(ALERTA A TODOS OS PROGRESSISTAS
DA AMÉRICA)
“Julgamos propícia esta ocasião
para afirmar, como um princípio que afeta os direitos e interesses dos Estados
Unidos, que os continentes americanos, em virtude da condição livre e
independente que adquiriram e conservam, não podem mais ser considerados, no
futuro, como suscetíveis de colonização por nenhuma potência europeia”…
Mensagem ao Congresso de 2 de dezembro de 1823, do Presidente James Monroe.
Martinho Júnior | Luanda
1- A aristocracia financeira
mundial transatlântica e com praça-forte nos Estados Unidos, onde chegaram
instalando as casas bancárias anglo-saxónicas precisamente no período
imediatamente anterior à descolonização do continente americano, não larga mão
da doutrina Monroe, adaptando-a em pleno século XXI às projecções potenciadas
pela via do imperialismo de pendor hegemónico e unipolar para todo o continente
americano.
Essa via expansionista é imposta
sobre as resistências que surgirem e sobre aqueles que, fugindo ao controlo do
poder dominante, procuram vias alternativas para a assunção de facto das independências
e das soberanias que de há 200 anos a esta parte se tornaram face à nova
submissão durante décadas e décadas, artifícios multicoloridos de bizarras
bandeiras.
No essencial a doutrina Monroe
está sempre presente, qualquer que seja a administração de turno nos Estados
Unidos e se os Democratas conforme Barack Hussein Obama, recorreram aos “filósofos
de casa” como Milton Friedman, Gene Sharp, Leo Strauss, ou Francis
Fukuyama para reorientar o seu subtil exercício de manipulação “transversal” para
com o mundo e a América, os Republicanos que aplicam à letra e a “martelo” um
ultra protecionismo eminentemente fundamentalista e anglo-saxónico, recorrem às
oligarquias agenciadas a fim de, dum modo brutal e sem equívocos, vocacionar os
caminhos das ingerências e manipulações (“As veias abertas da América Latina”,
relembrando Eduardo Galeano).
Desse modo num golpe duradouro e
persistente para todos os países da América continua perfidamente a doutrina
Monroe, recorrendo a todos os meios e insídias para pulverizar qualquer
veleidade progressista e moldar os estados reduzindo-os à vassalagem ultra
conservadora protagonizada pelas oligarquias agenciadas e afins.
2- Neste ano de 2018 os
progressistas americanos, com estados como Cuba, a Venezuela Bolivariana,
Bolívia e Nicarágua na charneira da vanguarda da resistência ao domínio
anglo-saxónico imposto sobre eles pelo império da hegemonia unipolar, alimentam
espectativas favoráveis em relação às 6 eleições que se perfilam no continente,
face à brutalidade das ingerências e manipulações que medram sob “novo” impulso,
protagonizado pelo “cenário” e “representação” das
oligarquias agenciadas e em“terceira bandeira” (social-democrata ou
neoliberal).
A grande batalha está a ocorrer
por dentro das sociedades latino-americanas e caribenhas, alvos dilectos e
ardilosos da continuidade e persistência da doutrina Monroe, ainda que as “ementas” possam
ter intensidades distintas e geometrias variáveis na tradução dos propósitos do
império da hegemonia unipolar, também em função do carácter e do “peso
específico” de cada oligarquia “nacional” agenciada e seu papel
útil como factor e elemento “representativo” e ao mesmo tempo “emparceirado”!
Os processos eleitorais mais
sensíveis ocorrerão na Venezuela, na Colômbia, no México e no Brasil, dando
seguimento às batalhas socio-políticas em curso.
Nos casos do México e do Brasil,
crescem as tendências para polarizações capazes de se tornarem pré-avisos até
de “guerra civil”!
Em todos os casos os
progressistas “na transversalidade” batem-se pela extensão da
democracia, tornando-a mais participativa e popular, pressionando as barricadas
da “representatividade” tão favorável à “petrificação” das
oligarquias agenciadas e aplicando medidas mais abrangentes e socializadoras da
redistribuição da riqueza, fazendo cair as máscaras disseminadas pelos impactos
do capitalismo neoliberal e da social-democracia que se nutre da arte e engenho
dum embuste cada vez mais conservador, ou mesmo ultraconservador, fascistoide!
A natureza do voto está em
ruptura por toda a América: ao invés da plataforma “democrática representativa” decadente,
os progressistas procuram alcançar a sustentabilidade necessária do voto em
plataformas da democracia aberta à participação popular, capazes de reflectir
um diálogo constante em busca de consensos entre os povos, a sociedade e o
estado, ao mesmo tempo que, animados da lógica com sentido de vida, procuram
mobilizar equilíbrios civilizacionais geradores de respeito para com o
ambiente, para com a natureza, para com a Mãe Terra.
3- A brutalidade da administração
Trump em relação à América está exposta nas suas “origens”, em função e
desde o seu recurso à doutrina Monroe, que nem as “cortinas de fumo” do
século XXI, os “media de referência”, podem mais escamotar.
A densidade da barbárie cresceu,
porque do fermento de dois séculos de doutrina Monroe, as artificialidades são
ainda mais adensados processos multiculturais subordinados à “original” cultura
anglo-saxónicas ou indexados a ela, disseminando os tentáculos formatadores à
disposição do polvo imperador quer por via de “soft power”, quer por via
mais “musculada”, em qualquer dos casos capaz de lançar todo o tipo de
tintas, alienatórias tintas, como cobertura ao seu movimento oblíquo, à sua
insidiosa manobra e aos seus vorazes interesses…
…Há estados como a Flórida ou o
Texas, que se foram especializando no “métier”!
O Comando Sul tem pulso livre
para, quer por via da tradução militar tentacular, quer por via da inteligência
e de expedientes“civis”, fomentar as articulações continentais, regionais e
nacionais, jogando com elas para empertigar o domínio e mobilizar contra as
resistências legítima e cada vez mais constitucionalmente enquistadas nos
processos de independência, soberania e solidariamente identificadas com as
aspirações dos povos.
Depois dos períodos eleitorais,
os seguidores “sulfurosos” da doutrina Monroe, persistirão em jogar
com os factores institucionais continentais (como “tradicionalmente” acontece
com a Organização de Estados Americanos, ou mesmo grupos “informais” como
o de Lima), em jogar com os ganhos obtidos em plataformas incontornáveis, como
por exemplo são os correntes processos do Brasil e do México, de forma a
pressionar e tentar isolar, ou mesmo neutralizar, as vanguardas populares mais
expressivas e seus processos socialistas de luta, quer nos próprios países,
quer em particular os bastiões progressistas constituídos histórica e
revolucionariamente em Cuba e na Venezuela.
As fronteiras entre a barbárie de
séculos e a dignidade progressista, passa pelas “transversais” de
todos os estados e nações da América; a consciência dos povos é
dissotestemunho.
Muitos exemplos contemporâneos
têm sido dados, no Paraguai, nas Honduras, no Brasil, onde uma atmosfera de
golpe contínuo pode desembocar numa nova ditadura militar de natureza
fascistoide!
Nessa pista há alertas que se
devem ser antecipados, pois tendo em conta as potencialidades das alienações
existentes quer no Brasil, quer no México, a contracção democrática pode-se
realizar abrindo espaço a ditaduras militares, que por seu turno se podem
aplicar a fundo em agressões internas e externas persistentes contra os
sectores sociais e políticos contraditórios e até contra estados progressistas
tornados seus pré-anunciados alvos.
A aristocracia financeira
mundial, recorrendo à doutrina Monroe, recorre também à dialética mais
contundente para com seus mais contraditórios inimigos de classe, ainda que
eles recorram às barricadas e trincheiras populares.
O domínio avassalador do império
da hegemonia unipolar exerce-se assim e desde logo em direcção à superestrutura
do poder dos estados tornados vassalos, introduzindo-se ao mesmo tempo no miolo
dos instrumentos do poder dos estados tomados ou em vias de tomar até ao miolo
e por isso é injectável a tão “necessária” quão “oportuna” dose
de fascismo, de que desde a sua nascença em princípios do século XIX, se nutrem
os seguidores inveterados da doutrina Monroe (relembre-se a Operação Condor)…
Quem como o império da hegemonia
unipolar, ao serviço duma poderosa aristocracia financeira mundial, tem poder
para arregimentar as oligarquias americanas, formatando e moldando os processos
democráticos e o carácter do poder por toda a América, pode também gerar poder para,
em última análise, provocar intervenções de inteligência e militares de seus
vassalos, procurando a todo o transe pôr obstáculos, minar, ou neutralizar os
esforços progressistas na América.
Um Brasil fascistoide, tomado por
uma ditadura militar parida pela extensão do golpe persistente que se está a
avolumar, pode vir a assumir uma agressão contra a Venezuela Socialista e
Bolivariana, em especial se o estímulo do polvo-imperador assim o determinar:
nada melhor que uma guerra para consolidar dentro do Brasil o poder das
multinacionais ávidas das riquezas naturais brasileiras que já estão à sua
disposição, na Amazónia verde, na Amazónia azul e nos aquíferos subterrâneos
mais férteis da América do Sul.
O império da hegemonia unipolar
pretende a todo o custo continuar com a barbárie que advém do elemento-chave
que deu força ao seu próprio expansionismo, reeditando nos moldes possíveis do
século XXI, a doutrina Monroe… vassalos, súbditos e mercenários fascistoides
não faltam e por isso o poder do império pode-os mobilizar e “insuflá-los” para
se tornarem “carne-para-canhão” nos futuros campos-de-batalha, ainda
que persistem simltaneamente os processos de desestabilização “transversais”!
Países como Cuba, a Venezuela, a
Bolívia ou a Nicarágua, devem-se preparar antecipadamente para uma
eventualidade do género que se vai avolumando nas nuvens que o polvo-imperador
vai carregando de tinta nos horizontes próximos, por que em guerra contínua desde
os tempos do parto da doutrina Monroe, a meio-extenuada hegemonia unipolar teve
recursos para desvirtuar os BRICS e, dada a sua natureza, pode muito bem
injectar recursos para a mobilização de mercenários uniformizados e preparados
para a guerra, com doutrina, filosofia, ideologia e poder para adensar os
expedientes contra todos os progressistas da América!...
Martinho Júnior - Luanda, 9 de
Abril de 2018
Imagens:
Continua vigente a doutrina
Monroe;
A “VIII CUMBRE DE LAS
AMERICAS” está sob controlo do império da hegemonia unipolar;
O “tio Sam” trata a
América como seu feudo;
A ALBA é uma das trincheiras dos
progressistas da América;
A CELAC, é outra trincheira
progressista, prova da resistência latino-americana face à manipulação
anglo-saxónica imposta desde o império da aristocracia financeira mundial.
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