O antigo patrão dos patrões (CIP entre
1981 e 2001) acusou os portugueses de não quererem trabalhar, mas no seu
currículo tem pouco trabalho e muitos cargos de representação do
capital para apresentar.
Numa entrevista recente ao jornal
i, Pedro Ferraz da Costa acusou os portugueses de não quererem trabalhar, uma
afirmação forte mas que não traz nada de novo vinda da boca de um patrão.
Aliás, o discurso de Ferraz da Costa mudou muito pouco nas últimas décadas.
Em todas as entrevistas recentes,
o presidente do Fórum para a Competitividade fala em «reformas», umas
vezes «estruturais», outras não. Já em 1986, o termo constava do léxico do
então presidente da Confederação da Indústria Portuguesa (CIP), como comprovam
declarações ao extinto Semanário.
Na altura, também
lamentava as oportunidades «perdidas» com as primeiras duas intervenções
do Fundo Monetário Internacional (FMI), em 1977 e 1983. Há cerca de um ano,
disse ter «pena que a troika tenha ido embora». Ao longo das últimas três
décadas, nada mudou no seu discurso.
Quando trabalhou Ferraz da
Costa?
Pedro Ferraz da Costa é
presidente do conselho de administração do grupo Iberfar, enquanto herdeiro da
presença familiar quase centenária no sector farmacêutico. É ainda
presidente do Fórum da Competitividade, uma associação de
defesa dos interesses dos grandes grupos económicos. Nos
órgãos sociais, cruza-se com gente habituada aos corredores do
poder, tanto político como económico: Nogueira Leite, Luís Todo Bom, Mira
Amaral, Daniel Bessa, João Salgueiro, Óscar Gaspar ou Vítor Bento.
Antes, passou 20 anos na
presidência da CIP, entre 1981 e 2001, sucedendo ao primeiro
responsável da organização: o patriarca de uma das famílias da elite
económica do regime fascista, António Vasco de Mello.
O que não se conhece, de todas as
suas biografias públicas, é em que período Pedro Ferraz da Costa fez o que
acusa os portugueses de não quererem fazer, trabalhar.
Na foto: Pedro Ferraz da Costa
após uma reunião com o Presidente da República Cavaco Silva, no Palácio de
Belém, em Lisboa. 13 de Novembro de 2015CréditosMiguel A. Lopes / Agência LUSA
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