, não dá para gastar muito. Não sabemos quando é que ela vai passar”, afirmou. 

Já a sua filha Iznóbia Romão, que prepara o seu primeiro Natal este ano, pois juntou-se agora ao marido, decidiu adoptar uma estratégia para não rotular Janeiro como Mês da Fome. “Normalmente em Janeiro as pessoas não têm dinheiro e os salários tendem a atrasar. Para contrapor a essa situação, vou abastecer a minha despensa não para consumir agora, mas sim em Janeiro”, disse a nova dona de casa. Iznóbia Romão deu ainda a conhecer que no Natal vai fazer apenas um almoço normal para a família.

Dionísio Velasco, um outro interlocutor interpelado pela nossa equipa de reportagem, tem uma abordagem diferente. Na sua opinião, os preparativos para o Natal este ano estão bem melhor que no ano passado. 

“Sem sombra de dúvida. As pessoas estão mais galvanizadas e mais satisfeitas”, afirmou. Dionísio Velasco disse que no ano passado as pessoas não tinham  ânimo de ir às lojas comprar alguma coisa para o Natal, mesmo tendo algum dinheiro.  Para este chefe de família, o povo tinha perdido a esperança por causa do mau momento que o país estava a atravessar. “Já este ano nota-se um ambiente diferente. Vemos as pessoas a irem atrás da árvore e de outros produtos para celebrarem o Natal”.

Crianças dizem-se satisfeitas

A nossa reportagem não se limitou a ouvir os adultos. Também deu espaço às crianças, que disseram o que acharam dos presentes que receberam dos pais este ano. Cássio de Oliveira, de sete anos, disse que gostou muito do presente que recebeu dos pais, era o que queria receber.

“Estou muito contente com o presente que recebi”, disse o menino.  Quem também gostou do presente que recebeu foi o pequeno Beteandro Mendonça, de dez anos, que recebeu dos pais um comboio. Perguntado se quer ser um maquinista quando crescer, Beteandro não dá volta: “quem sabe? Vou pensar”, disse, com um sorriso nos lábios.   

César Esteves | Jornal de Angola | Foto: Vigas da Purificação | Edições Novembro

CONFERÊNCIAS DN | A Europa num equilíbrio difícil. Lá fora e cá dentro

O ministro Augusto Santos Silva, pelo governo socialista, e BE e PCP mostraram visões irreconciliáveis sobre o futuro da União Europeia

Entre o otimismo de Augusto Santos Silva e Pierre Moscovici e o pessimismo de Jerónimo de Sousa e Catarina Martins, a conferência do DN "Que Europa queremos?", ontem realizada em Lisboa, foi um exercício de contraditório que deixa pistas para equilíbrios difíceis na Europa, mas também no plano nacional nos dois anos que faltam da atual legislatura.

O líder comunista e a coordenadora bloquista deixaram avisos de que esta Europa falhou. Jerónimo defendeu a necessidade de renegociar a dívida pública e libertar Portugal "da submissão ao euro e das imposições e constrangimentos da União Europeia", enquanto Catarina afirmou que se deve reestruturar a dívida e nacionalizar empresas estratégicas "para retirar o país do regime de protetorado em que se encontra".

Para o líder do PCP, "a atual fase da vida política nacional" - "sem prejuízo das possibilidades que abre e que não devem ser desperdiçadas" - evidencia "ainda mais o indispensável objetivo de rutura com a política de direita e a necessidade de uma outra política". Uma mudança que o PCP considera "indispensável" para "libertar o país das limitações e constrangimentos" impostos pelas instituições europeias. Já a "reestruturação da dívida, a nacionalização de empresas e a política orçamental contracíclica de que o país precisa", defendidas pela coordenadora do BE, exige "uma postura em contracorrente com as orientações das instituições". Catarina disse que "o projeto de integração europeia que foi apresentado aos portugueses com tanta esperança tornou-se um tremendo pesadelo", persistindo na "obstinação do euro" e fazendo do país "uma colónia governada pelo medo".

Nos antípodas de bloquistas e comunistas, o ministro dos Negócios Estrangeiros passou em revista os grandes desafios da Europa, aproveitando para reafirmar os compromissos de Portugal com o projeto europeu. Nomeadamente o do aprofundamento da União Económica e Monetária. "Uma zona monetária incompleta e imperfeita agrava as divergências", sublinhou Augusto Santos Silva, que fez sorrir a sala ao afirmar que "o governo tem total confiança no presidente eleito do Eurogrupo". BE e PCP dificilmente dirão o mesmo.

Quem também falou de Mário Centeno foi o comissário europeu Pierre Moscovici, que aproveitou a sua passagem por Lisboa, para participar na conferência do DN, para definir com o recém-eleito presidente do Eurogrupo e ministro das Finanças português os desafios para 2018. Entre essas prioridades está a conclusão do programa de assistência à Grécia. "Estou muito otimista que o programa se conclua em agosto", apontou, esperando que Atenas avance para um novo capítulo, apesar de persistirem reformas por fazer. O exemplo grego, somado ao que Moscovici diz serem as boas perspetivas de Espanha e França, além da saída de Portugal do programa de ajustamento, "prova que os procedimentos que adotámos durante a crise funcionaram". Catarina Martins e Jerónimo de Sousa discordam em absoluto.

Já Assunção Cristas, presidente do CDS, esteve no Centro Cultural de Belém para defender que "não precisamos de mais Europa, precisamos de melhor Europa". Para a líder centrista, aquela que tem sido a resposta mais usada pelos responsáveis europeus para responder aos problemas da construção europeia já não serve. Nomeadamente quanto a "problemas estruturais" como o inverno demográfico, as migrações ou o reacender dos populismos dentro das fronteiras da UE. Em vez disso, defende Assunção, a resposta deve passar por uma Europa mais descentralizada e mais flexível.

O desígnio europeu é um caminho a que Portugal não pode escapar, defendeu o embaixador Martins da Cruz. "Nós não temos alternativas à Europa, Portugal está e tem de estar na União Europeia", disse o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros. "Enquanto existir a UE, e já agora o euro que conhecemos, não temos alternativas nem opções válidas", apontou. E deve "saber valorizar na Europa os outros eixos da nossa política externa, sobretudo o vetor africano", e ter em Espanha "a nossa política externa permanente".

Como sintetizou Santos Silva na última linha da sua intervenção: "A Europa estar viva é a melhor notícia que o mundo pode ter nos dias de hoje."

Miguel Marujo e Susete Francisco | Diário de Notícias

PORTUGAL | Os milionários negócios da pobreza – Missão Continente

O que têm em comum a Leopoldina, Paulo Azevedo, a Sonae, a TVI e as caras que empresta? A hipocrisia farisaica de quem ganha dinheiro com o negócio da multiplicação da pobreza enquanto faz de contas que ajuda os mais pobres.


Fátima Lopes e outras caras bem conhecidas desta estação “emprestaram” as suas imagens à campanha “Missão Continente” que, em teoria, “dá” um euro por cada “prenda” adquirida nas lojas Continente.

O problema começa aqui mas está longe de ficar por aqui. Tal como com as campanhas do Banco Alimentar Contra a Fome, os super-merceeiros Azevedo e Soares dos Santos recebem um porco dando em troca um chouriço. No caso do projecto Jonet nem isso. Têm fins de semana de facturação excepcional e não contribuem com um cêntimo para o alegado “Banco”.

No caso da Missão Continente a Sonae propõe-se dar um Euro por cada venda das tais prendas escolhidas pelo seu departamento de marketing e pagas pelos clientes, pressionados pelas “caixas”. Além de que, uma vez na “superfície comercial”, devido às sinergias entre lojas e, dentro do próprio hipermercado, as técnicas de merchandising arrastam estes inevitavelmente para a compra de coisas de que não necessitam. Ao mesmo tempo têm publicidade grátis que não é apresentada como tal, como acontece nas “Galas” televisivas e mesmo durante espaços nobres de informação.

Se Paulo Azevedo e o Grupo Sonae quiserem fazer um exercício de “responsabilidade social” podem começar por pagar melhor aos produtores agrícolas, aos trabalhadores dos hipermercados e, porque não, passarem a pagar todos os impostos em Portugal sobre a riqueza cá produzida?

Há pobres que retiram daqui algum benefício? Claro que há! Mas o benefício da SONAE e da Jerónimo Martins é muito maior. O benefício da TVI idem e o mesmo se diga das referidas “caras” que participam nos anúncios de produções milionárias.

Todos ganham… até os pobres, eventualmente. Uns poucos ganham muito. Os pobres, que são muitos, ganham pouco. Esta é até uma boa maneira de os manter sossegadinhos não vão lembrar-se de roubar um shampoo e um pacote de fiambre.

Tudo isto se passa à vista do Estado e da Comissão Europeia. Com os salários baixos também saem prejudicadas as receitas da Segurança Social, além do Fisco. Mas isso já não é um problema de Fátima Lopes, da Cristina Ferreira ou do Manuel Luís Goucha. Nem dos administradores e accionistas das referidas empresas.

O dumping fiscal de alguns países Europeus é um transvase de dinheiro de uns países para outros dentro do próprio espaço do Euro e da União. A inexistência de uniformidade fiscal promove e incentiva este tipo de fuga legal ao fisco. O prejuízo que causa fica a muitas milhas do benefício resultante destas “missões” de caridade com o dinheiro da classe média.

Por falar em Donos Disto Tudo… A reportagem da Raríssimas começa a cheirar a lágrimas de crocodilo.

PORTUGAL | CTT: A memória é curta



Bloco de Esquerda e PCP pediram esclarecimentos ao Governo sobre os despedimentos e encerramento de lojas dos CTT. Paralelamente também são prometidos cortes nos salários da administração, embora ainda pague dividendos este ano. É evidente que toda a discussão sobre o futuro dos CTT e dos seus trabalhadores é indissociável de um processo de privatização de descaracterizou e enfraqueceu uma empresa histórica e relevante para o país. Uma empresa que, curiosamente, dava lucro.

A privatização feita pelo Governo de Passos Coelho resultou na degradação dos serviços e na falta de cumprimento do serviço público que os CTT têm que prestar e no despedimento de trabalhadores. A privatização preconizada por Passos Coelho, líder em fim de vida do PSD, não trouxe quaisquer benefícios aos país e deveria ser Passos Coelho a prestar esclarecimentos sobre como privatizou uma empresa lucrativa que serve de elo de proximidade e que presta um serviço muito relevante ao país. Deveria ser Passos Coelho, que não se coíbe de atribuir todos os males a este Governo e que se vangloria de ter tido feito um bom trabalho cujos resultados estão a ser colhidos pelo Executivo de António Costa, a dar explicações sobre o que o levou a privatizar os CTT e, já agora, se está satisfeito com os resultados.

A memória é curta, bem sabemos, muitos já terão esquecido as privatizações executadas por PSD/CDS que só não atingiu a Caixa Geral de Depósitos por falta de oportunidade.

Ora aí está o resultado; um resultado que se repete: todos ficam a perder, excepto uns poucos que engordaram com o negócio. Agradeça-se ao PSD/CDS e não se permita que a memória seja sempre tão curta.

*Ana Alexandra Gonçalves | Triunfo da Razão

PORTUGAL | Fim de semana está aí. Saiba o que pode ver à borla em Lisboa e no Porto


Com o Natal à espreita, fique a saber o que há por aproveitar gratuitamente neste fim de semana.

É quase Natal e nem sequer terá de bater o pé para saber que novidades o esperam.

Falamos, naturalmente, das sugestões culturais gratuitas que temos para si para a Grande Lisboa e Grande Porto nestes dias frios de 22, 23 e 24 de dezembro.

É certo que no domingo a prioridade será a Consoada em família. Mas há mais por descobrir, nomeadamente o Natal Social, que ainda decorre pela capital, um evento em que um donativo faz a vez de um bilhete.

Fique com as nossas sugestões para estes dias, com particular destaque para as feiras de Natal, que continua a dar luz e cor a esta época festiva.

Grande Lisboa

Natal Social

O atual é época de tradições e por Lisboa há uma que começa a crescer. Até sábado, 23 de dezembro, pode  andar a saltitar por quatro associações da zona dos Anjos. São elas a Crew Hassan, a Anjos70, o Desterro e a BUS Paragem Cultural. Há concertos, workshops e mercados. E a entrada é livre, mediante donativo de bens não perecíveis. É altura de ir buscar aquela peça de roupa que já não serve e aproveitar para desfrutar deste Natal Social.

Mercados de Natal

O Natal está à porta e em dezembro as ruas enchem-se de decorações e iluminações natalícias. Como é habitual neste período, são vários os mercados de Natal que se instalam na Grande Lisboa. Um dos mais conhecidos é o Rossio Christmas Market, na Praça D. Pedro IV, que começou no passado dia 1 de dezembro e vai durar até dia 26 de dezembro. Uma boa oportunidade para provar alguma das iguarias e doces que são vendidos neste espaço ou fazer alguma compra de Natal, pois são várias as bancas de artesanato. Já em Cascais, o mercado de Natal começou no passado domingo e vai decorrer até dia 17 de dezembro. Conheça o programa deste mercado aqui.

José Luís Peixoto na Bertrand

José Luís Peixoto é um dos autores de maior destaque da literatura portuguesa contemporânea.'O Caminho Imperfeito' é o seu mais recente livro mas os fãs podem levar outros livros do autor. É que ele vai estar esta sexta-feira, 22 de dezembro, na Bertrand do Chiado, disponível para dar autógrafos. O encontro está marcado para as 19h.

Samba à mesa no Bartô

No Chapitô não há só artes circenses. O Bartô recebe também músicas do mundo, e logo num espaço com vista privilegiada sobre Lisboa. Uma boa sugestão de convívio. Esta sexta-feira há Samba à mesa.

Sessão de autógrafos com Sara Tavares

Depois do showcase de apresentação de 'Fitxadu', Sara Tavares regressa à Fnac para uma sessão de autógrafos e lançamento da edição em vinyl. É este sábado, 23 de dezemebro, às 17h, na Fnac Chiado.

Grande Porto

Praça de Natal em Gaia

O espírito natalício também se vai sentindo no Grande Porto. A Praça de Natal em Gaia promete reunir milhares de miúdos e graúdos. Com várias diversões, como uma roda gigante e uma pista de gelo, e atuações ao vivo vale a pena a visita. Começo no passado dia 8 de dezembro e vai durar até ao dia 7 de janeiro. Pode saber mais clicando aqui.

Como será o Natal dos Nossos Animais?

O Mar Shopping continua a dar-nos Dominguinhos, eventos que acontecem todos os domingos, pelas 11h, e que foram criados a pensar nos mais novos. Desta vez, em véspera de Natal, o mote é a pensar nos melhores amigos dos humanos: 'Como será o Natal dos Nossos Animais?'. 

Centro Português de Fotografia

Entre fotografia contemporânea e histórica, há sempre exposições para espreitar no Centro Português de Fotografia. Localiza-se na Cadeia da Relação do Porto, a cadeia oitocentista onde, por exemplo, Camilo Castelo Branco esteve detido. A entrada é sempre gratuita. São algumas as exposições que foram inauguradas ainda em 2017 e que se prolongam até ao próximo mês de março. Conheça-as clicando aqui.

Quando
Largo Amor de Perdição
Onde

De terça a sexta das 10h às 18h, sábados, domingos e feriados das 15h às 19h. Encerra à segunda-feira

Paulo Barros ao vivo na Fnac

Paulo Barros apresenta esta sexta-feira, 22 de dezembro. 'Um Piano Só', primeiro disco a solo onde se pode ouvir a sua linguagem jazzística e composições originais que nos transporta para outro lugar. A atuação está marcada para as 19h.

Bom fim de semana, boas descobertas culturais...e Feliz Natal.

Notícias ao Minuto

2018: Guiné-Bissau entra no Ano Novo com olhos postos nas legislativas

A Guiné-Bissau vai entrar em 2018 bloqueada num impasse político e com os olhos postos nas eleições legislativas e no congresso do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), previsto para final de janeiro.

Com os atores políticos guineenses a não conseguirem ultrapassar a crise política criada pelo afastamento de Domingos Simões Pereira, candidato do PAIGC eleito primeiro-ministro nas legislativas de 2014 e demitido pelo Presidente guineense um ano e meio depois, o país entra no ano novo com os partidos a posicionarem-se para as legislativas.

O foco vai estar centrado no congresso do PAIGC, que deverá realizar-se entre 30 de janeiro e 04 de fevereiro, e na sua futura liderança, com vários atores políticos a posicionarem-se para apresentar candidatura à presidência do partido, apesar de nenhum ainda o ter admitido oficialmente.

A única exceção é Domingos Simões Pereira, que já assumiu que é recandidato.

O grupo dos 15 deputados expulsos do PAIGC, depois de terem chumbado o programa de Governo do partido, anunciou que quer retornar ao partido e que vai participar no congresso.

E, apesar de não haver garantias, o antigo primeiro-ministro guineense Carlos Gomes Júnior poderá regressar ao país, especulando-se à volta de uma candidatura à presidência do PAIGC, ou à Presidência da República.

Outro partido que se prepara para o embate é o PRS (Partido de Renovação Social), que se tem mantido do Governo e tem assumido esperanças de vencer as próximas legislativas.

Apesar de já ter realizado o seu congresso, os órgãos diretivos do partido ainda não foram tornados públicos, o que também tem criado alguma especulação sobre a sua unidade.

A comunidade internacional tem insistido na necessidade de serem organizadas eleições livres, justas e transparentes em 2018, mas o Coletivo dos Partidos Políticos Democráticos afirmou já publicamente que não vai aceitar eleições organizadas pelo atual Governo, que considera "inconstitucional e ilegal".

Lusa | em Diário de Notícias

Cabo Verde à frente da CPLP num ano em que se perspetivam privatizações

Praia, 22 dez (Lusa) - A presidência da comunidade de países lusófonos deverá marcar 2018 em Cabo Verde, onde se perspetiva a privatização de várias empresas, incluindo a TACV, e a concretização do 'hub' aéreo do Sal.

Cabo Verde vai assumir a presidência rotativa da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) 2018- 2020 e acolher a XII conferência de chefes de Estado e de Governo lusófonos, que deverá ocorrer em julho.

Depois de ter perdido para a Costa do Marfim a presidência da comissão da Comunidade Económica de Países da África Ocidental (CEDEAO), a ação da política externa de Cabo Verde centrar-se-á, no próximo ano, na presidência da CPLP.

O país quer uma presidência marcada pela agenda cultural, com a proposta de criação de um mercado lusófono de arte e cultura, e "avanços concretos" nas questões da mobilidade, da cidadania lusófona e a promoção da língua portuguesa.

Em 2018, Cabo Verde quer também concluir o processo de privatização da companhia pública de aviação Transportes Aéreos de Cabo Verde (TACV), atualmente gerida pelo grupo islandês Icelandair, num processo que irá implicar o despedimento de cerca de 260 trabalhadores.

A privatização da companhia é apontada como fundamental para a concretização do conceito de 'hub' no aeroporto do Sal, para onde está prevista a transferência, no início do ano, de todos os voos da empresa.

A ideia é criar uma plataforma que faça de Cabo Verde o ponto de passagem dos voos que ligam os continentes africano, europeu e norte-americano.

Paralelamente, o país quer implementar um novo modelo de gestão dos aeroportos, que está a ser estudado pela empresa ANA/VINCI, e avançar para a concessão da gestão dos portos, com o grupo português ETE na corrida.

A implementação de uma solução para o transporte marítimo entre ilhas é outra das apostas para 2018, com o Governo a assegurar que este será o ano das "soluções definitivas" para o setor dos transportes.

A partir de 01 de janeiro, Cabo Verde deverá começar a isentar de vistos de entrada os turistas provenientes da União Europeia e do Reino Unido, uma medida que visa aumentar o número de visitantes e facilitar as deslocações de potenciais investidores.

Cabo Verde terá ainda de lidar com os efeitos da seca e do mau ano agrícola, podendo contar para tal com um apoio de 10 milhões de euros dos parceiros internacionais, particularmente da União Europeia, que garantiu uma ajuda financeira de 7 milhões de euros.

CFF // PJA

Angola | COOPERAÇÃO COM PORTUGAL SÓ COM RENDIÇÃO DO JUDICIÁRIO!

Raul Diniz | opinião

As declarações bombásticas do ministro angolano das relações exteriores acerca da dos motivos que levaram a interrupção unilateral da cooperação com Portugal, deixaram perplexos até mesmo o cidadão menos informado. O ministro esforçou-se de tal maneira a barra, que quase deu a entender que Manuel Vicente estaria a ser perseguido politicamente pela justiça Portuguesa.

Só faltou ao ministro dizer que o governo estaria pronto para fazer recurso ao instituto internacional da lowfare, para salvar Manuel Vicente de uma hipotética perseguição politica movida pelo sistema judicial português.

Também a tentativa do PR transformar a instituição presidência da republica numa banca de advocacia, só para proteger e/ou defender corruptos consagrados da nossa praça politica, é um sofisma e um desserviço contra a democratização do país. Aliás, em um país de corruptos como Angola, não basta não ser corrupto, é preciso ser principalmente anti corrupto.

Até aqui, o governo e principalmente o ministro das relações exteriores não deram as caras para publicitar as razões que motivaram a blindagem a Manuel Vicente, nem apresentaram o motivo que os leva a impedir que MV vá a Portugal defender-se dos crimes de que é acusado pelo MP português!

O governo de João Lourenço quer a todo custo colocar de cócoras o governo de Portugal, demonstrar a esse uma inexistente força politica. Por outro lado, o PR deduz erradamente, que poderá sair fortalecido se conseguir humilhar e forçar a rendição do judiciário Luso.

Esse raciocínio politico é inaceitável e está a ser considerada dentro e foras das fronteiras de Angola como um posicionamento promiscuo inegavelmente de chantagem politica. O governo poderá fracassar e manchar ainda mais a imagem de Angola, caso não se afaste de nociva e malparida estratégia.

Incompreensivelmente o governo decidiu reforçar a sua tropa de choque, introduzindo na arena das opiniões confusas o ilustre advogado Sérgio Raimundo, que logo  ao entrar em cena reforçou a tese do regime com juridicíssimo argumento da falsa perda de soberania. Está claro que a motivação de Sérgio Raimundo não passou de uma peça teatral muito mal encenada.

 A linha de defesa retomada pelo ilustre advogado é a mesma defendida anteriormente pelo governo. Apenas foi introduzido nela considerações jurídicas inviáveis como se vê no texto publicado no Jornal de Angola.

A blindagem patrocinada pelo governo angolano a Manuel Vicente, tem causado enorme desconforto e frustrações que indignam a forte active social intelligence angolana. A publicação no artigo opinativo de Sérgio Raimundo em defesa de MV, é arcaico, demasiado estreito e difícil de decifrar a finalidade do extenso texto.

Se a intenção foi expor um novo ponto de vista com a vertente jurídica do direito internacional, então a intenção foi de todo um tremendo falhanço. Porém, se o gesto foi um ato isolado de explicita fidelidade politica alinhada com o antigo vice-presidente da republica, aí então é que o caldo foi totalmente entornado.

 Porquanto não se vislumbra no texto qualquer enquadramento jurídico, eticamente respeitável que permita moralizar a justiça angolana.

 A dubiedade exposta mostra um tenebroso artificialismo no artigo, que expurga qualquer interpretação justificável dos motivos que levam o governo utilizar a instituição presidência da republica para blindar Manuel Vicente, o intocável militante da corrupção internacional.

O artigo expõe a fraqueza argumentativa jurídica, alem de existir nele uma dubiedade extensa do ponto de vista criminal que o torna ininteligível, eivado de falhas e com dozes elevadas de cinismo politico a mistura. Percebe-se também um fosso de nulidades contundentes que ferem irremediavelmente a intelligentsia dos operadores do direito.

Falando especificamente de Manuel Augusto, o ministro dos exteriores, apesar deste ser novo ministro das relações exteriores do establishment, na verdade não é tão novo assim, trata-se de um quadro volátil, com idas e retornos ao ministério das relações exteriores. Trata-se de um quadro da segurança de estado, onde exerceu nessa área o cargo de vice-ministro da segurança interna.

Daí, que a sua nomeação como ministro dos exteriores nada de significativa importância trouxe que ajude a retirar diplomacia da mediocridade em que se encontra atolada há 42 anos. Infelizmente o MPLA não consegue perder a postura péssima de falso moralista, e tudo faz para defender os ladrões que rouba gatuno. Coisa do partido-estado que estamos com ele.

O MPLA precisa urgentemente deixar de ser o falso moralista, sair do casulo e conviver de perto com gente que é gente de verdade. João Lourenço tem que fazer diferente e desistir de pensar que é igual a JES, fugir do culto de personalidade e sobretudo não pensar que é dono e senhor da verdade.

A tese do douto advogado possui duas interpretações de difícil aceitação, sobretudo no seio dos operadores do direito. A primeira está ligada a intenção de Angola assediar o governo de Portugal acenando-o com a explicita chantagem politica, isso representa a existência de um anticorpo nocivo, que a politiza de todo o processo de delito comum.

A segunda dificuldade é de interpretação a solo, e, centra-se na intenção de Angola impedir o judiciário português de operar dentro da legalidade institucional, com essa variante nota-se a intenção de poluir do processo e impossibilitar o exercício livre do direito, além de inviabilizar concomitantemente a administração da lei penal.

A opinião do ilustre advogado apresenta notáveis distorções inconciliáveis tanto do ponto de vista jurídico como do politico. Ou então o advogado está confundido, e tenta desviar as atenções da verdade processual, introduzindo nas entrelinhas o direito internacional somente para desvirtuar a inevitável presunção da culpa de Manuel Vicente.

Essa tese de Sérgio Raimundo, transporta consigo fragmentos perigosos que podem provocar uma situação grave de insegurança jurídica, também poderá eventualmente fraccionar em certa medida o judiciário português e impedi-lo de fazer livremente.

Incrivelmente o ilustre advogado ousou por em causa a legitimidade do judiciário português de fazer justiça, de maneira transcendental tentou defender o indefensável com a mecânica introduzida no artigo, esquecendo-se que a linha que separa a fronteira o certo e o errado é demasiado ténue e fácil de expor falaciosas inverdades escondidas a nu.

O governo angolano unilateralmente entendeu congelar as relações com Portugal, a soberba tomou conta do novo governo e, como retaliação colocou em banho-maria a cooperação lucrativa com esse país.

O governo perdeu o tino e continua desestruturado da base a cúpula e continua a utilizar a mentira recorrente, só que desta vez recorreu ao astuto argumento estúpido da soberania angolana correr alegado perigo, só porque o judiciário português processou o cidadão angolano Manuel Vicente, então PCA da Sonangol. E essa hein! Chega ou querem mais?

A afirmação é taxativa, Angola desconstrói os alicerces que firmaram até aqui as relações de cooperação com Portugal. Para retornar ao dialogo, o regime acena com a chantagem político-económico insistindo que o governo português force o ministério publico a desistir de processar Manuel Vicente em Portugal. Angola quer Portugal se agache, aceite a humilhação de obrigar poder judicial em Portugal a render-se.

Porém foi em Portugal que Manuel Vicente nas vestes de PCA da Sonangol praticou o crime de corrupção e de lavagem de dinheiro. Assim sendo, trata-se de um caso meramente pessoal que envolve exclusivamente a sua pessoa que pode acontecer com qualquer cidadão, como alias, já aconteceu no passado longínquo.

Não se trata de nenhum caso envolvendo o estado angolano, a não ser que Manuel Vicente seja a cabeça o tronco e os membros da soberania do estado Angolano. Só assim seria possível anuir-se que a soberania de Angola corre perigo. É preciso rejeitar o desfasado garantimos politico e definitivamente rejeitar governismo elitista que reina no país.

Pelo que se sabe, o MP português nunca processou o antigo vice-presidente da republica, nem mesmo a instituição do estado que ele representou no passado. A priori os argumentos apresentados por Sérgio Raimundo são inéditos e visa tão somente atingir um objectivo, que não é outro senão o de fragilizar, desacreditar e inviabilizar a acusação.

Além de tentar criar um impasse conflitante de deslealdade processual improprio para o caso em questão. Trata-se igualmente de uma tentativa nada republicana sem espaço no ordenamento jurídico, nem está amparada em qualquer acordo cooperação judiciária entre os dois países.

Não tem razão o doutor Sérgio Raimundo, ao tentar promiscuir com vileza a verdade processual em causa. O dr Sérgio Raimundo tentou contraditar a acusação, buscando audiência popular em defesa da acusação contra Manuel Vicente.

O país não comporta mais esse tipo de pressão (agiotismo) jurídico-político, o MPLA não formou governo para defender os seus criminosos de estimação. Não cabe mais blindar bandidos confessos no país. Em Angola deve apenas coexistir o principio da igualdade de direitos que proteja o Francisco e o Chico, chicote que bate em Chico também bate em Francisco.

Para o bem dos angolanos, o governo do MPLA tem que afastar-se da tentação de exercer o artificialismo justicialista altivo, que tem emperrado ao longo dos 42 anos, o exercício igualitário na aplicabilidade da justiça.

 O que está aqui em causa não é o facto de se olhar para árvore sem ver ou não a floresta, é preciso que o dr Sérgio diga para que árvore ou floresta quer que os angolanos olhem? Quer que se olhe para a floresta da impunidade que graça entre os pseudo poderosos ladrões e corrupto que grassam no país?

Digo isso, porque na floresta existem árvores que se sustentam a si mesmas, algumas são parasitas e outras assassinam outras árvores mais fracas ou de menor dimensão. Igualmente habitam nas florestas criaturas perigosas, alem dos perigosos terrenos pantanosos e traiçoeiros, que podem sem hesitação desnudar aqueles que escondem verdades espúrias.

Fico perplexo escutar pessoas de inegável lisura e com conhecimentos validos da nossa historia, virem a público colocar achas na fogueira incandescente com a finalidade de alastrar ainda mais a fogueira da indignação.

Está claro que a instituição vice-presidência da republica não foi acusada de nada, por isso a soberania de Angola nunca esteve em perigo, por esta não ter cometido qualquer crime. Alias, as instituições não cometem crimes, as pessoas constituídas em poder, essas sim, cometem crimes.

Angola | ATÉ PROVA EM CONTRÁRIO, ISABEL É… CULPADA DE TUDO

A Administração da Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola (Sonangol), liderada desde Novembro por Carlos Saturnino, após a exoneração de Isabel dos Santos, anunciou hoje que iniciou uma auditoria para aferir a situação da petrolífera estatal.

A posição surge num comunicado da petrolífera no qual garante que em momento algum prestou informação confirmando a existência de uma comissão de inquérito interna à administração de Isabel dos Santos.

“A Sonangol tem um novo conselho de administração e, ao abrigo do que acontece em situações análogas, está em curso uma auditoria normal com o propósito de aferir a situação actual da empresa”, refere ainda a petrolífera, acrescentando que todos os processos, no âmbito da acção da actual administração, “são canalizados para os fóruns próprios”.

Em causa, admite a própria Sonangol, estão recentes informações publicadas na imprensa, segundo as quais a petrolífera angolana teria confirmado a constituição de uma comissão de inquérito para averiguação de supostas irregularidades atribuídas à anterior administração.

Essas notícias dão conta de alegados desvios de elevadas quantias pouco antes da saída de Isabel dos Santos da administração da Sonangol, com participação à Procuradoria-Geral da República de Angola, e que já na quinta-feira levaram a empresária e filha do ex-chefe de Estado, José Eduardo dos Santos, a divulgar um desmentido.

“Contactada, a Procuradoria-Geral da República de Angola confirma que não foi apresentada qualquer queixa-crime contra a engenheira Isabel dos Santos naquela instância, e que não estão em curso procedimentos legais de qualquer tipo, em relação a qualquer assunto relativo à empresária”, refere o comunicado da empresária.

Desde que foi exonerada da Sonangol, por decisão do Presidente da República, Isabel dos Santos tem sido visada regularmente por várias notícias sobre alegadas irregularidades nos 17 meses de administração na petrolífera.

Por seu turno, a 11 de Dezembro, Isabel dos Santos voltou a referir-se à situação na petrolífera Sonangol, acusando a actual administração, que em Novembro passou a ser liderada por Carlos Saturnino, de “despedimentos em massa”, nomeadamente de colaboradores que lhe eram próximos.

Numa publicação com o título “Carta Aberta”, que colocou nas redes sociais, como tem sido hábito desde que foi exonerada, Isabel dos Santos assume estar a partilhar “uma situação preocupante que tem ocorrido nos últimos dias” na petrolífera.

“Estão a ocorrer despedimentos em massa! Os assessores, os directores, e todos colaboradores que foram promovidos ou que entraram para a Sonangol durante a vigência do último conselho de administração estão a ser todos despedidos, ou enviados para casa”, afirma a empresária e filha do ex-chefe de Estado angolano José Eduardo dos Santos.

Denuncia mesmo que estão a ser “conduzidos interrogatórios à porta fechada, com gravadores em cima da mesa, alegando um falso inquérito do Estado e um falso inquérito do Ministério do Interior, intimidando as pessoas para coercivamente responderem às questões”.

“Este procedimento é ilegal. Só as autoridades judiciais ou policiais podem fazer interrogatórios. É preciso respeitar o direito dos trabalhadores”, escreve Isabel dos Santos, acrescentando, sobre os colaboradores que estarão a ser despedidos, que muitos “recentemente largaram outros empregos para integrarem a Sonangol, porque acreditaram no país e queriam ajudar Angola a crescer”.

Isabel dos Santos assumiu a liderança, e o processo de reestruturação, da Sonangol em Junho de 2016, nomeada pelo então Presidente da República, José Eduardo dos Santos, até ser exonerada pelo novo chefe de Estado, João Lourenço, em Novembro último.

O Presidente angolano nomeou para as mesmas funções Carlos Saturnino, que, por sua vez, em Dezembro de 2016, tinha sido exonerado do cargo de presidente da Sonangol Pesquisa & Produção por Isabel do Santos e que já em Outubro tinha sido nomeado por João Lourenço para secretário de Estado dos Petróleos.

Embora agora a Sonangol fale de “auditoria normal com o propósito de aferir a situação actual da empresa”, Mateus Benza, porta-voz da empresa, confirmou à agência de noticias France Press que foi aberto um inquérito para apurar a veracidade das informações divulgadas por vários meios de comunicação social angolanos que dão conta de transferências de dinheiro da Sonangol para empresas no estrangeiro, alegadamente detidas pela empresária.

Em causa notícias de que a nova administração identificou uma transferência considerada suspeita no valor de 57 milhões de euros para uma conta no Dubai, depois de Isabel dos Santos ter sido exonerada.

A Sonangol quer também respostas sobre alegadas transferências mensais de 10 milhões de euros da petrolífera para uma empresa em Portugal onde Isabel dos Santos é accionista principal.

Isabel dos Santos já desmentiu as notícias que começaram a circular e afirmou que está em curso uma campanha de difamação contra si.

“É falsa a notícia da existência de transferências realizadas para entidades terceiras depois da exoneração do anterior Conselho de Administração”, disse Isabel dos Santos, acrescentando que “é falsa a notícia de transferências mensais de 10 milhões de euros da Sonangol para a Efacec”.

Isabel dos Santos diz ainda que “nunca foram pedidos esclarecimentos sobre estes temas à anterior Administração, não podendo, por isso, a mesma estar em falta com a prestação de qualquer informação”. E acrescenta que “a anterior equipa sempre esteve disponível para clarificar as dúvidas que pudessem surgir relacionadas com a sua gestão”.

Folha 8 com Lusa

Ana Gomes lamenta "mutismo total" de Moçambique no desaparecimento de português

A eurodeputada Ana Gomes lamentou hoje "o mutismo total" por parte de Moçambique quanto ao desaparecimento de um empresário português, raptado em Sofala em julho de 2016, por elementos de forças de segurança moçambicanas, de acordo com testemunhas.

"É verdade que é um desaparecimento muito estranho, um desaparecimento forçado, sem que a família tenha quaisquer notícias, mas ainda mais estranho é a ausência de notícias por parte das autoridades moçambicanas", declarou à Lusa a eurodeputada, que participou hoje numa vigília em frente à embaixada de Moçambique em Lisboa, conjuntamente com a família e amigos do empresário Américo Sebastião.

Ana Gomes sublinhou que "há um bloqueio por parte das autoridades moçambicanas, o que torna muito mais estranho o desaparecimento" de Américo Sebastião.

Lusa

Moçambique | EM QUE PAÍS VIVE O PRESIDENTE DA REPÚBLICA?

@Verdade | editorial

O Presidente da República, Filipe Nyusi, foi nesta quarta-feira (20) à Assembleia da República apresentar o seu informe sobre o Estado da Nação. Como sempre, o informe do Chefe de Estado não trouxe nada de novo, a não ser as habituais frases feitas e lugares comuns. Nyusi não apresentou nada que relance a esperança de mudança da situação económica do país e um futuro diferente para os moçambicanos.

O Presidente da República limitou-se a reconhecer o óbvio, pois é sabido a difícil situação por que passam os moçambicanos. Não há dúvidas de que o povo moçambicano tem estado a enfrentar uma série de situações anómalas, desde a falta de paz efectiva, passando pelo despesismo dos dirigentes em relação ao erário, até à questão das dívidas contraídas ilegalmente pelo Governo da Frelimo.

Diga-se em abono da verdade, ao longo da governação da Frelimo, a situação dos moçambicanos tem ido de mal ao pior. A cada dia que passa, os moçambicanos têm assistido a sua situação económica e social a degradar-se, sobretudo o seu poder de compra tem vindo a decrescer. Como se isso não bastasse, os moçambicanos são obrigados a assistir a aquisição de viaturas de luxo para os dirigentes e jato para o Presidente da República. Enquanto isso, cresce o número de moçambicanos que morrem nas filas de uma unidade sanitária à espera de cuidados hospitalares.

Dizer que o Estado da Nação é “desafiante mas encorajador” demonstra que o Presidente da República não tem os pés no chão e desconhece o país que dirige. Ou seja, é preocupante quando um Chefe de Estado não tem a humildade suficiente para aceitar publicamente que, como um país, temos estado a dar passos significativos para trás.

Não há dúvidas de que o Governo da Frelimo continua a apostar no atraso do povo e do país. A situação do país é deveras preocupante, pois Moçambique continua a decair no ranking de desenvolvimento humano, a questão económica e financeira tende a piorar de ano para ano, além disso como país conseguimos ser auto-sustentáveis na produção de alimentos. Portanto, se somos um povo resiliente, só pode ser resiliente à desgraça a que nos é colocado pelo Governo.

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