Para o jurista Fábio Konder
Comparato, Moro "é evidentemente pessoa de toda a confiança" dos EUA
Eleonora De Lucena
Interesses norte-americanos estão
nos bastidores do movimento de ataque ao lulismo, que resultou na derrubada do
governo Dilma Rousseff. É o que afirma o jurista Fábio Konder Comparato, 81, em
entrevista exclusiva ao TUTAMÉIA.
Ele identifica na cobiça pelas
reservas do pré-sal ”fundamentais para a economia do Ocidente” um dos pontos
centrais da investida estrangeira no país. Observa que o petróleo descoberto
daria uma enorme força econômica ao Brasil, o que não poderia ser tolerado
pelos EUA.
Professor emérito da USP,
Comparato nota que os norte-americanos tiveram “vantagem extraordinária” com os
desdobramentos da operação lava a jato, que estrangulou a Petrobras e as
empreiteiras brasileiras que estavam concorrendo com firmas dos EUA em vários
mercados. Também o atual enfraquecimento dos BRICs resulta em benefício à força
de Washington.
O jurista lembra que Michel Temer
é pessoa “de confiança dos Estados Unidos” e que “até a velhinha de Taubaté
sabe que José Serra é pró-americano”. Sobre Sérgio Moro, a quem classifica como
“respeitável”, Comparato afirma que o juiz “é evidentemente pessoa de toda a
confiança do governo norte-americano”, sendo ganhador de prêmios naquele país.
Comparato, que é fundador da
Escola de Governo, faz um paralelo entre a situação atual e as circunstâncias
que resultaram no suicídio de Getúlio Vargas, em 1954. Nos dois momentos, o
objetivo do movimento reacionário foi atacar a figura mais popular no Brasil
alegando a existência de desonestidades. Relembra que a única forma encontrada
pela direita para tentar desprestigiar o varguismo foi acusá-lo de praticar
ladroeira. Agora, segundo ele, “a popularidade crescente de Lula irritou o lado
de lá”.
O jurista, que acaba de lançar o
livro “A Oligarquia Brasileira” (Contracorrente), prevê que o TRF4 irá condenar
Lula, apesar de “as condenações [de primeira instância] não terem um fundamento
muito forte”. No caso do apartamento no Guarujá, elas se baseiam “numa
presunção; não existe nenhum documento oficial de que o triplex pertence ou
pertenceu a Lula. Isso, se não fosse o ambiente político, jamais seria razão
suficiente para uma condenação”, diz.
Comparato enfatiza que, apesar de
todo o ataque ao lulismo que visa retirar Lula da disputa eleitoral deste ano,
as oligarquias estão com grande problema porque não conseguiram ainda se
unificar em torno de um candidato _elas “estão brigando entre si”. “Se tivermos
eleições livres, não vai ser o [Luciano] Hulk ou o [João] Dória que vão
ganhar”, afirma.
Edição: Tutaméia | em Brasil de
Fato
Foto: Fábio Konder Comparato é
professor emérito da USP e fundador da Escola de Governo. / Reprodução
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