O
que têm em comum a Leopoldina, Paulo Azevedo, a Sonae, a TVI e as caras que
empresta? A hipocrisia farisaica de quem ganha dinheiro com o negócio da
multiplicação da pobreza enquanto faz de contas que ajuda os mais pobres.
Fátima
Lopes e outras caras bem conhecidas desta estação “emprestaram” as suas imagens
à campanha “Missão Continente” que, em teoria, “dá” um euro por cada “prenda”
adquirida nas lojas Continente.
O
problema começa aqui mas está longe de ficar por aqui. Tal como com as
campanhas do Banco Alimentar Contra a Fome, os super-merceeiros Azevedo e
Soares dos Santos recebem um porco dando em troca um chouriço. No caso do
projecto Jonet nem isso. Têm fins de semana de facturação excepcional e não
contribuem com um cêntimo para o alegado “Banco”.
No
caso da Missão Continente a Sonae propõe-se dar um Euro por cada venda das tais
prendas escolhidas pelo seu departamento de marketing e pagas pelos clientes,
pressionados pelas “caixas”. Além de que, uma vez na “superfície comercial”,
devido às sinergias entre lojas e, dentro do próprio hipermercado, as técnicas
de merchandising arrastam estes inevitavelmente para a compra de coisas de que
não necessitam. Ao mesmo tempo têm publicidade grátis que não é apresentada
como tal, como acontece nas “Galas” televisivas e mesmo durante espaços nobres
de informação.
Se
Paulo Azevedo e o Grupo Sonae quiserem fazer um exercício de “responsabilidade
social” podem começar por pagar melhor aos produtores agrícolas, aos
trabalhadores dos hipermercados e, porque não, passarem a pagar todos os
impostos em Portugal sobre a riqueza cá produzida?
Há
pobres que retiram daqui algum benefício? Claro que há! Mas o benefício da
SONAE e da Jerónimo Martins é muito maior. O benefício da TVI idem e o mesmo se
diga das referidas “caras” que participam nos anúncios de produções milionárias.
Todos
ganham… até os pobres, eventualmente. Uns poucos ganham muito. Os pobres, que
são muitos, ganham pouco. Esta é até uma boa maneira de os manter sossegadinhos
não vão lembrar-se de roubar um shampoo e um pacote de fiambre.
Tudo
isto se passa à vista do Estado e da Comissão Europeia. Com os salários baixos
também saem prejudicadas as receitas da Segurança Social, além do Fisco. Mas
isso já não é um problema de Fátima Lopes, da Cristina Ferreira ou do Manuel
Luís Goucha. Nem dos administradores e accionistas das referidas empresas.
O
dumping fiscal de alguns países Europeus é um transvase de dinheiro de uns
países para outros dentro do próprio espaço do Euro e da União. A inexistência
de uniformidade fiscal promove e incentiva este tipo de fuga legal ao fisco. O
prejuízo que causa fica a muitas milhas do benefício resultante destas
“missões” de caridade com o dinheiro da classe média.
Por
falar em Donos Disto Tudo… A reportagem da Raríssimas começa a cheirar a
lágrimas de crocodilo.
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