Martinho Júnior | Luanda
1- Depois duma viagem com duas
escalas europeias duma parceria Air France / KLM, cerca de 22 horas depois de
partir do Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro em Luanda, cheguei ao
Aeroporto Internacional Simon Bolivar, pisando pela primeira vez solo da Pátria
Grande, no final d tarde de 4 de Março de 2018…
A entrada (e a saída, poucos dias
depois) na Venezuela Bolivariana faz-se à borda do mar das Caraíbas, em
Maiquetia, pequena localidade situada no cinturão de urbanidades que orlam o
Estado de Vargas, alguns quilómetros a norte de capital, Caracas.
Visto a partir do Google Earth o
Aeroporto assemelha-se a um porta-aviões encalhado, à beira-mar…
Apesar de tantas questões que se
prendem às minhas responsabilidades sociais ficarem para trás, “moendo-me o
juízo” e o coração, foi com entusiasmo que aceitei o convive oficial que
me foi inesperadamente formulado por duas das mais elevadas autoridades da
Venezuela Socialista Bolivariana…
Jamais me passou pela cabeça um
dia merecer um convite desta natureza e logo num conturbado quão decisivo
momento que a Venezuela vive!
Por isso quando passei nos
Aeroportos Internacionais de Amsterdan e Charles De Gaulle, a 4 de Março,
confesso que à ida nem sequer “olhei para as montras” e à volta,
enfrentando as baixas temperaturas, esperei simplesmente as horas passarem meio
hipnotizado, meio dormente, frente aos placards dos voos, que votaram o que ia
apanhar bem para o fim da escala do dia 8 de Março, pelas 23H00…
2- O aeroporto possui quatro
terminais: o de voos internacionais, o de voos internos, o de carga e o de
voos “charter”, em áreas arejadas pelas brisas que sopram do mar.
Foi inaugurado a 1 de Janeiro de
1945 pelo então Presidente da República, Isaías Medina Angarita e era uma
sequência de iniciativas estado-unidenses que ali haviam criado uma base
alternativa durante a IIª Guerra Mundial.
Desde então foram ocorrendo
melhorias em todas as infraestruturas, estando neste momento em curso as
estipuladas no âmbito do programa do Projecto Maiquetia 2000.
3- O Governo da República
Bolivariana da Venezuela, por via do seu Chanceler, companheiro Jorge Arreaza
Monsarat e do Vice-Presidente das Relações Internacionais do Partido Socialista
Unido da Venezuela, companheiro Adán Cháves Frias, fez-me um convite oficial
numa data muito significativa para todos os progressistas que lutam onde quer
que seja por um mundo melhor, o 5º aniversário do desaparecimento físico do
Comandante Hugo Chavez, no preâmbulo da próxima eleição presidencial e na
segunda edição da “Jornada Mundial de Solidariedade com a Revolução
Bolivariana – Todos Somos Venezuela”…
Além do convite oficial, tenho
também a agradecer os ofícios da Senhora Embaixadora da República Bolivariana
da Venezuela em Angola, companheira Lurdes Perez, bem como dos companheiros que
compõem a Embaixada.
Assim tive a oportunidade de
trocar o conhecimento virtual, pelo directo contacto “no terreno” ainda
que por curtas horas, pelos melhores motivos e integrando as caravanas de
progressistas que chegavam de todos os continentes, honrando o momento e
testemunhando a dignidade da Revolução Socialista Bolivariana que o Presidente
Nicolas Maduro “toca para a frente” com imensa fidelidade e pundonor,
dando sequência à luta que teve início sob a direcção do Comandante Hugo
Chavez!
4- Gostei da funcionalidade
estrutural e do pessoal do Aeroporto Internacional Simon Bolivar, um dos mais
antigos da América do Sul.
Nada de meios supérfluos,
higiene, aprumo e rigor, fazendo-me esquecer, à chegada, o cansaço duma viagem
que no último troço cobriu 7.650 km, desde Paris, Charles De Gaulle,
atravessando o Atlântico.
Na altura do desembarque, num
domingo à tarde, havia menos aviões que no Aeroporto 4 de Fevereiro, mas tudo
me pareceu arrumado, aviões e equipamentos na placa, algo que marcou a primeira
imagem: tudo no seu devido lugar.
Por outro lado, o Aeroporto Internacional
Simon Bolivar possui mangas para o movimento de passageiros e isso contribui
para melhor racionalizar o expediente, evitando desregramentos à partida e à
chegada e melhorando as medidas de segurança e controlo.
Reparei que o Aeroporto principal
da Venezuela tem uma grelha de partidas e chegadas, demonstrativa da
intensidade das frequências, particularmente com escalas nos mais diversos
países de toda a América, para além dos voos nacionais.
Consta que terá diminuído o
tráfego, contudo mesmo assim ele é bastante pujante.
5- No dia 8 de Março de 2018
embarquei em voo Air France de retorno a Angola.
A minha mala todavia despertou
especial atenção…
Encaminhava-me eu para a sala de
embarque, quando fui abordado por um agente das alfândegas, a fim de ir com ele
ao compartimento dos despachos de bagagem e a abrir frente às autoridades.
Fiquei surpreendido mas
compreendi desde logo: de facto a mala exalava um cheiro pouco comum a
naftalina (eu mantivera-a fechada e com naftalina dentro durante alguns anos),
algo que teria despertado a atenção na altura de a encaminhar para o avião,
depois do “check in”…
Havia colocado naftalina por que
assim evitaria qualquer intrusão de insectos ou outros pequenos seres nocivos
e, como não havia esperado a viagem, nem tempo tive de encontrar formas de me
ver livre do cheiro, tão impregnado que ele ficara…
As autoridades haviam-no de algum
modo detectado, mas muito provavelmente ficaram intrigadas por não haverem
identificado a sua causa.
Os parcos pertences vieram todos
para fora e com a mala aberta, todos os compartimentos foram vasculhados e
vistos à lupa, inclusive pela Brigada contra Narcóticos…
No fim, ainda meio confundidos,
resolveram pôr tudo dentro (livros e roupas), estenderam-me um documento de
rotina para assinar e fizeram-me seguir.
Gostei do rigor e penitencio-me
pela anedota da situação.
Imagino o que terão ficado a
pensar daquela “ave rara” proveniente de Angola…
…Adeus… até meu regresso.
6- Essa não seria a única
situação caricata…
Quando cheguei todos os
componentes das caravanas internacionais que haviam vindo no mesmo voo foram
identificados para depois serem transportados para o hotel da hospedagem, onde
foram credenciados e vieram a estabelecer as primeiras ligações aos
acompanhantes.
O meu acompanhante tardou em
surgir e quando me conseguiu finalmente detectar, já no final do dia 5 de Março
de 2018 e depois de cumprir a visita a Catia Mar, La Guaira e Galipan,
verifiquei o seu alívio…
Andou meio tonto a procurar o
convidado de Angola, passou por mim várias vezes, mas sempre pensou que eu era
russo, jamais um africano…
Havia interpelado os quenianos, o
sul-africano, o companheiro da Guiné-Conacry, até o convidado líbio… onde
estava o convidado de Angola?... Parecia mesmo um fantasma de perdidas
fronteiras…
Só depois de várias passagens por
mim pôde render-se às evidências, abordar-me e desfazer o “tremendo” equívoco.
São assim as “aves raras” e
ao longo da minha vida tive a sorte de anedotas desse género, as boas e as
perversas, virem ter comigo, sem as encomendar, por vezes da maneira mais
absurda!
Como para animar meu jovem
companheiro, lá fui indicando para ele não mais me perder: meu quarto está
na “calle 13” (13º andar do hotel)…
Sem mancha de equívoco fica
todavia a minha amizade e compreensão para com o meu jovem acompanhante, bem
como a minha profunda gratidão, solidariedade e o meu imenso respeito para com
a Revolução consubstanciada na Venezuela Bolivariana!
Martinho Júnior - Luanda, 13 de Março de 2018
*Imagens do Aeroporto
Internacional Simon Bolivar, em Maiquetia, Estado de Vargas, República
Bolivariana da Venezuela.
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