quinta-feira, 15 de março de 2018

AEROPORTO INTERNACIONAL SIMON BOLIVAR, EM MAIQUETIA, ENTRADA NORTE DA PÁTRIA GRANDE


Martinho Júnior | Luanda 

1- Depois duma viagem com duas escalas europeias duma parceria Air France / KLM, cerca de 22 horas depois de partir do Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro em Luanda, cheguei ao Aeroporto Internacional Simon Bolivar, pisando pela primeira vez solo da Pátria Grande, no final d tarde de 4 de Março de 2018…

A entrada (e a saída, poucos dias depois) na Venezuela Bolivariana faz-se à borda do mar das Caraíbas, em Maiquetia, pequena localidade situada no cinturão de urbanidades que orlam o Estado de Vargas, alguns quilómetros a norte de capital, Caracas.

Visto a partir do Google Earth o Aeroporto assemelha-se a um porta-aviões encalhado, à beira-mar…

Apesar de tantas questões que se prendem às minhas responsabilidades sociais ficarem para trás, “moendo-me o juízo” e o coração, foi com entusiasmo que aceitei o convive oficial que me foi inesperadamente formulado por duas das mais elevadas autoridades da Venezuela Socialista Bolivariana…

Jamais me passou pela cabeça um dia merecer um convite desta natureza e logo num conturbado quão decisivo momento que a Venezuela vive!

Por isso quando passei nos Aeroportos Internacionais de Amsterdan e Charles De Gaulle, a 4 de Março, confesso que à ida nem sequer “olhei para as montras” e à volta, enfrentando as baixas temperaturas, esperei simplesmente as horas passarem meio hipnotizado, meio dormente, frente aos placards dos voos, que votaram o que ia apanhar bem para o fim da escala do dia 8 de Março, pelas 23H00…


2- O aeroporto possui quatro terminais: o de voos internacionais, o de voos internos, o de carga e o de voos “charter”, em áreas arejadas pelas brisas que sopram do mar.

Foi inaugurado a 1 de Janeiro de 1945 pelo então Presidente da República, Isaías Medina Angarita e era uma sequência de iniciativas estado-unidenses que ali haviam criado uma base alternativa durante a IIª Guerra Mundial.

Desde então foram ocorrendo melhorias em todas as infraestruturas, estando neste momento em curso as estipuladas no âmbito do programa do Projecto Maiquetia 2000.

3- O Governo da República Bolivariana da Venezuela, por via do seu Chanceler, companheiro Jorge Arreaza Monsarat e do Vice-Presidente das Relações Internacionais do Partido Socialista Unido da Venezuela, companheiro Adán Cháves Frias, fez-me um convite oficial numa data muito significativa para todos os progressistas que lutam onde quer que seja por um mundo melhor, o 5º aniversário do desaparecimento físico do Comandante Hugo Chavez, no preâmbulo da próxima eleição presidencial e na segunda edição da “Jornada Mundial de Solidariedade com a Revolução Bolivariana – Todos Somos Venezuela”…

Além do convite oficial, tenho também a agradecer os ofícios da Senhora Embaixadora da República Bolivariana da Venezuela em Angola, companheira Lurdes Perez, bem como dos companheiros que compõem a Embaixada.

Assim tive a oportunidade de trocar o conhecimento virtual, pelo directo contacto “no terreno” ainda que por curtas horas, pelos melhores motivos e integrando as caravanas de progressistas que chegavam de todos os continentes, honrando o momento e testemunhando a dignidade da Revolução Socialista Bolivariana que o Presidente Nicolas Maduro “toca para a frente” com imensa fidelidade e pundonor, dando sequência à luta que teve início sob a direcção do Comandante Hugo Chavez!


4- Gostei da funcionalidade estrutural e do pessoal do Aeroporto Internacional Simon Bolivar, um dos mais antigos da América do Sul.

Nada de meios supérfluos, higiene, aprumo e rigor, fazendo-me esquecer, à chegada, o cansaço duma viagem que no último troço cobriu 7.650 km, desde Paris, Charles De Gaulle, atravessando o Atlântico.

Na altura do desembarque, num domingo à tarde, havia menos aviões que no Aeroporto 4 de Fevereiro, mas tudo me pareceu arrumado, aviões e equipamentos na placa, algo que marcou a primeira imagem: tudo no seu devido lugar.

Por outro lado, o Aeroporto Internacional Simon Bolivar possui mangas para o movimento de passageiros e isso contribui para melhor racionalizar o expediente, evitando desregramentos à partida e à chegada e melhorando as medidas de segurança e controlo.

Reparei que o Aeroporto principal da Venezuela tem uma grelha de partidas e chegadas, demonstrativa da intensidade das frequências, particularmente com escalas nos mais diversos países de toda a América, para além dos voos nacionais.

Consta que terá diminuído o tráfego, contudo mesmo assim ele é bastante pujante.


5- No dia 8 de Março de 2018 embarquei em voo Air France de retorno a Angola.

A minha mala todavia despertou especial atenção…

Encaminhava-me eu para a sala de embarque, quando fui abordado por um agente das alfândegas, a fim de ir com ele ao compartimento dos despachos de bagagem e a abrir frente às autoridades.

Fiquei surpreendido mas compreendi desde logo: de facto a mala exalava um cheiro pouco comum a naftalina (eu mantivera-a fechada e com naftalina dentro durante alguns anos), algo que teria despertado a atenção na altura de a encaminhar para o avião, depois do “check in”…

Havia colocado naftalina por que assim evitaria qualquer intrusão de insectos ou outros pequenos seres nocivos e, como não havia esperado a viagem, nem tempo tive de encontrar formas de me ver livre do cheiro, tão impregnado que ele ficara…

As autoridades haviam-no de algum modo detectado, mas muito provavelmente ficaram intrigadas por não haverem identificado a sua causa.

Os parcos pertences vieram todos para fora e com a mala aberta, todos os compartimentos foram vasculhados e vistos à lupa, inclusive pela Brigada contra Narcóticos…

No fim, ainda meio confundidos, resolveram pôr tudo dentro (livros e roupas), estenderam-me um documento de rotina para assinar e fizeram-me seguir.

Gostei do rigor e penitencio-me pela anedota da situação.

Imagino o que terão ficado a pensar daquela “ave rara” proveniente de Angola…

…Adeus… até meu regresso.


6- Essa não seria a única situação caricata…

Quando cheguei todos os componentes das caravanas internacionais que haviam vindo no mesmo voo foram identificados para depois serem transportados para o hotel da hospedagem, onde foram credenciados e vieram a estabelecer as primeiras ligações aos acompanhantes.

O meu acompanhante tardou em surgir e quando me conseguiu finalmente detectar, já no final do dia 5 de Março de 2018 e depois de cumprir a visita a Catia Mar, La Guaira e Galipan, verifiquei o seu alívio…

Andou meio tonto a procurar o convidado de Angola, passou por mim várias vezes, mas sempre pensou que eu era russo, jamais um africano…

Havia interpelado os quenianos, o sul-africano, o companheiro da Guiné-Conacry, até o convidado líbio… onde estava o convidado de Angola?... Parecia mesmo um fantasma de perdidas fronteiras…

Só depois de várias passagens por mim pôde render-se às evidências, abordar-me e desfazer o “tremendo” equívoco.

São assim as “aves raras” e ao longo da minha vida tive a sorte de anedotas desse género, as boas e as perversas, virem ter comigo, sem as encomendar, por vezes da maneira mais absurda!

Como para animar meu jovem companheiro, lá fui indicando para ele não mais me perder: meu quarto está na “calle 13” (13º andar do hotel)…

Sem mancha de equívoco fica todavia a minha amizade e compreensão para com o meu jovem acompanhante, bem como a minha profunda gratidão, solidariedade e o meu imenso respeito para com a Revolução consubstanciada na Venezuela Bolivariana!

Martinho Júnior - Luanda, 13 de Março de 2018

*Imagens do Aeroporto Internacional Simon Bolivar, em Maiquetia, Estado de Vargas, República Bolivariana da Venezuela.

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