A ausência de soluções para a
crise político-institucional na Guiné-Bissau está a deixar a população mais
falida, sem luz e água. Principais instituições do Estado estão a funcionar a
meio gás.
Nos últimos meses, algumas ruas e
avenidas de Bissau só têm iluminação pública graças aos postes de luz que
funcionam por energia solar. A maioria das casas e instituições públicas
fica o dia inteiro sem eletricidade.
A falta de gasóleo é, segundo
fontes da Empresa de Eletricidade e Águas (EAGB), a razão para os cortes no
fornecimento do serviço. Os depósitos de gasóleo na central elétrica estão
secos, pelo que a empresa foi obrigada a parar os motores, acrescentou a mesma
fonte, sem informar quando é que o serviço será normalizado.
Esta segunda-feira (12.03)
registou-se um apagão que afetou os serviços do maior centro hospitalar do
país, o hospital Simão Mendes, que ficou parcialmente paralisado, colocando em
perigo a vida de dezenas de doentes.
Em entrevista à DW África, o
médico Mboma Sanca explica que "nos cuidados intensivos existem aparelhos
que só funcionam com corrente elétrica". "Há exames médicos por
fazer, microscópios e equipamentos com autonomia a ficar sem bateria e doentes
que estão na sala sem ar condicionado, ou seja, estamos numa péssima
situação", acrescentou o médico, frisando que "sem corrente
eléctrica não se pode fazer nada, mesmo perante a complicação de um
doente".
"País sequestrado por
disputa política”
A Guiné Bissau está sem Governo
há mais de sessenta dias e há quase quatro anos mergulhada numa autêntica
disputa pelo poder. Para o analista político Dautarin Costa, falta patriotismo
aos atores políticos, incluindo o Presidente: "Não faz sentido que
para ganhar uma disputa política tenhamos que paralisar e sequestrar todo um
país, todo um povo, e, por inerência, todas as suas condições sociais de
existência". Neste momento, acrescenta o analista, existem "situações
de extrema dificuldade na vida da população".
De acordo com Dautarin Costa, o
povo da Guiné-Bissau enfrenta dificuldades no acesso à saúde, "o sistema
de Educação não existe e as pessoas têm dificuldades de alimentação".
O mesmo analista político nota
ainda que "ao esvaziar as instituições", num país "pobre”
como é a Guiné-Bissau, está-se a tornar o país "vulnerável aos fenómenos do
narcotráfico, terrorismo, à fuga de capitais e ao fenómeno de uso indevido do
património público". "Basicamente colocamos o país de gatas, ou seja,
despimos o país. Estamos a assistir a uma destruição lenta do próprio
país", diz o analista.
A Guiné-Bissau vive uma grave
crise política que deixou as principais instituições completamente paralisadas.
Sem uma solução à vista, os dirigentes do país remeteram-se ao silêncio.
Braima Darame (Bissau) | Deutsche
Welle
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