Após o parto, as jovens mães
abandonam os bebés em latrinas, lixeiras e rios. O aumento do número de casos
preocupa as autoridades da província que estão a pensar em ações de prevenção.
O caso mais recente ocorreu no
distrito de Gondola, na província central de Manica, onde um recém-nascido foi
resgatado ainda com vida, no final de dezembro. A mãe, uma jovem de 17 anos,
deixou o bebé numa latrina numa casa vizinha, porque o pai terá recusado
assumir a paternidade, de acordo com a polícial local.
A jovem encontra-se neste momento
na cadeia distrital de Gondola, a aguardar julgamento por "tentativa de
infanticídio". Em declarações à DW África, disse estar inocente e não
fazer ideia do que aconteceu.
Em 2017, foram reportados pela
Polícia da República de Moçambique (PRM) em Manica pelo menos quatro casos
semelhantes. Segundo a porta-voz da Polícia, Elcídia Filipe, o infanticídio por
parte de mães adolescentes tem sido recorrente nos últimos tempos na província.
Elcídia Filipe faz um apelo:
"Temos de prevenir situações do género, mas tal exige não só a intervenção
da polícia, mas também de outras forças vivas da sociedade. Estamos a falar das
igrejas, dos líderes comunitários, o setor da saúde, as escolas e
outros". A porta-voz da PRM sublinha que "é preciso munir as pessoas
de mais informações, principalmente as mães, as mulheres e as famílias sobre os
riscos deste tipo de comportamento. Trata-se de um crime punível nos termos da
lei."
Origens do infaticídio
Numa província onde são
frequentes os casamentos prematuros, são vários os fatores que concorrem para
que os crimes de infanticídio ocorram. Um deles é a depressão pós-parto,
explica o psicólogo Fontes Castanheiro, do Hospital Provincial de Chimoio.
"É uma doença que muitas
pessoas não conhecem, mas acontece. Uma miúda ou uma mulher, porque no início
teve algum problema ou com o seu namorado ou com o seu marido, ou porque
aconteceu alguma coisa depois do parto, pode entrar em depressão e passar a ter
um comportamento de repelir a criança. E daí também pode até chegar ao ponto de
matar a criança, por causa de uma perturbação mental, depressão pós-parto, ou
então psicose puerperal", explica o psicólogo.
Rosa Francisco, residente em
Chimoio e mãe de quatro filhos, aconselha as jovens que não têm condições para
sustentar os seus filhos a levar os bebés para infantários ou a aderir a aos
programas de planeamento familiar para evitar uma gravidez indesejada.
E Rosa Francisco sensibiliza:
"Temos que dar amor e carinho aos nossos filhos e protegê-los. É
preferível você sofrer com o seu filho. O que vai comer, partilha também com
ele. As jovens podem fazer o planeamento para evitar uma gravidez precoce."
Bernardo Jequete (Chimoio) | Deutsche
Welle
Sem comentários:
Enviar um comentário