Paula Santos | Expresso | opinião
Em 2018 comemoramos os 200 anos
do nascimento de Karl Marx. O legado de Karl Marx é absolutamente
extraordinário para a emancipação da classe operária da opressão e da
exploração do capitalismo. Karl Marx não se limitou a interpretar o mundo, foi
mais longe e apontou os instrumentos para a sua transformação.
"II Centenário do Nascimento
de Karl Marx. Legado, Intervenção e luta. Transformar o mundo." É este o
lema das comemorações do II Centenário do Nascimento de Karl Marx que o PCP
inicia com a realização de uma Conferência comemorativa nos próximos dias 24 e
25 de fevereiro na Voz do Operário. Uma conferência que pretende aprofundar o
estudo a análise e a reflexão sobre temas da atualidade no campo da economia,
da organização social, da política e da filosofia utilizando e enriquecendo o
legado conceptual de Marx, com vista não só à apreensão teórica da sua dinâmica
histórica, mas à abertura de perspetivas de uma intervenção transformadora do
capitalismo com que nos confrontamos. Uma abordagem dialética, tendo como base
a teoria revolucionária marxista-leninista, que possibilita a interpretação do
mundo a cada momento tendo em conta a realidade concreta e a intervenção
necessária para a sua superação.
Marx identificou a natureza e as
leis do capitalismo, demonstrou como a relação com os meios de produção
determinam as relações sociais e que a luta de classes é o caminho para a
superação do capitalismo, cabendo à classe operária o papel de vanguarda na
luta pela construção de uma sociedade livre da exploração do homem pelo homem.
A teoria económica de Marx, da
qual se destaca a teoria da mais-valia, caracterizou o modo de produção
capitalista que assenta na acumulação de riqueza do capital à custa da
exploração da força de trabalho e da riqueza criada pelos trabalhadores. Marx
explica ainda as crises cíclicas do capitalismo que, decorrentes do
aprofundamento da sua crise estrutural, se manifestam de forma cada vez mais
frequente, com maior profundidade e com consequências cada vez mais perigosas:
a falência de empresas, o desemprego, a redução dos rendimentos de trabalho,
diminuição do poder de compra e o aumento da exploração. Crises que são muitas
vezes acompanhadas pelo aumento de intervenções militares e de guerra, vistas
como solução para essas mesmas crises.
Comemorar o nascimento de Marx,
evocar o seu legado, o marxismo e os seus princípios, a sua obra teórica, da
qual se destaca o "Manifesto do Partido Comunista" e "O
Capital", mais do que uma efeméride histórica, comportam em si, pelo seu
conteúdo, pela sua base científica e dialética uma enorme atualidade que
importa ter presente no atual momento para a análise da atual fase do
capitalismo e da intervenção necessária para a sua superação.
Não é por acaso que a classe
dominante, não olhando a meios para atingir os seus fins, utiliza as mais
variadas formas de dominação, pressão e chantagem para a reprodução do sistema
capitalista. Afirmam que a luta de classes já não existe e que é coisa do
passado e de quem não se modernizou ou que hoje não há trabalhadores, mas sim
colaboradores (mas uns exploram e outros são explorados), procurando através da
intensa ofensiva ideológica que desenvolvem manter a sua posição de domínio.
Contrariamente ao que afirmam, a
luta de classes é uma realidade presente nos locais de trabalho. Entre muitos
outros exemplos, os trabalhadores da Autoeuropa lutam pelo direito à
articulação entre a vida profissional e familiar e pessoal; os trabalhadores
dos CTT lutam pela salvaguarda do seu posto de trabalho e pela gestão pública
dos CTT; ou as trabalhadoras da ex-Triumph lutaram corajosamente pelos seus
direitos. Os trabalhadores lutam pelo direito à contratação coletiva, pela
valorização salarial, contra a desregulação dos horários de trabalho.
A vida e a história mais recente
do nosso país demonstram que a conquista de direitos resulta da luta dos
trabalhadores. Os avanços positivos, as conquistas alcançadas e o seu
desenvolvimento em diversas dimensões só foram possíveis pela ação, intervenção
e luta dos trabalhadores. Foi e é a luta dos trabalhadores o elemento
determinante e decisivo em todo este processo.
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