Gestor Michel Canals veio da
Suíça para depôr no caso em que Duarte Lima é acusado de ficar indevidamente
com 5 milhões de euros de Rosalina Ribeiro, que foi assassinada em 2009
O suíço Michel Canals Gestor foi
gestor de conta de Lúcio Tomé Feteira, de Rosalina Ribeiro e Duarte Lima. E foi
ouvido esta quarta-feira no Campus da Justiça, em Lisboa no caso em que o
Ministério Público acusa o ex-deputado português do PSD de abuso de confiança,
por apropriação indevida de mais de cinco milhões de euros de Rosalina Ribeiro,
de cuja morte é acusado no Brasil.
O gestor suíço, que é arguido no
caso Monte Branco e foi detido preventivamente em 2012 no âmbito desse
processo, garante que as transferências realizadas da ex-companheira de
Feteira, que lhe foram reportadas na altura, não lhe levantaram suspeitas.
"Os honorários de Duarte Lima como advogado de Rosalina, não causaram
estranheza", afirmou Canals.
Mesmo atrás de si na sala estava
Duarte Lima, que tira apontamentos durante toda a audiência.
O suíço garante que não se
recorda dos montantes transferidos na altura e tem apenas ideia de que foram
feitas "uma ou duas" destas operações financeiras. Nessa altura,
Rosalina, que viria a ser assassinada no Brasil em dezembro de 2009 (o
Ministério Público do Rio de Janeiro suspeita que o autor do crime é Duarte
Lima, que ainda não foi julgado neste caso), tinha aberto uma conta na Suíça
depois da morte de Feteira, com quem detinha anteriormente uma conta-conjunta.
Segundo Canals, a portuguesa detinha oito milhões de euros nessa conta.
Durante as mais de duas horas de
inquirição o tom entre a testemunha, magistrados e advogados foi quase sempre
cordial. Só ficando um pouco mais crispado durante as perguntas feitas por José
António Barreiros, advogado de Olímpia Feteira, filha do milionário de Vieira
de Leiria que morreu em 2000 e que estava em litígio com Rosalina Ribeiro por
causa do dinheiro da família. O advogado quis saber detalhes da conta-conjunta
criada na Suíça por Lúcio Feteira e Rosalina mas Canals não conseguiu
esclarecer muitos pormenores que diz já não se recordar.
No final a juíza até agradeceu ao
suíço. "Foi um prazer conhecê-lo. Obrigado pela sua presença. Pode ir à
sua vida." Canals, que tinha viajado da Suíça de propósito para esta
audição, já não terá que prestar depoimentos, pelo menos presencialmente, sobre
o caso. Mas poderá voltar a Lisboa se houver desenvolvimentos no caso Monte
Branco, que seis anos depois, ainda não tem acusação finalizada.
Para o Ministério Público, Duarte
Lima recebeu 5.240.868,05 euros de Rosalina Ribeiro em cinco tranches, a título
provisório, em 2001, para uma conta na Suíça para que este guardasse a verba
enquanto decorressem as ações judiciais interpostas pelos herdeiros do
empresário português Lúcio Feteira contra Rosalina Ribeiro.
"Na posse de tal montante,
Duarte Lima utilizou-o em proveito próprio, apropriando-se do mesmo, sem nunca
o ter restituído a Rosalina Ribeiro", explica o Departamento Central de
Investigação e Ação Penal (DCIAP).
Duarte Lima, ex-líder da bancada
parlamentar do PSD, foi acusado em 2011 pelo Ministerio Público do Brasil pela
morte de Rosalina Ribeiro e deverá ser julgado à revelia no Tribunal de
Saquarema.
O homicídio ocorreu 7 de dezembro
de 2009. Rosalina Ribeiro, que foi secretária e companheira do milionário
português radicado no Brasil Lúcio Tomé Feteira, falecido em 2000, foi morta a
tiro e o corpo foi encontrado numa estrada de terra batida em Maricá, nos
arredores do Rio de Janeiro.
Hugo Franco | Expresso | Foto: José
Carlos Carvalho
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